Suspeito é indiciado por crime de racismo envolvendo delegada em Fortaleza

A profissional de segurança foi impedida de entrar no estabelecimento "por questões de segurança", conforme denúncia. Mais informações sobre a conclusão de inquérito policial serão divulgadas nesta terça

20:48 | Out. 18, 2021

Por: Leonardo Maia
Delegada Ana Paula Barroso, diretora adjunta do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil do Ceará. (foto: JÚLIO CAESAR)

O suspeito do caso envolvendo a delegada Ana Paula Barroso foi indiciado pelo crime de racismo, após conclusão de inquérito policial que investigava as denúncias realizadas pela profissional de segurança. Mais detalhes serão divulgados em coletiva na manhã desta terça-feira, 19, às 10h30min, na sede da Superintendência da Polícia Civil, no Centro de Fortaleza.

No dia 14 de setembro último, a delegada, que é uma mulher negra, foi impedida de entrar em uma das lojas da Zara, no shopping Iguatemi, em Fortaleza. Conforme a profissional, ela foi barrada de entrar no estabelecimento “por questões de segurança”. Ela fazia um passeio no shopping e tinha sacolas de outra loja e um sorvete na mão, quando decidiu entrar na loja. Por isso, a delegada pensou que o problema era o doce que estava comendo, mas foi logo informada de que esse não era o caso.

Ao ter sua entrada impedida, Ana Paula cogitou declarar voz de prisão ao funcionário no mesmo momento, mas seu estado choroso a impediu de fazer o ato. Ela conta que ainda questionou um segurança do shopping sobre o ocorrido e ele acionou o chefe do setor no local, que a reconheceu como delegada.

Neste momento, a vítima adentrou na loja com o chefe da segurança, que indagou o funcionário sobre o que havia acontecido. "Ele foi logo dizendo que não tinha preconceito e que tinha amigos negros, gays e lésbicas", disse a delegada Ana Claudia, que é diretora adjunta do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil do Ceará.

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Seis dias após o episódio, advogados da loja Zara foram até o local de trabalho da delegada para solicitar uma cópia do inquérito do caso e tentar restituir os equipamentos de videomonitoramento apreendidos em mandado de busca e apreensão. “Isso não faz parte da práxis do modus operandi convencional do profissional do direito”, considerou o advogado Leandro Vasques, representante da assessoria jurídica da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Ceará (Adepol-CE).

Diante das denúncias, a Zara negou que um segurança do estabelecimento tenha praticado racismo contra Ana Paula. Ao O POVO, uma representante do estabelecimento afirmou que a permissão foi negada porque a delegada estava sem máscara de proteção contra a Covid-19, já que tomava um sorvete. A Zara disse ainda "que não tolera qualquer tipo de discriminação" e negou que a medida tenha relação com crime de racismo.

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