Prevenção ao suicídio: apoio e diálogo são necessários após mensagens a estudantes

Situação deve ser discutida pela escola e pelos pais de forma segura e empática com os sentimentos dos mais jovens

22:03 | Nov. 19, 2021

Por: Alexia Vieira
Pais devem procurar ajuda caso não se sintam aptos a falar sobre prevenção ao suicídio com os filhos (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Muitos pais demonstraram preocupação após o compartilhamento massivo de posts de redes sociais que convocavam alunos de três escolas particulares de Fortaleza. As postagens com teor de indução ao suicídio foram denunciadas, e a Polícia Civil do Ceará já identificou os responsáveis pelas mensagens. Depois do caso, especialistas recomendam que diálogos sobre prevenção ao suicídio sejam estabelecidos nas escolas e nas residências dos alunos.

“Essa ação é considerada um comportamento de alto risco. Porque a gente não sabe o que motivou as pessoas por trás daquelas imagens a fazerem aquilo”, explica a psicóloga Fabiana Vasconcelos, membro do instituto Dimicuida. Mesmo sem saber da real motivação, a também psicóloga Sara Lavor Fernandes acredita que “quem produziu de alguma forma sinaliza, pra gente que lê, que essa pessoa precisa de cuidado”.

Em uma das postagens, logo abaixo da mensagem com o conteúdo denunciado, o usuário listava provas, questões e redações que precisava realizar nos próximos dias, incluindo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Sara Lavor lembra da pressão colocada em professores e alunos nesta época do ano, que envolve cobrança por resultados e produtividade.

Devido a isso, a psicóloga defende que as escolas não “deixem isso passar de qualquer forma”. Espaços de discussão que legitimem os sentimentos e forneçam uma escuta especializada para os alunos e profissionais da educação são necessários. Para Sara, temas como a prevenção ao suicídio e saúde mental também devem ser trabalhados durante todo o ano, “e não se esperar que um momento como esse aconteça”, opina.

Práticas seguras na internet

Ensinar jovens e adultos a usar a internet de forma responsável, para Fabiana, é fundamental. É preciso que adolescentes e crianças entendam a dimensão que uma ação online pode tomar, mesmo que tenha um tom jocoso.

“Quando se fala disso [suicídio] no campo digital, é porque essa conversa já está existindo no campo presencial. A internet só faz um anúncio público e vasto de uma informação. Antes eu conseguia disseminar uma informação para um grupo de 15 pessoas, do meu convívio físico, hoje em dia consigo disseminar isso de uma forma avassaladora”, explica.

Para os adultos, discernir como lidar com uma informação que causa pânico também é essencial, segundo a psicóloga. “Quando nós recebemos a informação, a gente não verifica a informação e não para pra pensar se ela deve ser propagada. Se eu recebo uma mensagem que me causa certo pânico, meu primeiro movimento é repassar a mensagem para outra pessoa. Com isso, estou repassando o pânico.”

A profissional orienta que casos como esse, que envolvem mensagens que causam comoção e afetam a saúde mental dos pais e adolescentes, os adultos devem lidar com o assunto sem repassar a informação, entrando primeiro em contato com instituições do meio físico, como a escola, o Ministério Público e a Polícia. Denunciar as imagens nas redes sociais também é uma alternativa. Fazendo isso, Fabiana explica que a imagem deve chegar a menos pessoas e causar menos danos potenciais.

O colégio Christus, por meio de uma nota enviada aos pais e à imprensa, afirmou que investiga a situação e tem disponível "17 profissionais experientes espalhados entre as sedes", entre eles psicólogas, para conversar com pais, alunos e profissionais sobre o assunto. O Colégio Ari de Sá e Farias Brito foram procurados pela reportagem, mas não responderam até a publicação desta matéria.

Pais também precisam de apoio emocional

Para que o assunto da prevenção so suicídio seja desenvolvido dentro do núcleo familiar, é preciso que os pais ou responsáveis pelos alunos tenham instrumentos que possam facilitar o diálogo. A psicóloga Sara Lavor explica que é comum pessoas em posição de cuidadoras se sentirem “devastadas” ao ouvir sobre ideações suicidas de filhos. Por isso, ela orienta que os adultos busquem se fortalecer psicologicamente antes de iniciar essas conversas.

“Se é um assunto sensível que você não consegue abordar, não tenha receio de procurar ajuda”, orienta também Fabiana Vasconcelos. Escolas, psicólogas ou outras pessoas que possam aconselhar a melhor forma de tratar o assunto devem ser buscadas.

Para ajudar a abordar o tema da saúde mental

Baralho terapêutico do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio - o jogo contém cartas de baralho com perguntas que podem facilitar as conversas sobre depressão, bullying, comportamento suicida, entre outras situações de sofrimento emocional. Pode ser utilizado por pais e educadores. Confira clicando aqui.

Cartilha sobre prevenção ao suicídio na internet - o documento voltado para os adolescentes traz informações sobre como identificar sinais e comportamentos de risco, como procurar ajuda e como auxiliar outras pessoas que estão em situação de sofrimento. Confira clicando aqui. Também existe uma versão para pais e educadores.

Pode Falar - site criado para facilitar a disseminação de informações seguras, contatos de instituições que fazem atendimento psicológico e depoimentos de adolescentes que superaram situações difíceis de saúde mental. É voltado para o público de 13 a 24 anos. Confira clicando aqui.

Guia para Pais do Instagram - manual didático da organização Safernet sobre como acompanhar a vida online de crianças e adolescentes na rede social Instagram de forma segura e saudável. Confira aqui.

Confira iniciativas de psicoterapias gratuitas

>> Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo telefone 188

>> Instituto Bia Dote pelo Instagram (@institutobiadote) ou pelos telefones (85) 3264 2992 e (85) 99842 0403

>> Psicólogos Voluntários do Ceará: Agendamentos pelo Instagram (@psicólogosvoluntariosceara) ou pelo e-mail (psicologosvoluntariosceara@gmail.com).

>> Escuta Terapêutica do Projeto Carmens: Agendamentos pelo Instagram (@carmens_comunidade) ou pelo e-mail (carmenscomunidade@gmail.com).

>> Conexão Afetiva

Público Alvo: profissionais e colaboradores da área da Saúde, profissionais de segurança, pacientes com Covid e familiares de pacientes com Covid.

Agendamentos pelo Instagram (@plantaopsi_) ou pelo site (Plantão Psicológico Online).

>> Plantão Coronavírus

Iniciativa do Governo do Ceará. É possível ser atendido pelo WhatsApp (85 98439-0647) ou pelo telefone (0800 275 1475)

>> Centro de Atenção Psicossocial (Caps)

É possível ainda receber atendimento psicológico gratuito por meio dos Caps, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Veja lista de endereços e contatos em Fortaleza:

Regional I

CAPS GERAL

- Centro de Atenção Psicossocial Nise da Silveira – Rua Soares Balcão, 1494- São Gerardo. Telefones: 3105.1119 / 3452.1960

CAPS AD

- Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Dr. Airton Monte – 24hs
Av. Monsenhor Hélio Campos, 138 – Cristo Redentor (Dentro do CSU e UAPS Virgílio Távora). Telefones: 3433.9513

Regional II

CAPS GERAL

- Caps Geral Dr. Nilson de Moura Fé 24hs – Rua Pinto Madeira, 1550 – Aldeota. Telefones: 3105.2632 / 3105.2638

CAPS AD
– Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas – Dr. José Glauco Bezerra Lobo. Rua Giselda Cysne, s/n

– Cidade 2000 (próximo ao Posto de Saúde Rigoberto Romero)

– Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas – Centro – Rua Dona Leopoldina, 08 – Telefone: 3223-63-88

CAPS INFANTIL
– Dr. Marcus Vinicius Ponte de Sousa Infanto Juvenil – Rua Giselda Cysne, 87 – Cidade 2000- próximo ao Posto de Saúde Rigoberto Romero. Telefone: 3249-50-03

Regional III

CAPS GERAL
- Centro de Atenção Psicossocial Prof. Gerardo da Frota Pinto - Rua Francisco Pedro, 1269 – Rodolfo Teófilo. Telefones: 3433.2568 / 3105.3451

CAPS AD
– Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Caps AD – Rua Frei Marcelino, 1191– Rodolfo Teófilo. Tele3105.3420 / 3105.3722

Regional IV

CAPS GERAL
– Centro de Atenção Psicossocial – Av. Borges de Melo, 201 – Jardim América. Telefones: 3131.1690 / 3494.2765

CAPS AD
– Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Alto da Coruja - Rua Betel, 1826, Itaperi. Telefones: 3493.5538

Regional V

CAPS GERAL
- Centro de Atenção Psicossocial Bom Jardim Caps II -Rua Bom Jesus, 940 – Bom Jardim. Telefones: 3245.7956 / 3105.2030

CAPS AD
- Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas -Rua Antônio Nery S/N-Granja Portugal – Telefones: 3105.1023 / 3488.5717

Regional VI

CAPS GERAL
– Centro de Atenção Psicossocial – Rua Carlota Rodrigues, 81 – Messejana. Telefones: 3488.3312 / 3276.2051

CAPS AD
– Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas – Casa Da Liberdade – Rua Salvador Correia de Sá, 1296- Sapiranga. Telefones: 3273.5226 / 3278.7008

CAPS INFANTIL
– Centro de Atenção Psicossocial Infantil Maria Ileuda Verçosa – Capsi – Rua Virgilio Paes, 2.500- Cidade dos Funcionários. Telefones: 3105.1510 / 3105.1326