Moradores fazem fila para receber 1L de sopa no bairro Vicente Pinzón
Com alta nos preços de alimentos, famílias passam a não saber se terão como se alimentar todos os dias. Sopão doado por associação comunitária é ajuda necessáriaPouco antes das 18 horas deste sábado, 6, Verônica Rocha Lima, 58, era uma das mulheres que esperava em fila para receber o sopão distribuído pela União dos Jovens do Vicente Pinzón (UJVP). Na rua estreita em que a associação funciona, várias pessoas passavam com vasilhas ou panelas para levar um litro da sopa para casa.
Assim como Verônica, muitas das pessoas que aguardavam o alimento estão em situação de insegurança alimentar e não sabem se será possível ter o que comer todos os dias. “Tá bem com um mês que venho buscar alimento aqui. Isso já é uma ajuda. As coisas tão todas caras, às vezes tem comida e às vezes não tem”, relata.
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De acordo com o vice-presidente da UJVP, Márcio Lima, a sopa chega a alimentar cerca de 300 pessoas na comunidade. Aos sábados, voluntários da associação começam às 9 horas a cozinhar as doações de alimentos para servir o jantar no horário combinado com as famílias da comunidade.
“O mercado de trabalho não aqueceu pras pessoas terem uma oportunidade, tem muitas pessoas em situação de desemprego”, diz Márcio. “A gente que nasceu e cresceu aqui na comunidade vê que é uma ajuda muito bem-vinda. Essa comunidade é muito esquecida. Poucas associações fazem esse trabalho. Muita gente fica sem acesso ao alimento”, afirma Carla Santos, 33, também voluntária da associação.
Segundo Carla, as condições de vida das pessoas da comunidade, que já eram ruins antes da pandemia, ficaram piores a partir de março de 2020. “Porque aqui mora mais idoso e criança, pessoas de risco que na pandemia ficaram mais vulneráveis”.
Os idosos, conforme relata Márcio, por mais que sejam aposentados acabam sem conseguir arcar com todas as despesas de um domicílio que, muitas vezes, tem apenas essa renda como certa. O dinheiro vai embora com a compra de medicamentos, contas de água, luz, aluguel e não dá conta de pagar a alimentação de filhos e netos.
A associação ainda mantém a doação frequente de cestas básicas para 28 famílias que estão em situação de extrema insegurança alimentar. “Quando chega uma família dizendo que não tem o que comer, a assistente social faz um relatório e coloca num banco de dados para que elas tenham prioridade para receber as cestas básicas”, explica Márcio.
As doações bateram recorde em 2020, durante a primeira onda da pandemia, o que possibilitou o aumento da ajuda para essas pessoas. No entanto, na segunda metade de 2021, os alimentos doados estão mais escassos, e nem sempre todos que precisam podem ser ajudados.
Quando não conseguem alimentos, Márcio diz que as famílias vão para a beira da praia. “Elas pegam peixe que sai da rede dos pescadores, catam as sobras dos próprios moradores da periferia mesmo e ficam pedindo a um e outro.”
“Meu marido ficou desempregado durante a pandemia. Eu moro de aluguel, pago energia, tenho uma filha de 4 anos. Quando não tem alimento, a sopa é uma ajuda muito boa”, relata Deisiane Freitas dos Santos, 27. O auxílio emergencial, para Deisiane, foi o que melhorou a situação financeira da casa. Com o fim do benefício, a incerteza só aumenta. “Eu tô angustiada demais”, conta.
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