Fortaleza reduz casos de calazar, mas situação no Ceará ainda preocupa
Cães de 35 bairros da Capital serão contemplados com 90 mil coleiras repelentes. Sem óbitos em humanos desde 2019, Fortaleza sedia lançamento de campanha contra a leishmaniose. Situação no Ceará ainda é grave
17:50 | Ago. 12, 2021
Aproximadamente 90 mil coleiras repelentes serão distribuídas a cachorros de 35 bairros de Fortaleza para combater o calazar. A campanha nacional de encoleiramento de cães para combate à leishmaniose visceral foi lançada nesta quinta-feira, 12, em Fortaleza. A Capital teve grande redução de casos durante os últimos anos. O projeto do Ministério da Saúde já adquiriu um milhão de coleiras repelentes, que serão distribuídas entre 16 estados brasileiros.
Leia também |
Calazar: é possível o tratamento, em vez da eutanásia?
Por tratamento de calazar, veterinárias têm o exercício profissional suspenso
"Nossa ação no Brasil e em Fortaleza está balizada nos critérios epidemiológicos de bairros com maior transmissão da doença e de maior vulnerabilidade. Sobretudo em locais com casos humanos registrados. Fortaleza tem 35 bairros que, historicamente, permanecem como uma grande ameaça", relata Nélio Morais, Coordenador de Vigilância e Saúde da Secretaria de Saúde de Fortaleza (SMS).
De acordo com Morais, a doença é apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das mais negligenciadas no planeta. A secretária de saúde de Fortaleza, Ana Estela Leite, destaca que a doença se comporta de forma endêmica em 75 países do mundo.
"É uma doença crônica que acomete todo o organismo, que tem uma letalidade alta, que pode acometer o maior índice de óbitos em crianças de até 10 anos. A doença se comporta de forma endêmica em 75 países, sendo o Brasil responsável por 14% dos casos nas Américas", relata a secretária.
Apesar dos números alarmantes, Fortaleza tem mostrado efetividade no combate à doença durante os últimos anos. A última morte humana causada pela doença ocorreu em 2019, sendo o único caso fatal daquele ano.
LEIA TAMBÉM| Servidor terceirizado montou esquema para beneficiar tornozelados
Em 2021, de acordo com a SMS, 14 casos de leishmaniose em humanos já foram registrados e dois seguem em investigação. Em 2020, 43 pessoas foram contaminadas em Fortaleza. O número de casos registrados em humanos no último ano apresentou uma queda de 82% no número de contaminados se comparados com os casos anuais de 2010 e 2011, quando a Capital registrou 247 casos da doença em cada ano.
O número de contágios entre cães também apresentou queda durante a última década. Em 2013, 8.904 cães foram diagnosticados com a doença. Já em 2019, foram registrados 3.451 casos, o que configura uma redução de 61%.
Durante a cerimônia de lançamento da campanha de encoleiramento, alguns cães já foram contemplados com as coleiras repelentes. Foi o caso do cachorrinho Codisman, que vive sob os cuidados dos colaboradores do Abrigo São Lázaro.
"A leishmaniose é uma doença que não tem cura, mas tem tratamento. Sabemos que o número de animais abandonados só cresce no Brasil, a estimativa diária aponta para 1.974 abandonos. Esses eventos são importantes para prevenir os animais e educar as pessoas", relata o diretor do abrigo, Apollo Vicz.
LEIA TAMBÉM| 33 mulheres eram mantidas no cárcere privado em celas por diretor de clínica no Crato
Situação no Estado
De acordo com o orientador da Célula de Vigilância Entomológica e Controle de Vetores da Secretaria da Saúde do Ceará, Luiz Osvaldo, os números no Estado ainda preocupam.
De janeiro de 2020 até julho de 2021, 14 pessoas morreram de leishmaniose visceral no Ceará. Ao todo, 266 casos da doença foram registrados em humanos durante o período.
"A doença ainda tem uma alta prevalência com óbitos. Inicialmente, a estratégia apresentada hoje será implantada em seis municípios cearenses: Fortaleza, Caucaia, Itapipoca, Ipaporanga, Juazeiro do Norte e Barbalha", relata o orientador.
Ainda segundo Osvaldo, o Governo do Estado busca adquirir mais coleiras para contemplar os municípios que não estão na lista do Ministério da Saúde. A previsão é que a distribuição, por parte da administração estadual, aconteça entre os meses de setembro e outubro deste ano.
LEIA TAMBÉM| Assembleia instala CPI para investigar financiamento de associações de PMs no Ceará
Bairros a serem atendidos em Fortaleza
Ancuri
Barra do Ceará
Barroso
Bela Vista
Benfica
Bom Jardim
Bom Sucesso
Coaçu
Conjunto Ceará I
Conjunto Ceará II
Cristo Redentor
Curió
Jardim América
Jardim das Oliveiras
Jardim Iracema
José Walter
Fátima
Granja Portugal
Manoel Sátiro
Messejana
Padre Andrade
Pan Americano
Parque Dois Irmãos
Parque Genibaú
Parque Presidente Vargas
Parque Santa Rosa
Parque São José
Paupina
Pici
Planalto Ayrton Senna
Praia de Iracema
Praia do Futuro I
Quintino Cunha
Rodolfo Teófilo
Siqueira