Guarda municipal que fez família refém algemou a mãe e ameaçou matá-la
Durante negociação com policiais, o agente teria afirmado que a mãe, de idade não revelada, estaria pensando em interná-lo em uma clinica psiquiátrica; guarda tem histórico de brigas com familiaresO guarda municipal que fez a família refém na manhã desta terça-feira, 3, em um prédio localizado no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza, chegou a algemar sua mãe e a ameaçar matá-la com uma faca durante ação. Segundo informações do Batalhão de Operações Especiais (Bope), o homem estava visivelmente em surto psicológico e mostrou revolta pelo fato de a mãe querer interná-lo em uma clinica psiquiátrica.
Toda ação ocorreu por volta das 10h45min desta terça, 3, conforme relatou ao O POVO o tenente-coronel Gerlúcio Vieira, comandante do Bope. O guarda municipal foi até o apartamento onde os parentes moram e aparentava estar instável psicologicamente. Assustado, o irmão do agente pediu ajuda por meio do 190.
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Segundo Gerlúcio, os primeiros policiais que chegaram ao local tentaram conversar com o guarda, iniciando uma negociação para que ele deixasse os familiares sair do apartamento. Com a negociata, ele teria liberado o irmão, que apresentava estar bastante nervoso, mas permaneceu com a mãe refém.
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Em um dado momento, o guarda teria ainda aparecido com a senhora na porta do apartamento, colocando uma faca no pescoço dela para ameaçar os policiais. "Se vocês entrarem, eu mato ela", teria dito. Segundo conta o tenente-coronel, o agente estava portando duas facas grandes.
"Eles têm um relacionamento complicado. Ele informava que a mãe queria interná-lo em uma clinica psiquiátrica", relata o comandante, destacando que o homem aparentava estar em surto psicológico. Com a chegada do Bope, uma segunda negociação teria se iniciado. No entanto, o guarda mostrou desespero e jogou álcool contra a cabeça, preparando-se para atear fogo no próprio corpo.
Foi então que os agentes decidiram invadir o apartamento para fazer o resgate da vítima e evitar que o guarda completasse a ação. Quando chegaram dentro do imóvel, o homem ainda conseguiu atear fogo contra seu corpo e teve queimaduras de primeiro grau. Já a senhora foi encontrada algemada e estava com escoriações nas mãos devido ao uso das algemas, além de aparentar estar abalada com o episódio.
Os policiais chegaram a disparar balas de borracha contra o homem para tentar contê-lo no momento da invasão. O agente foi levado sob escolta para o Instituto José Frota (IJF) por profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Agente recebia tratamento psicológico
Logo após o episódio, O POVO apurou que o guarda recebia acompanhamento biopsicossocial e tomava medicação controlada para tratamento psíquico. Contudo, ao ser procurada, a Guarda Municipal informou que não poderia dar informações mais detalhadas sobre o tipo de transtorno do agente por se tratar de um assunto pessoal.
A entidade apenas afirmou que o homem não tem porte de arma e que não estava afastado do cargo, prestando serviço interno e administrativo. Ele estava recebendo acompanhamento do Núcleo de Atenção Biopsicossocial, da Secretaria Municipal da Segurança Cidadã (Sesec), além de tomar medicamentos controlados. O órgão emitiu uma nota explicando o procedimento adotado para este tipo de situação.
Veja nota na íntegra:
O Núcleo de Atenção Biopsicossocial da Secretaria Municipal da Segurança Cidadã (Sesec) monitora, por meio de uma psicóloga, os servidores que procuram o setor ou que são indicados por seus comandantes, através de visitas, acompanhamento no local de trabalho, ligações, orientações, de acordo com prognóstico individual.
Caso necessário, os servidores são encaminhados para um serviço de psiquiatria do IPM Saúde, onde também poderão ser indicados para realizar terapia.
Vale ressaltar também que os servidores passam por capacitações continuadas em Direitos Humanos, para que, diante dos desafios que confrontam na segurança pública, reflitam criticamente, de modo a empregar atitudes cidadãs na prestação de seus serviços e no dia a dia.
Conflitos familiar
Segundo o comandante Gerlúcio Vieira, depois da operação o irmão da vitima foi indagado se episódios como aquele já haviam acontecido antes. O familiar contou então que o agente tem um histórico de briga na família, mas que nunca havia chegado ao ponto de ameaçar fisicamente daquela forma.
O episódio teria sido então o momento mais crítico provocado pelo agente. No decorrer da ação, ele chegou a mostrar que teria sua mãe como alvo, alegando que ela pretendia interná-lo, mas não há informações exatas de como foi a chegada dele ao prédio e nem detalhes acerca de seu quadro mental.