Projeto leva surfe a 530 crianças e adolescentes na Praia do Futuro

Iniciativa do Instituto Povo do Mar contempla 42 jovens com algum tipo de deficiência. Projeto foi lançado nesta sexta-feira, 2

15:12 | Jul. 02, 2021

Por: Marcela Tosi
O educador físico Gustavo Costa e Juan Yure, atendido pelo IPOM, preparando-se para entrar na água (foto: Fábio Lima/ O POVO)

Na Praia do Futuro, 530 crianças e adolescentes têm no surfe uma maneira de diversão e aprendizado. Os jovens, atendidos pelo Instituto Povo do Mar (IPOM), já dispunham das aulas de surfe e outras atividades de educação ambiental e para o desenvolvimento de competências socioemocionais. Agora, têm pela frente um ano garantido de ações e os materiais necessários para incluir aqueles com algum tipo de deficiência. 

"Irá lapidar competências fundamentais: o amor, o respeito às diferenças, o cuidado com o meio ambiente, com si e com o outro", afirma Fabrini Andrade, diretora do IPOM sobre o projeto "Surfe Cooperativo - Surfando nas ondas da cidadania", lançado nesta sexta-feira, 2. "O projeto está sendo formulado desde 2018. No ano seguinte, trouxemos o Cisco Araña, pioneiro nas escolas de surfe adaptado, para uma capacitação. Nesse tempo captamos os apoios e recebemos a ordem de início agora em junho", conta. 

Além dos professores de surfe do Instituto, o projeto conta com uma equipe multidisciplinar composta por educador ambiental, psicólogos, educador físico e fisioterapeutas. As aulas acontecem de segunda a sexta-feira, sendo o último dia da semana dedicado àqueles com deficiências físicas e cognitivas. Atualmente, o IPOM atende 42 jovens com alguma deficiência.

"A gente tem todo o plano estratégico para os atendimentos. Temos momentos teóricos, momentos de piscina, momentos de onda e vamos catalogar todo o desenvolvimento, para poder mensuras os resultados, explica o educador físico Luiz Gustavo da Costa. Conhecido como Gustavim, ele foi convidado graças à atuação no projeto de surf adaptado "A Maré Vida". 

Como ele aponta, "muitas vezes os pais pensam que é mais seguro manter os filhos em casa do que ter eles na rua". "Tenho muitos relatos de jovens que tentaram muitas terapias, mas o surfe é que trouxe melhoras. O contato na areia, na água e uma conversa já criam uma conexão e conseguimos avanços. Criança que pratica um esporte é criança viva."

A iniciativa se tornou possível por meio da lei de incentivo ao esporte. "A lei, desde 2015, proporciona ao Estado a capacidade de ampliar a sua base de atendimento e diversificar as políticas públicas para o esporte", enfatiza o secretário do Esporte do Ceará, Rogério Pinheiro. Por meio da lei, o valor que seria arrecadado pelo Estado por meio do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é repassado diretamente às organizações sociais e prefeituras. 

"A inclusão social é um fator muito importante. É de suma importância para as empresas estar sempre perto desses projetos, que são o que irá formar o caráter do nosso futuro", pontua Rodrigo Barbosa, representante da Itambé no Ceará. A cooperativa é responsável por 50% dos recursos captados, sendo os outros 50% obtidos com as empresas Maresias e M. Dias Branco. 

Instituto Povo do Mar

A organização sem fins lucrativos surgiu em 2010, quando quatro amigos surfistas, frequentadores da praia do Titanzinho, em Fortaleza, perceberam as dificuldades enfrentadas pelas crianças da área. O Instituto funciona na Praia do Futuro e todas as atividades são oferecidas gratuitamente.