Esgoto de Fortaleza tem baixa concentração de coronavírus, aponta estudo

Capital cearense apresenta baixas taxas de concentração viral em comparação a outras grandes cidades brasileiras; levantamento foi realizado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)

00:42 | Nov. 25, 2021

Por: O Povo
índices de concentração viral na rede de esgoto de Fortaleza são considerados dentro da normalidade (foto: Thais Mesquita)

Fortaleza está entre as capitais brasileiras com menor carga do novo coronavírus na rede de esgoto. É o que aponta novo Boletim de Acompanhamento divulgado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) nesta quarta-feira, 24, a partir de dados colhidos até 13 de novembro. Além da capital cearense, o levantamento aponta baixos níveis de concentração viral nos sistemas de saneamento básico de Belo Horizonte, Curitiba e Recife. Na outra ponta, Brasília e Rio de Janeiro mantêm elevadas taxas.

Conforme os dados da Rede Monitoramento Covid Esgotos, entre as semanas epidemiológicas 42 (de 17 a 23 de outubro) e 45 (7 a 13 de novembro), a carga do novo coronavírus  no esgoto de Fortaleza teve leve aumento, mas ainda assim, os níveis são considerados baixos. Especificamente na semana 45, a capital cearense registrou a segunda maior carga viral da série histórica, iniciada em julho deste ano: 18,98 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes. Até então, a maior taxa havia sido observada na semana 23 (6 a 12 de junho), quando foram verificadas 33,99 bilhões de cópias.

Em Belo Horizonte, o último levantamento apontou variação entre 11,2 e 22,4 bilhões de cópias por dia. Já na capital pernambucana, que também registrou baixas cargas virais, os índices oscilaram entre zero e 3,4 bilhões de cópias a cada 24 horas.

Em Brasília, os índices acendem alerta nas companhias de saneamento. Conforme o estudo, na análise entre os dias 7 e 13 de novembro, a carga chegou a 137,9 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes, interrompendo a tendência de queda registrada nas semanas anteriores.

No Rio de Janeiro, os dados também preocupam. A cidade registrou variações entre 82,03 e 293,81 bilhões de cópias nas duas semanas analisadas. Apesar disso, os dados das quatro semanas  anteriores monitoradas apontam tendência geral de redução da carga viral em alguns pontos do município.

Sobre o monitoramento

A Rede Monitoramento Covid Esgotos acompanha as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. O trabalho, considerado uma das maiores iniciativas brasileiras de monitoramento da Covid-19 no esgoto, busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia.

A intenção dos pesquisadores é que os resultados mensurados nos levantamentos possam auxiliar as autoridades locais de saúde na tomada de decisões relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da Covid-19. Os dados também podem fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada.

Com os estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos.

A Rede é coordenada pela ANA e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em ETEs Sustentáveis. A iniciativa conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e tem a colaboração de pesquisadores das seguintes instituições de ensino: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A Rede também recebe apoio de companhias de saneamento locais e das secretarias estaduais de Saúde.

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