Construções irregulares de condomínio em Fortaleza são demolidas durante operação policial

Entre as construções demolidas, estão um mercadinho, uma lanchonete e uma igreja evangélica, construídos, segundo os moradores, por não poderem transitar no bairro devido a conflitos entre facções

11:55 | Ago. 20, 2021

Por: Angélica Feitosa
Operação da Polícia em conjunto habitacional Cidade Jardim I em Fortaleza (foto: Aurélio Alves/O POVO)

Diversas construções irregulares no conjunto habitacional Cidade Jardim I, no bairro Prefeito José Walter, foram demolidas na manhã desta sexta-feira, 20. A ação faz parte de mais uma edição da Operação Domus, deflagrada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). O objetivo da operação é evitar ameaças aos moradores por parte de membros de facções criminosas, além de inibir a prática de outros crimes. A operação conta com cerca de 200 homens entre agentes da Polícia Militar e Civil, funcionários da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) e técnicos da Enel.

Entre as construções demolidas, estão um mercadinho e uma lanchonete. Os técnicos da Agefis e servidores das polícias Civil e Militar aguardavam a chegada de um responsável por uma igreja protestante construída em um terreno público do residencial. No local, agentes da Agefis explicam que as construções são irregulares já que estão nas áreas comuns dos blocos. Já os moradores afirmam que há necessidade de construção desses ambientes já que não podem transitar entre áreas do José Walter. O local sofre com conflitos entre organizações criminosas.

Diego Pereira, 31, é morador do condomínio e conta que já é a terceira vez que os agentes policiais comparecem ao local. Ele é um dos funcionário de uma pequena lanchonete que foi retirada e ressalta a situação dos moradores. "A gente não pode sair daqui para o outro lado depois da avenida. Não temos escola , não temos creche. As pessoas estão ganhando dinheiro por esses pontos, já que não podemos sair para trabalhar em outros locais", afirma.  

"A gente não pode ir no mercantil, se a gente for precisa correr", relata outra moradora, Gabriela Carreiros, de 18 anos. Ela não esconde a revolta pela demolição, já que trabalhava em um dos locais há dois anos, dependendo da renda da lanchonete. Segundo a moradora, há falta de assistência para quem reside no local e não pode transitar pelo bairro pelos conflitos entre facções.  Quase todos os eletrodomésticos do ponto foram levados pelos fiscais e ela, aos prantos, reclama . "Eles tiram o nosso ganha pão e nós vamos viver de quê? Eles estão derrubando, vieram sem avisar. Disseram que iam derrubar coisas incompletas e não onde já estava tudo pronto, com a gente trabalhando, não", conta.

De acordo com informações dos agentes da Agefis, o objetivo da derrubada das construções em locais públicos foi para que fosse liberado o livre acesso dos moradores às áreas comuns. Eles explicam que, quando os apartamentos foram entregues, os moradores foram avisados de que não poderiam ampliar e ocupar essas áreas.

A delegada Socorro Portela, coordenadora de Operações Integradas da SSPDS, informou, antes do início da derrubada das construções irregulares, que o principal objetivo da ação é o de levar tranquilidade e segurança aos moradores do bairro. “É um trabalho integrado de forças amigas como as Polícias, bombeiros, Agefis, Detran (Departamento Estadual de Trânsito), Sap (Secretaria de Administração Penitenciária) para levar mais segurança e tranquilidade aos moradores”, conta. A operação, segundo ela, é permanente, e, no geral, as pessoas que moram nos residenciais gostam, participam, ajudam.