Restaurante Popular de Fortaleza segue fechado; entrega de marmitas continua em outros pontos

Mesmo com flexibilização para retomada das atividades presenciais, Restaurante Popular se mantém de portas fechadas enquanto pandemia agrava insegurança alimentar das famílias

12:00 | Out. 30, 2021

Por: Luciano Cesário
Fechado desde março de 2020, Restaurante Popular de Fortaleza atendia mais de 1,6 mil pessoas por dia (foto: O POVO)

Em meio ao aumento do número de pessoas em situação de insegurança alimentar – problema agravado pela pandemia de Covid-19, o Restaurante Popular de Fortaleza (RP), localizado no bairro Parangaba, continua com as portas fechadas. Desativado desde março de 2020, após o início da crise sanitária mundial, o equipamento atendia aproximadamente 1,6 mil pessoas por dia. Depois da suspensão, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) passou a distribuir marmitas para o público cadastrado em diferentes locais da cidade com o objetivo de evitar aglomerações.

Antes da pandemia, o RP era ponto de concentração diário de centenas de fortalezenses em condições de vulnerabilidade social. A fila pelo almoço, do lado de fora do restaurante, começava a se formar, muitas vezes, antes do nascer do sol. Com refeição completa fornecida a um preço simbólico de R$ 1,00, o local se tornava a única opção de alimentação minimamente digna para quem vivia na faixa da extrema pobreza. Hoje, como consequência da pandemia, a luta contra a fome faz parte da rotina de muitas dessas pessoas.

Mesmo no início do isolamento social, em abril do ano passado, os moradores que dependiam da alimentação do RP não deixaram de frequentar o local. Para evitar o contágio pelo coronavírus, a SDHDS, então, trocou o fornecimento das marmitas – que acontecia no Ginásio da Parangaba – pela distribuição de cestas básicas nas residências dos usuários. A iniciativa, no entanto, não teve sequência nos meses seguintes.

Um ano depois, em abril último, a pasta retomou a entrega de quentinhas após constante procura da população pelo serviço. Em meio à segunda onda da pandemia, foram montados diferentes pontos de distribuição nos bairros Bom Jardim, Centro, Messejana, Mondubim e Parangaba para afastar o risco de transmissão da Covid-19. De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, hoje, 1.000 quentinhas e 700 sopas são entregues todos os dias nas três unidades de Higiene Cidadã, localizadas nos bairros Centro e Parangaba, no Refeitório Social e nas duas pousadas sociais, localizadas no Centro de Fortaleza.

O POVO procurou a SDHDS para saber se há previsão de reabertura do Restaurante Popular e como a pasta vem amparando o público de usuários que dependia das refeições fornecidas pelo equipamento, mas não recebeu resposta até o fechamento desta matéria. Na noite deste sábado, 30, a Prefeitura informou que ainda não há previsão de um novo restaurante no orçamento de 2022.

Interior

Em Juazeiro do Norte, Sobral e Crato, as três maiores cidades do interior cearense, os Restaurantes Populares também foram fechados em 2020 por conta da pandemia. Por enquanto, apenas no município da região Norte o serviço permanece desativado. Antes da crise sanitária, o local fornecia cerca de 1.100 refeições por dia, incluindo café da manhã.

Ao O POVO, a Prefeitura de Sobral justificou que o prédio foi desativado para dar lugar à Escola Municipal de Gastronomia Social, que deve entrar em funcionamento no primeiro trimestre de 2022. Até lá, segundo a gestão, o município seguirá desenvolvendo outras políticas públicas de segurança alimentar e social, a exemplo do Cartão Sobral, um programa de transferência de renda, que atende a 538 famílias e do serviço de acolhimento do Centro POP, que fornece alimentação diariamente para pessoas em situação de rua.

Em Juazeiro do Norte, na região do Cariri, embora o Restaurante Popular da cidade ainda não tenha sido reaberto, a Prefeitura reativou em abril deste ano quatro Cozinhas Comunitárias. O serviço distribui marmitas gratuitamente a famílias cadastradas nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras). Localizadas em bairros onde há maior número de pessoas em vulnerabilidade social, como João Cabral, Frei Damião, Horto e Vila Nova, cada uma das Cozinhas fornece cerca de 200 refeições diariamente, totalizando 4 mil por semana.

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho (Sedest) do Município informou que o Restaurante Popular será reaberto somente após o prédio passar por reforma de adequação estrutural. Segundo a pasta, a gestão tem empreendido esforços para viabilizar o financiamento da obra, ainda sem previsão de quando será iniciada. Segundo a Secretaria, além do serviço a alimentação distribuída pelas Cozinhas Comunitárias, o município fornece três refeições diárias para a população em situação de rua atendida no Centro POP.

No Crato, o Restaurante Popular reabriu as portas no último dia 18 de outubro, após mais de um ano e sete meses. Durante esse período, o equipamento funcionou sob sistema de retirada no local, para evitar aglomerações. Segundo a Prefeitura, por dia são fornecidas cerca de 600 refeições, cada uma ao custo de R$ 2,00. O serviço está disponível para toda a população do município, mas atende prioritariamente pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica.

Erramos: diferentemente do que foi informado anteriormente, a distribuição de marmitas está sendo realizada pela Prefeitura em pontos diferentes da Cidade.

Atualizada às 21h20min