Setembro é o segundo mês seguido a registrar aumento de homicídios no Ceará
Os 301 assassinatos registrados no mês passado representam um aumento de 19% na comparação com setembro do ano anteriorO último mês de setembro registrou um aumento de 19%, no número de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs), que incluem homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Enquanto em setembro de 2020 foram registrados 253 assassinatos, em setembro passado foram apontados 301 CVLIs. Os números são da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Dessa forma, setembro é o segundo mês seguido de 2021 em que o Estado registra aumento no número de assassinatos na comparação com o mesmo mês do ano passado. Agosto também já havia registrado aumento de 6%, o que interrompeu um período de seis meses consecutivos de diminuição no número de assassinatos. Além disso, o Estado vê no último trimestre uma crescente, mês a mês, no número de homicídios desde julho de 2021. Confira abaixo os números mensais de homicídios no Ceará.
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Entre as regiões do Estado que puxaram para cima os números está a Área Integrada de Segurança 3 (AIS 3), que engloba os bairros da Grande Messejana, Jangurussu e Conjunto Palmeiras. Foram 16 assassinatos registrados, pior resultado entre todas as AISs da Capital. Setembro foi o segundo mês mais violento na AIS 3 neste ano, atrás apenas de agosto.
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No Interior, as AIS 16 e 17 tiveram em setembro os seus recordes de CVLIs registrados no ano: 18 e 20 ocorrências, respectivamente. Na AIS 16 ficam municípios como Crateús, Reriutaba e Monsenhor Tabosa. Na AIS 17 estão Uruburetama, Itapipoca e Jijoca de Jericoacoara, entre outros.
O POVO solicitou à SSPDS entrevista com o secretário Sandro Caron para que ele comentasse os números. A pasta, porém, enviou uma nota, em que destacava, entre outros, que, no acumulado de janeiro a setembro, este ano tem uma redução de 20% na comparação com o mesmo período no ano passando, saindo de 3.055 para 2.444 casos.
A SSPDS também destacou que nesta sexta-feira, 15, o governador Camilo Santana anunciou o investimento de mais de R$ 120 milhões, por ano, para reforço operacional. “Esse valor, que será direcionado já neste mês de outubro para as pastas da segurança pública, permitirá o aumento nos pagamentos de horas extras aos homens e mulheres que atuam nas polícias cearenses, assim como o aumento do número de viaturas nas ruas”.
A pasta também destacou estar em andamento concursos da Perícia Forense, Polícia Civil e Polícia Militar do Ceará, que acrescentaram em mais 2 mil o número de agentes de segurança. E, por fim, citou a execução de operações permanentes, como a Domus, Sumé, Apostos e Redoma.
"Esse trabalho diário com intuito de coibir ações criminosas no Ceará já resultou em quase 25 mil pessoas capturadas, sejam por flagrantes ou por cumprimento de mandados. Também no acumulado do ano, foram apreendidas 4,9 toneladas de drogas. Já quando se trata de armas de fogo, 4.433 foram retiradas de circulação em todo o Ceará".
Para o pesquisador em segurança pública Ricardo Moura, os números consolidam uma percepção de aumento de violência, causada por notícias recentes de homicídios múltiplos, casos de mutilação, de violência contra a mulher, entre outros. Como pano de fundo desse aumento, ele aponta, está a disputa por espaço entre as três facções que atuam no Estado.
“É bem complicado haver uma ação preventiva nesse ponto porque tratam-se de dinâmicas internas de grupos armados. Então, o grau de previsibilidade fica prejudicado”, afirma, acrescentando que a atuação da inteligência pode, em determinados casos, ser usada para identificar essas situações. “A gente vê municípios como Chorozinho que estão reféns dessa violência, com um cenário de homicídios que é incompatível com o tamanho da população”.