Agentes de endemias voltam a visitar domicílios em Fortaleza nesta terça-feira, 5

Cerca de 80% dos focos de mosquitos transmissores das arboviroses estão dentro dos domicílios da população, diz profissional da área

O trabalho de eliminação dos focos ou possíveis criadouros de ovos do mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus voltou a ser realizado dentro dos domicílios de Fortaleza nesta terça-feira, 5. Os agentes de endemias receberam permissão para visitar as casas dos moradores no dia 28 de setembro, por meio da publicação de uma nota da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

Para visitar os ambientes privados, é necessário que o agente já tenha tomado as duas doses da vacina contra a Covid-19. Ele também deve utilizar máscara de proteção facial obrigatoriamente. Antes de entrar nas residências, é também necessário perguntar se os moradores da casa tiveram algum sintoma gripal. Em caso de resposta afirmativa, a nota recomenda que a visita não seja feita.

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De acordo com Atualpa Soares, gerente da Célula de Vigilância Ambiental e de Riscos Biológicos de Fortaleza, as visitas são fundamentais para o combate dos mosquitos transmissores das arboviroses, como a Dengue, Chikungunya e Zika. “Os dados históricos de Fortaleza e nacionais dizem que cerca de 80% dos criadouros ou focos encontrados estão no intradomicílio, no território que compreende o interior das casas”, explica.

Desde o início de 2020, quando os agentes precisaram mudar a forma de trabalhar devido aos altos índices de transmissão do coronavírus no Estado, os trabalhadores só visitam os arredores das casas.

“Não tinha como ir para uma área mais adensada, de casas muito pequenas e próximas, sem eu poder entrar. Tínhamos que dar prioridade a outros lugares em que a área do domicílio era maior, que tinha essa área de peridomicílio, em que a gente minimamente conseguia fazer algumas ações caso necessárias”, relembra o gerente.

Por isso, o contato com a população era feito a distância, só por meio de conversas e orientações. Atualpa reconhece que boa parte da população pegou a responsabilidade de cuidar dos focos presentes em casa, mas que só isso não é suficiente.

“A população não tem a expertise que os agentes têm. Eles são treinados para procurar [focos ou criadouros] naqueles locais que nós menos esperamos: ralos inativados, calhas ou até pequenos objetos que a gente pensa que não acumula, como tampinha de garrafa virada de forma que acumule água”, diz Atualpa. “Eles têm esse olhar diferenciado para fazer a busca, encontrar e fazer a eliminação”.

Para Denise dos Santos, 34, a visita dos agentes trouxe mais segurança para a família dela, que reside no bairr Dias Macedo. "Apesar de a gente estar se preocupando com a Covid, a dengue 'tá' aí também, a gente não pode descuidar", disse.

Ela conta que durante a pandemia, o cultivo de plantas foi uma atividade encontrada para distrair as crianças. "Às vezes, tem alguma coisinha ali no quintal [que pode ser foco]. Tem muita garrafa, com planta tem que ter o cuidado de estar sempre olhando, potinho virado", ensina.

Denise dos Santos foi uma das moradores do bairro Dias Macedo que recebeu visita dos agentes nesta terça-feira, 5
Denise dos Santos foi uma das moradores do bairro Dias Macedo que recebeu visita dos agentes nesta terça-feira, 5 (Foto: Aurelio Alves)

Preparação para quadra chuvosa e período com mais infecções

As ações de combate a endemias realizadas no fim do ano são essenciais para barrar a proliferação do mosquito no período mais propício para a reprodução dos insetos: de fevereiro a maio, período chuvoso do Ceará. É o que eplica Atualpa Soares, gerente da Célula de Vigilância Ambiental e de Riscos Biológicos de Fortaleza. 

“Este é o momento ideal para se preparar. Isso faz parte de um trabalho de sustentabilidade para preparar aquela áreas para que, quando se intensificar o início das chuvas, a gente não tenha um cenário de grande proliferação do mosquito.”

Atualpa afirma que o relatório anual de locais da cidade que precisam de maior atenção dos agentes devido a momentos de alta transmissibilidade das arboviroses ainda não está finalizado. O relatório, que guia algumas das visitas dos agentes, deve ser concluído até a segunda semana de outubro, de acordo com o gerente.

No entanto, alguns bairros chamam atenção pelos níveis de transmissão das arboviroses em um contexto histórico. “Principalmente nas fronteiras que Fortaleza tem com Caucaia, Maracanaú e Itaitinga, que representam grandes problemas ao longo do tempo.” Bairros com grande adensamento de pessoas, como o Jangurussu, Bom Jardim, Conjunto Ceará e Barra do Ceará são alguns dos locais mencionados por Atualpa.

População deve acompanhar trabalhos de agentes

Enquanto agentes fazem a busca pelos locais que podem virar criadouros para os mosquitos, Atualpa pede que a população acompanhe os profissionais e aprenda com eles como evitar os focos. “Aproveite a visita, acompanhe, veja como ele atua, quais são os pontos que ele acha crítico e, caso ele ache alguma coisa, busque fazer uma vez por semana esse trabalho”, indica.

Atualpa relata que grande parte da população aceita as visitas dos agentes, facilitando o acesso às residências. “A gente tem que lembrar que em algumas áreas tem uma população mais idosa, e ela não tem como fazer essa busca, às vezes tem limitações na locomoção. Tem áreas que as pessoas passam o dia fora de casa, então quem abre geralmente é uma empregada doméstica, a diarista, e ela não tem tempo ou habilidade para fazer aquilo. Então a população realmente adora quando o agente pode acessar e ajudar”, afirma.

Cenário dos casos de arboviroses em Fortaleza

Em 2021, 12.509 casos de Dengue, 152 de Chikungunya e nenhum de Zika foram registrados em Fortaleza até a 39ª semana epidemiológica, que compreende o intervalo entre os dias 26 de setembro e 2 de outubro. A partir do dia 13 de junho até a semana do dia 18 de setembro, foi registrada uma queda no número de casos de dengue.

No entanto, no período entre 19 e 25 de setembro, foi observada uma “ligeira inversão na tendência” de queda, segundo boletim epidemiológico publicado semanalmente pela Prefeitura de Fortaleza.

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