Supostos chefes de facção têm transferência para presídio federal negada após relaxamento de prisão

Airton de Mesquita e Hunderlan Rodrigues de Jesus Silva são considerados chefe de grupo que trava guerra na região da Messejana. Ministro entendeu que os dois haviam sido condenados por "ouvir dizer"

Dois homens apontados como chefes de uma organização criminosa tiveram a prisão relaxada por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 28 de setembro último. O benefício foi concedido enquanto tramitava um pedido de transferência dos dois para presídios de segurança máxima federais.

Airton de Mesquita, o “Airton da Conquista”, de 32 anos; e Hunderlan Rodrigues de Jesus Silva, o “Derlan” ou “Justiceiro”, de 33 anos, são considerados chefes da organização criminosa conhecida como “Massa” ou “Neutros”, surgida ainda neste ano após um racha no Comando Vermelho (CV). É o que aponta o relatório técnico nº 059/2021, da Célula de Inteligência (Ceint), da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que embasou o pedido de transferência feito Ministério Público Estadual (MPCE).

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Com a decisão, os dois tiveram os recambiamentos indeferidos pelo Judiciário. Conforme informou a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado (TJCE), a transferência de Hunderlan foi negada pela 1ª Vara de Execução Penal (VEP) de Fortaleza porque a execução de sua pena foi extinta. E Airton teve alvará de soltura expedido em cumprimento à decisão do STJ.

Os dois tiveram o benefício concedido após o STJ anular um processo no qual haviam sido condenados por homicídio. Os dois eram acusados de matar Fabiano Gonçalves Galdino, em 2008, no bairro Messejana. O crime teria ocorrido após a vítima passar a traficar na comunidade Nova Conquista sem a autorização dois dois, que seriam os chefes de um grupo criminoso que agia no local. Conforme voto do ministro relator Reynaldo Soares da Fonseca, a condenação foi baseada apenas em “ouvir dizer”.

“Não há como se admitir uma condenação pelo Conselho de Sentença, ainda que ratificada em grau de apelação, baseada, apenas, em depoimentos de testemunhas auriculares — ou seja, pessoas que não presenciaram o delito e ouviram dizer por terceiros que os autores do crime de homicídio em apuração seriam os pacientes —, sem a produção de nenhum outro elemento de prova durante o julgamento pelo Tribunal do Júri”.

A Coin descreve os dois como ex-integrantes do CV, que se tornaram “Neutros” ou “Massa” com o racha na facção. Eles ainda teriam "perfil de liderança" em todo o estado do Ceará, apesar da origem e do reduto na região da Grande Messejana. "Detém poderio econômico e bélico, e com grande poder de influência nos demais integrantes da facção criminosa MASSA", afirma o relatório técnico nº 059/2021 sobre Airton da Conquista.

Sobre Hunderlan, o relatório afirma que ele é "braço direito" de Airton. “Ao lado de 'AIRTON DA CONQUISTA', é responsável pela recente 'guerra' entre integrantes do CV e da MASSA na região da Messejana”, diz a Coin.

Procurada nessa segunda-feira, 11, a defesa de Airton e Hunderlan, representada pelo advogado Lucas Brendo, afirmou que não iria se manifestar sobre o relatório da Coin por não ter tido acesso a ele.

Atualizado às 15h45 desta segunda-feira, 11

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