Comerciante que atropelou médica em Fortaleza é indiciada

Cardiologista Lúcia Belém morreu no dia 21 de janeiro deste ano, após ser atropelada na rua Coronel Jucá. Advogados da família dela esperam agora que o Ministério Público apresente denúncia criminal contra a motorista

22:24 | Out. 09, 2021

Por: Angélica Feitosa
Família da médica aguarda denúncia criminal (foto: ACERVO PESSOAL)

Após mais de oito meses do atropelamento e morte da médica cardiologista Lúcia de Sousa Belém, 61, a Polícia Civil decidiu indiciar a comerciante Priscila Fernandes Amâncio por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Na conclusão do inquérito, perito criminal entende que o acidente "deveu-se à conduta imprópria por parte da condutora do veículo Evoque", "sem atenção aos devidos cuidados à segurança do trânsito (...) quando as condições de tráfego não lhes eram propícias, não atentando para a aproximação do pedestre", informa na conclusão.

Lúcia Belém foi atropelada e morta na tarde do dia 21 de janeiro deste ano, na rua Coronel Jucá, no bairro Meireles, em Fortaleza. No dia da morte, de acordo com o inquérito policial, a condutora do veículo Range Rover Evoque estava na avenida Dom Luís quando, ao fazer a conversão à esquerda na rua Coronel Jucá, colidiu com uma senhora que atravessava a rua. O relatório diz que, no depoimento, a comerciante desceu do veículo e ligou, de imediato, para o 190, solicitando uma ambulância. Lúcia, ainda segundo o documento, estava desmaiada, perdeu muito sangue e morreu antes da chegada da ambulância.

A Autarquia Municipal de Trânsito de Fortaleza (AMC) esteve no local e submeteu a comerciante ao teste do bafômetro, que deu negativo. Segundo o inquérito, Priscila estava parada no semáforo vermelho e, quando ele abriu, fez a conversão à esquerda e seguiu em baixa velocidade, de 20 quilômetros por hora.

Ainda segundo o relatório da Perícia Forense do Ceará (Pefoce), a médica olhou para os lados antes de atravessar a rua e não estava distraída por aparelho celular; a motorista não tentou frear o veículo, e, após a colisão com a pedestre, os pneus do lado direito do automóvel passaram por cima de Lúcia Belém. O homicídio culposo na direção de veículo automotor é previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro e tem penas de detenção de dois a quatro anos e suspensão ou proibição de se obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Até o último dia 29 de setembro, a investigação policial aberta para apurar o caso segue em aberto. Na época, O POVO publicou matéria com poscionamento da família de Lúcia.

"É difícil, é penoso para a família. É dolorido. A gente está se superando. Somos três agora, eu, minha mãe e meu irmão. A gente tem que ser forte para seguir em frente sem Lúcia. Existe um marco na nossa vida, antes e depois dela. Nós estamos nos reestruturando, para você ter a dimensão que ela tinha na família”, disse, na ocasião, a irmã de Lúcia, Jacinta Belém.

Os advogados da família de Lúcia, Leandro Vasques e Afonso Belarmino informaram neste sábado, 9, por meio de nota, que o esforço apuratório da Autoridade Policial e a conclusão da perícia oficial finalmente possibilitaram o encerramento da fase investigativa, com o indiciamento da condutora do veículo que atropelou de maneira fatal a Dra. Lúcia Belém. "Agora esperamos que o Ministério Público apresente uma denúncia criminal, que inaugurará a fase judicial do processo".