Motoristas de aplicativo buscam formas de se proteger contra violência

Rastreamento e compartilhamento de informações são algumas formas. De acordo com a categoria, desde 2017 já foram 35 motoristas de aplicativos mortos no Ceará

13:07 | Set. 13, 2021

Por: Angélica Feitosa
Samir Lima da Silva foi o segundo motorista de aplicativo morto este ano no Ceará (foto: Reprodução/Instagram)

Motoristas de aplicativo têm buscado estratégias para se protegerem, como podem, de assaltos, sequestros relâmpagos e outros tipos de violências. Rafael Keylon, secretário-geral da Associação dos Motoristas de Aplicativo do Ceará (Amap-CE), em entrevista à rádio O POVO/CBN, na manhã desta segunda-feira, 13, aponta que a categoria anda muito apreensiva, principalmente após a morte de Samir Lima da Silva, 31, que teve o corpo encontrado pela Polícia Militar na última sexta-feira, 10.

Uma das formas que a categoria buscou para se proteger é o monitoramento, via rádio e GPS, com uma central. Nela, os dados dos motoristas cadastrados são passados, ao vivo, para o local de transmissão. Os motoristas têm, no momento da locomoção, o ponto de deslocamento sendo reproduzido no rádio. Para isso, basta fazer o pedido via whatsapp. Ao ser acionado, uma pessoa da central fala, no rádio, a localização exata do do motorista. 

Samir Lima fez o último contato com a mulher na quinta, 9, e teve o corpo encontrado na sexta, no bairro Dunas, com tiros. “Existem os grupos em que os motoristas (de app) cuidam uns dos outros”, conta. O caso específico do Samir, ainda de acordo com Keylon, o toca muito porque era uma pessoa próxima. “que tava ali na associação, uma pessoa bacana, totalmente contra a violência, um cara pacato, um cara do bem, um cara que sempre dizia para não reagir a assalto, não reagir a nada”, lamenta. De acordo com as contagem da associação, Samir foi o 35º condutor por aplicativos morto em crimes violentos no Ceará desde de 2017.

Em 2020, a categoria viveu o ano mais violento, quando foram registrados 16 homicídios entre os profissionais. Desde 2017, mais 17 trabalhadores da categoria foram assassinados no Estado. Conforme a Amap, em 2017 contabilizou 12 mortes, 2018 registrou duas e em 2019 mais três casos de violência.

O secretário avalia que, chega um momento em que o Rafael sai do papel que incorpora na associação, de cara forte, de luta e entra no plano pessoal. “De manhã, eu recebi mensagem da esposa do José, o que morreu queimado. E aquela mensagem meio que mexeu muito com o meu dia. Eu acabo me emocionando quando eu falo”. Ele diz que Governo do Estado sempre conversa com a associação e tem o Programa Vida Segura, que já evitou assaltos e latrocínios. Não se pode controlar e nem lutar contra a maldade humana, contra gente perversa, gente ruim que não deveria está na rua”, lamenta.