Mercado dos Peixes: princípio de tumulto é registrado em nova manifestação
Policiais do Choque e da Cavalaria foram acionados para conter manifestação contra empresa que administra equipamento; permissionários reclamam de cobranças excessivasPermissionários do Mercado dos Peixes de Fortaleza voltaram a se manifestar nesta terça-feira, 2, contra a concessionária responsável pela administração do equipamento, a empresa Parkfor Soluções e Serviços. A categoria pede o fim da cobrança de estacionamento para os trabalhadores do local e rejeita uma proposta de reajuste no valor da tarifa de manutenção, que segundo os manifestantes seria elevada de R$ 100 para R$ 1.500 mensais. No protesto, o grupo retirou blocos de concreto das laterais do estacionamento e permitiu que frequentadores deixassem o local sem pagar a taxa referente ao serviço.
Após cerca de uma hora de manifestação, a administradora do Mercado acionou a Polícia Militar do Ceará (PM-CE), que enviou agentes da Cavalaria e do Policiamento de Choque para acompanhar o movimento. Houve princípio de tumulto quando um dos sócios da empresa chegou ao local. “Ele confrontou todo mundo e colocou o carro para cima de um sobrinho de um permissionário, o que quase resultou num atropelamento”, afirma o presidente da associação que representa a categoria, Rogerbert Lima Alves, 52. Depois da confusão, os manifestantes prestaram um Boletim de Ocorrência contra o representante da empresa.
O protesto foi encerrado após uma negociação entre os policiais e a assessoria jurídica da associação. Ao O POVO, o advogado que representa a entidade, João Henrique Antero, disse que a categoria “aceitou dar uma trégua” no movimento até esta quarta-feira, 3, quando deve ocorrer uma reunião entre representantes da classe e a Prefeitura. “A gente já estava procurando diálogo com a gestão há muito tempo e não conseguia. Agora, depois dessa repercussão toda, felizmente eles nos chamaram para uma conversa. Esse encontro vai ser muito importante porque eles precisam saber o que os permissionários estão passando, o que a empresa está fazendo e quais condições estão sendo colocadas”, pontuou Antero.
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Antes da manifestação desta terça-feira, os permissionários já haviam realizado protestos nos dias 23, 24 e 30 de outubro. Os atos começaram após a concessionária exigir que a categoria pague pelo uso do estacionamento do Mercado. O serviço custa R$ 6,00 na primeira hora e R$ 1,50 por hora adicional. Segundo a categoria, a empresa teria imposto a cobrança como forma de retaliação à resistência dos trabalhadores em aderir às possíveis mudanças nas regras de ocupação dos boxes.
Antes do Mercado ser concedido à iniciativa privada, em junho de 2020, os permissionários tinham gasto médio de R$ 169 para garantir direito ao uso dos espaços de vendas. Eles desembolsavam mensalmente cerca de R$ 100 para o pagamento da tarifa de manutenção e R$ 69 referente à taxa de permissão, ambas recolhidas pela associação que representa a categoria, até então responsável por administrar o equipamento. Segundo Rogerbert Lima, a concessionária propôs elevar o valor da taxa a R$ 1.500 para os boxes de mercadoria e a R$ 3.000 para os boxes de fritura. Em contato com o O POVO, a assessoria jurídica da empresa afirmou que não comenta valores relacionados a uma negociação ainda não concluída.
Procurada pela reportagem, a PM-CE afirmou que a manifestação dos permissionários resultou em “um princípio de desordem”, que foi controlado pela atuação do policiamento local em conjunto com uma equipe do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) e com o apoio de viatura do Coordenador de Policiamento da Capital. Durante a ocorrência, não houve feridos ou relatos de danos materiais.
O que diz a concessionária
Em nota enviada ao O POVO horas após a manifestação, a empresa Parkfor diz que o ato desta terça-feira foi marcado por “truculência, depredação e ameaças” a um dos sócios da concessionária. “Esses atos de injustificada violência serão submetidos aos órgãos competentes. Inclusive há imagens que comprovam a depredação e mostram a ação violenta realizada para com o integrante da concessionária, portanto, toda e qualquer ilegalidade será informada às instituições responsáveis pela apuração”, afirma o comunicado.
Segundo a administradora, o movimento é comandado por “minoria de ocupantes [permissionários], que vem causando prejuízos a todos aqueles que sobrevivem do comércio local, bem como à população de Fortaleza e aos turistas''. A empresa ressalta que tem como característica principal o diálogo, mas não hesitará em levar aos órgãos competentes o que classifica como “intimidações”.
Veja a nota na íntegra:
Lamentavelmente, na tarde de hoje (02.11) pessoas que se dizem representantes dos comerciantes do Mercado dos Peixes, mas que na verdade fazem parte de uma minoria, voltaram a usar de truculência, depredando patrimônio e fazendo ameaças verbais e físicas a um integrante da concessionária que administra o Mercado, quando este tentava de forma pacífica e com a devida autoridade que lhe cabe, garantir o funcionamento do estacionamento local e o livre acesso da população, o que vem sendo impedido sistematicamente por essa minoria de ocupantes.
Depredar patrimônio público, fazer ameaças à integridade física de integrantes da concessionária, funcionários e prejudicar clientes são ações que não serão admitidas. Esses atos de injustificada violência serão submetidos aos órgãos competentes. Inclusive há imagens que comprovam a depredação e mostram a ação violenta realizada para com o integrante da concessionária, portanto, toda e qualquer ilegalidade será informada às instituições responsáveis para apuração.
A questão é que, inconformada com a legitimidade da concessionária como administradora do Mercado, essa minoria de ocupantes vem causando prejuízos a todos aqueles que sobrevivem do comércio local, bem como à população de Fortaleza e aos turistas. Ressalte-se que a concessionária tem como premissa e característica o diálogo, e assim permanecerá, mas toda e qualquer intimidação será objeto das devidas apurações pelos órgãos competentes.