Barracas da Sabiaguaba são derrubadas para construção de Centro Gastronômico
Obras do Centro Gastronômico da Sabiaguaba deverão ser concluídas em até 12 meses. Os 17 barraqueiros receberão auxílio de R$ 5 mil durante o período de requalificaçãoAs barracas que estavam alocadas às margens do Rio Cocó, na Sabiaguaba, já não compõem mais o cenário da região. Durante os últimos dias do mês de julho, retroescavadeiras demoliram as construções em mais uma etapa de implementação do novo Centro Gastronômico da Sabiaguaba. O empreendimento ocupará uma área total de 2,49 hectares. Até que as obras sejam concluídas, os 17 barraqueiros que atuam no local deverão receber R$ 5 mil mensais do Governo.
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O projeto de arquitetura do Centro contém 20 quiosques. O Espaço terá capacidade para 70 mesas, além de contar com bancos para contemplação e cobertura retrátil. A previsão da obra, de acordo com o titular da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), Arthur Bruno, é de um ano. Os pagamentos, ainda conforme o gestor, começam em agosto.
"Eles vão receber a primeira parcela no mês de agosto. O governador já liberou o recurso e nós estamos tratando agora de toda a burocracia. Os barraqueiros abriram contas específicas para receber os recursos", explica o secretário.
Associação de moradores e comerciantes
Para Luiza de Sousa Silva, 52, nativa da região e presidente das associações de moradores da Sabiaguaba e dos comerciantes do centro gastronômico, a reformulação é vista com bons olhos.
"Vejo como uma oportunidade, não só para os comerciantes, mas para toda a comunidade. É renda e emprego, além de uma chance de diminuir os impactos ambientais", relata.
A liderança dos nativos relata que o processo de implementação do complexo está ocorrendo em meio a diálogos frequentes do poder público com os moradores.
"A garantia que nos foi dada é boa. Nos deram duas opções quando foram retirar as barracas. Poderiam nos passar containers para trabalhar durante o período das obras ou a ajuda de custo", relata Luiza. Ela explica que a ajuda financeira foi prontamente aceita pelos proprietários das barracas, apenas valores foram discutidos até chegarem aos R$ 5 mil mensais acertados.
Com as obras em andamento, Luiza pensa no futuro e na preservação da região. Ela espera que o novo polo gastronômico seja um primeiro passo rumo a dias melhores para a Sabiaguaba.
"A gente sabia que aquela estrutura prejudicava o meio ambiente, não tínhamos esgoto, nem água encanada. Daqui a 10 anos eu espero que o governo nos ampare da especulação imobiliária. Queremos levar o futuro para nossos filhos e para comunidade", afirma.
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Obra de R$ 11 milhões
De acordo com o valor estimado no edital de licitação, a obra deverá ter um custo de R$ 11.845.622,63. O novo polo gastronômico deverá resolver um antigo problema da região, que não contava com saneamento básico.
"Será feita uma grande reforma na área, vai ter um calçadão, vai ser um Centro Gastronômico totalmente de acordo com legislação, com esgotamento sanitário que não existia até então", explica Arthur Bruno.
Em relação aos 17 barraqueiros que estavam no local e receberão o auxílio durante o período das obras, o secretário esclarece que eles serão realocados no novo espaço, onde cada um receberá um box com mesas em um ambiente sustentável.
O secretário explica que o local deverá passar por adaptações que devem aumentar a distância dos estabelecimentos para o Rio.
"Com certeza será um dos locais mais bonitos e adequados para o turismo ecológico. A praia vai renascer no entorno do Rio, porque as barracas chegavam praticamente dentro do Rio e o Centro Gastronômico terá uma certa distância". Com as mudanças, a expectativa é de que o Rio e a vegetação do mangue ganhem ainda mais vida.
Governo afirma que haverá gestão coletiva
Durante o mês de agosto, a Sema deverá organizar reuniões com os barraqueiros da região, que farão a gestão coletiva do espaço. O objetivo do Governo é alinhar projetos com instituições específicas de capacitação para que o local abrigue cursos de gastronomia.
"Teremos um ano para prepará-los para fazer a gestão coletiva e ecologicamente sustentável do espaço. Toda a preocupação do governo é em dar as melhores condições de trabalho", finaliza o secretário.
Sobre o medo de grandes mudanças no local onde nasceu e cresceu, Luiza de Sousa Silva, 52, nativa da região e presidente das associações de moradores da Sabiaguaba e dos comerciantes do Centro Gastronômico, explica que o sentimento faz parte do processo, mas confia que os frutos serão colhidos no futuro.
"Lógico que a gente sente. Tudo que é novo dá medo. Somos pessoas simples, nativos tradicionais. O medo que temos é de como será receber o turista estrangeiro ou gente da alta sociedade, mas sei que seremos capacitados para isso", conclui.
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