Aplicativo de transporte desenvolvido no Ceará começa a operar e permite favoritar motorista

Com a bandeira de ser "100% cearense", o aplicativo pretende melhorar a relação entre motorista e passageiro. Até dezembro deste ano, a empresa também deve começar a operar no Interior, em cidades como Juazeiro do Norte, Sobral, Iguatu e Tauá

Fortaleza conta com uma nova plataforma de transporte individual por aplicativo: a Vyse, que se apresenta como "100% cearense". O foco da empresa, que passou a operar na Cidade no último sábado, 14, é prezar especialmente pelo relacionamento entre passageiros e motoristas. Uma das funções, por exemplo, é a opção de favoritar um motorista para criar uma maior chance de encontrá-lo novamente quando solicitar uma nova corrida.

Pedro Henrique Alcino, CEO da startup, explica que o objetivo estabelecido na criação do aplicativo foi suprir deficiências que grandes empresas do mercado apresentam, como a Uber e a 99 Pop, as quais considera que formam um “oligopólio”. Ele criticou a dificuldade em contatar esses aplicativos em virtude de algum problema. No caso da Uber, são mais de 23 mil reclamações não respondidas na plataforma Reclame Aqui entre fevereiro e julho deste ano.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Em nota enviada ao O POVO, a Uber disse que utiliza o site Consumidor.gov.br como forma de conversa direta com os seus consumidores. Na plataforma, o índice de resposta das reclamações é de 99,2% quando considerados os dados de 2021, que somam 5,9 mil reclamações — cerca de 25% do total registrado no Reclame Aqui.

A empresa explicou que avalia o site como a melhor ferramenta para responder às reclamações porque se trata de plataforma oficial do Governo Federal, sem finalidade comercial e que é monitorada pelos Procons e Ministério Público.

“Nas redes sociais, existe um monólogo, com as pessoas falando sem serem respondidas. Queremos ter um relacionamento, tanto com passageiros como motoristas”, pondera Pedro Henrique Alcino, CEO da Vyse. Ele argumenta ainda que a forma de remuneração nessas grandes empresas para os motoristas é “desumana”, com taxas que variam entre 30% e 40% do valor total da viagem. Na Vyse, há uma taxa única de R$ 1,25 cobrada ao motorista em cada corrida, independente do valor total.

Nessa segunda-feira, 16, a startup já contava com 2.770 viagens realizadas, assim como quase dois mil motoristas e seis mil passageiros cadastrados. Para validação do cadastro de ambos públicos, a plataforma pede dados como o CPF, nome completo e nome da mãe, além de uma selfie. Em relação ao motorista, há exigência de certidão de antecedentes criminais. “São barreiras de segurança para que o motorista possa pegar o passageiro sem medo e vice-versa”, enfatizou o CEO.

Há ainda uma opção para que as motoristas mulheres possam escolher pegar apenas passageiras, que também podem escolher atendimento exclusivo por pessoas do mesmo gênero. A empresa deve iniciar uma campanha nas próximas semanas para recrutamento de mais motoristas mulheres, porque a demanda de passageiras que solicitam o serviço já não é atendida pela quantidade atual de profissionais.

Cultura cearense

Uma das bandeiras levantadas pela empresa é a valorização da cultura do Estado, segundo explica Pedro. Para isso, a operação contou com campanha de marketing com três humoristas cearenses — Lailtinho, Mastrogilda e Manguaça. “Temos esse compromisso com o Estado, queremos estimular o orgulho do passageiro e motorista em ser cearense. Muitas pessoas estão usando por ser um aplicativo daqui”, celebra.

Até dezembro deste ano, a intenção é interiorizar o funcionamento da plataforma, com expansão para os municípios de Juazeiro do Norte, Sobral, Iguatu e Tauá. A longo prazo, a intenção é ampliar também as formas de transporte, inserindo um sistema de bicicletas compartilhadas — de forma similar ao Bicicletar — para integrar e auxiliar as necessidades de deslocamento.

Antes de assumir a Vyse, Pedro Alcino atuou durante 15 anos como gerente de projetos da Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Passageiros do Estado do Ceará (Cootraps), responsável pelas topiques que circulam em Fortaleza. Ele defende que pretende trazer aprendizados da experiência com o transporte público para a nova empreitada.

“Existe uma grande evasão do transporte público para o transporte privado, mas o que faz muitas vezes as pessoas ainda andarem de topique é a familiaridade: saber o nome do motorista, os passageiros que também estão indo no veículo... Estamos tentando trazer essa proximidade com o passageiro”, enfatizou.

Como gerente de projetos, Pedro foi responsável por liderar a iniciativa que pretendia incluir nas topiques pagamento por meio de cartão de crédito, débito e até bitcoin. Na época, a expansão dos meios de pagamento ia na contramão do que propunha o Sindiônibus. A crítica da cooperativa era que o pagamento exclusivo por meio do vale-eletrônico seria uma forma de monopólio das transações feitas no sistema de transportes. O projeto, no entanto, não caminhou devido a pandemia.

Vínculo empregatício

Questionado sobre a recorrente discussão da existência de vínculo empregatício entre motoristas e as empresas de aplicativos, Pedro defende que não há essa relação direta, mas sim uma dinâmica em que a startup funciona como intermediária entre os profissionais e os passageiros. "A plataforma é uma solução tecnológica”, argumenta.

Ele celebrou, no entanto, a recente regulamentação proposta pelo governo federal para que motoristas de aplicativos virem microempreendedor individual (MEI), o que permite acesso a aposentadoria, pensão, auxílio doença e licença maternidade. “Eu acho que dessa forma todo mundo sai ganhando”, ponderou Pedro.

Com a nova proposta, que deve ser nomeada como “microempreendedor digital” ou MED, as plataformas ficam encarregadas de recolher a contribuição do governo, no valor de R$ 55 mensais, que serão descontados de forma automática.

Atualmente nem todos os motoristas e entregadores fazem suas contribuições, e os que são registrados costumam atrasar o pagamento. De acordo com os dados do Ministério da Economia, 52% dos autônomos atrasam a contribuição de suas obrigações previdenciárias. Com a exigência proposta, o governo pretende diminuir a inadimplência.

Serviço

Aplicativo de transporte individual por aplicativo -  Vyse

Disponível por meio das lojas de aplicativo:

- Passageiro: Android e IOS

- Motorista: Android (ainda não disponível para IOS)

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

mobilidade urbana transporte por aplicativo uber 99 pop

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar