Relatos de cobranças de taxas a comerciantes por facções são investigados
SSPDS diz que "boa parte" dos casos são, na verdade, tentativas de estelionato. O POVO obteve relatos de que a prática estaria ocorrendo em locais como os bairros Vila Velha, Mondubim, José Walter, Messejana e em IparanaNos últimos dias, diversos relatos, em vários bairros de Fortaleza e nas redes sociais, apontam que facções criminosas estariam ameaçando e extorquindo comerciantes para que pagassem quantias em dinheiro aos criminosos, ora com o argumento de “garantir a segurança” do local, ora como forma de “ajudar comunidades”.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou ter montado uma força-tarefa para investigar as denúncias, mas as investigações mostraram que "boa parte" dos casos são, na verdade, tentativas de estelionato. Em nota, a SSPDS afirmou que, por isso, as investigações desses relatos foram centralizadas na Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF).
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“Os casos em que é identificada a participação de organizações criminosas são acompanhados pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco)”, afirmou a pasta.
O POVO obteve relatos de que a prática estaria ocorrendo em locais como os bairros Vila Velha, Mondubim, José Walter, Messejana e em Iparana, em Caucaia. Nas redes sociais, circulam textos, assinados por facções, afirmando que, entre outros, bancas de “jogo do bicho” estão “proibidas” de funcionar.
Nesta sexta-feira, 17, a SSPDS anunciou a prisão de um homem que praticaria os atos de extorsão a comerciantes na região do bairro Mucuripe. Wendell de Paula Almeida, conhecido como "Covid" ou "Das Praias", foi preso por força de mandado de prisão por homicídio.
Ele é suspeito de participação nas mortes de Francisco Alexandre Filho e Davi Silva Sabino, avô e neto mortos em 23 de abril último; e José Fabrício Carvalho Felix de Sousa, morto em 21 de julho. Ambos os crimes foram cometidos a mando da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE).
Além disso, conforme o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Wendell também atuava extorquindo comerciantes, com o intuito de angariar fundos para a organização criminosa. “Ele conseguia cooptar alguns indivíduos que faziam essa prática. Comerciantes, pessoas que moravam na região que ele dizia ter o domínio, esse grupo criminoso praticava essas extorsões”, afirmou o delegado Paulo Renato Almeida, diretor-adjunto do DHPP.
Além de comerciantes, prestadores de serviço também são alvo de tentativas de extorsão por parte de grupos criminosos. No último dia 2, foi preso um homem suspeito de cobrar taxas de empresas de internet que prestam serviços de internet no bairro Pirambu. Gustavo Gabriel Moraes de Souza, de 23 anos, divulgou em redes sociais um áudio com as determinações da facção criminosa Comando Vermelho (CV).
Conforme relatório de inteligência da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da SSPDS, o CV divulgou mensagem que afirmava que apenas cinco empresas de internet estariam “autorizadas” a trabalhar em 13 localidades do Pirambu dominadas pela facção. Outros casos de extorsão a empresas de internet foram registradas no residencial Cidade Jardim II, no bairro José Walter.
A SSPDS afirma que esses crimes podem ser denunciados a partir de boletins de ocorrência, feitos presencialmente ou por meio da Delegacia Eletrônica (Deletron), no site https://www.delegaciaeletronica.ce.gov. “As denúncias também podem ser encaminhadas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, por onde podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia”.
A SSPDS também destaca que desde 15 de julho último, é realizada a Operação Domus, que tem entre as diretrizes detectar crimes de ameaça e extorsão. “Ao longo de dois meses, 14 edições da ofensiva foram realizadas em bairros de Fortaleza, Pacatuba e Sobral. Em Caucaia, a Operação Sumé. organizada pela SSPDS, iniciada em 13 de agosto de 2021, também tem finalidade de coibir os crimes contra moradores e comerciantes da região”, afirmou a SSPDS. (Com informações de Gabriel Lopes e Jéssika Sisnando)
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