Com avanço na vacinação, Secultfor avalia iniciar planejamento para Carnaval 2022
Secretário executivo da pasta da Cultura de Fortaleza afirmou, no entanto, que a volta do evento está condicionada ao controle da pandemia na Capital
09:22 | Ago. 21, 2021
Com o avanço da campanha de vacinação e a queda dos indicadores da pandemia de Covid-19, a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) estuda a possibilidade de iniciar o planejamento para o Carnaval de 2022. Foi o que disse o secretário executivo da pasta, Evaldo Lima, durante cerimônia da premiação dos grupos e escolas de samba vencedores do “Ciclo Carnavalesco” de 2020, ocorrida nesta sexta-feira, 20, no Teatro Antonieta Noronha. Ele ressaltou, no entanto, que a volta do evento depende do controle da crise sanitária na Capital.
“Estamos em fase de amadurecimento das estruturas necessárias para a realização do Carnaval. Mas, na verdade, tudo isso tem um condicionante, que é um ponto de partida: o respeito à vida, são os números da pandemia. Quem vai de fato determinar a realização do Carnaval presencial, ou não, é exatamente a ciência”, condicionou Lima. O secretário ainda pontuou que apesar do cenário ser de otimismo, é preciso aguardar o cenário epidemiológico dos próximos meses para saber como o Ceará vai reagir às novas variantes detectadas no Estado, como a Delta, originária da índia, e a Alfa, proveniente do Reino Unido.
“A gente tem que saber o que significam essas novas variações do coronavírus. Mas, no geral, há muita esperança de que o Carnaval de 2022 seja um grande Carnaval e que a gente possa celebrar a vida e também prestar homenagens aos mortos. O que a gente quer mesmo é que esses blocos e agremiações consigam despejar muita alegria na [avenida] Domingos Olímpio, mas claro, isso depende do avanço da vacinação e da queda progressiva dos indicadores da pandemia”, completou o secretário.
Planejamento já começou
Embora a Secultfor ainda não tenha confirmado o retorno da folia carnavalesca na Capital em 2022, os protagonistas da festa já começam a se movimentar para colocar o bloco na rua. Esse é o caso da Associação Carnavalesca Amigos do Zé, que há mais de 15 anos participa dos tradicionais desfiles na Avenida Domingos Olímpio. O presidente do bloco, Paulo Mandun, afirma que os integrantes da agremiação já estão envolvidos nos preparativos da apresentação prevista para o próximo ano.
“Estamos reunindo o pessoal com frequência e já discutindo como vai ser no próximo ano. Acreditamos que vai ter [carnaval] sim, tanto é que praticamente já finalizamos a nossa pronta. Temos a esperança que, se na pior das hipóteses a festa não acontecer, pelo menos o desfile vai ter, com máscara, protocolos e todos os cuidados. O que a gente quer é fazer bonito na avenida, do jeito que a gente gosta e sabe”, disse o representante do bloco, um dos premiados no evento de hoje. No Carnaval de 2020, o “Amigos do Zé” ficou na 3º posição na categoria blocos de rua, atrás da “Turma do Mamão” (2º lugar) e do “Balakubaku Folia” (1º lugar).
Além dos blocos de rua, a solenidade premiou grupos vencedores nas modalidades Cordões, Afoxés e Sujos. Cada uma das 12 agremiações vencedoras só pôde enviar até dois representantes para evitar aglomerações no espaço. O evento, que tradicionalmente ocorre poucos dias após o Carnaval, precisou ser adiado em 2020 por causa do início da pandemia. As premiações em dinheiro, no entanto, foram efetuadas ainda em março do ano passado, segundo a Secultfor. No total, os grupos dividiram um montante de aproximadamente R$ 1 milhão.
Neste ano, sem o evento, os grupos carnavalescos da Capital enfrentaram muitas dificuldades financeiras. É o que diz um dos diretores da escola de samba “Tradição da Bela Vista”, que deixou de ir à avenida pela primeira vez em 12 anos de existência. "Foi muito difícil. Teve choro, falta de esperança… é triste você cair numa situação de não ter uma festa aguardada o ano inteiro. Só quem sabe as dificuldades é quem viveu, tivemos poucas ajudas, algumas lives. Precisamos de mais apoio seja do setor público ou privado. Aqui tudo é feito na raça e no coração. A gente se dedica porque gosta do que faz”, afirmou o carnavalesco Wellington Steves.
Em anos de normalidade, segundo Steves, o planejamento do Carnaval começa geralmente em maio. Como o Ceará atravessou a segunda onda da pandemia justamente neste período, e as incertezas sobre o futuro haviam voltado, os planos tiveram que ser adiados. Agora, com o crescimento nos percentuais de vacinação e redução constante nos números de infectados e internações, o dirigente explica que a escola já respira folia. “Estamos trabalhando com a possibilidade de que vai ter mesmo o Carnaval. Questão de figurino, adereços e outros materiais, tudo isso já está sendo providenciado. Eu espero que com todo mundo sendo vacinado, em 2022 a gente volte com força total para explodir as ruas de alegria”, enfatizou Steves.
Fomento
De acordo com a Gerente do Patrimônio Imaterial da Secultfor, Graças Martins, mesmo sem o Carnaval presencial neste ano, os grupos de tradição da Capital foram contemplados com ações de salvaguarda e participação em atividades de fomento à cultura, como lives remuneradas, por exemplo. Ela ainda reforça que, nos próximos dias, a pasta irá lançar um “mega edital” de fomento voltado a todas as formas de expressão cultural.
“O edital vai abranger desde quadrilhas juninas, culinaristas, até os grupos carnavalescos. A intenção é incluir todas as formas de cultura”, explica a gerente. Segundo ela, o documento deve ser publicado até o início de setembro.