Delegada que denuncia racismo em loja de shopping em Fortaleza ficou em choque

O gerente da loja Zara, no shopping Iguatemi, teria colocado a mulher para fora do estabelecimento alegando "questões de segurança", e quando ela voltou com o chefe da segurança do shopping, ele teria dito que "não tinha preconceito"

13:03 | Set. 20, 2021

Por: Jéssika Sisnando
Polícia cumpre mandado de busca e apreensão em loja de Fortaleza (foto: reproduçãovídeo)

A delegada Ana Paula Barroso, diretora-adjunta do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV) da Polícia Civil do Ceará, denunciou ter sido alvo de crime de racismo na loja Zara, localizada no shopping Iguatemi, em Fortaleza. Após ser barrada ao tentar entrar na loja no domingo, 19 , ela ficou consternada, em estado de choque e chorosa. A descrição sobre o estado da delegada e a ocorrência foi feita pela delegada responsável pelo inquérito policial, Ana Claudia Nery da Silva.

Ana Paula contou que entrou na loja Zara com uma sacola de outra loja e tomava sorvete quando foi abordada pelo gerente do estabelecimento, que tentou afastá-la justificando que seria uma norma de segurança. A delegada Ana Paula então perguntou se era pelo sorvete. Em seguida, ela questionou um segurança do shopping sobre o ocorrido, e ele acionou o chefe de segurança do local, que a reconheceu como delegada.

Neste momento, a mulher adentrou na loja com o chefe da segurança, que indagou o funcionário sobre o que havia acontecido. "Ele foi logo dizendo que não tinha preconceito e que tinha amigos negros, gays e lésbicas", contou a delegada Ana Claudia. Para a profissional, a fala só reafirma o preconceito.

Boletim de Ocorrência

 

A denunciante fez o Boletim de Ocorrência Eletrônico (B.O), e a Polícia Civil pediu as imagens internas do shopping. O estabelecimento cedeu, mas a loja Zara, não. A delegada Ana Claudia disse que enviou um ofício, mas não recebeu resposta. Então, a Polícia Civil pediu o mandado de busca e apreensão, que foi concedido pela Justiça e cumprido nessa segunda-feira, 20.

A delegada relata que a movimentação em torno do caso foi possível, não por Ana Paula Barroso ser delegada, mas por ela conhecer as ferramentas para denúncia. No momento do fato, a delegada poderia ter dado voz de prisão ao funcionário, mas ela "ficou em estado de choque, chorosa e consternada pelo que houve".

O POVO entrou em contato com a Zara e, por telefone, a loja afirmou que a delegada foi impedida de entrar na loja por estar sem máscara de proteção contra a Covid-19, porque estava tomando um sorvete. A Zara também informa "que não tolera qualquer tipo de discriminação". Também por telefone, a Zara informou que não disponibiliza as imagens de segurança porque os equipamentos e a filmagem foram apreendidos pela Polícia nesse domingo.

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Atualizada às 21 horas