Entenda as denúncias de abuso sexual contra o ex-PRF morto no Cambeba
O caso de violência sexual havia viralizado nas redes sociais na última semana. Em seu Instagram, o homem chegou a relatar ameaças feitas contra ele e que achava que iria morrer
20:50 | Jul. 01, 2021
Denúncia de abuso sexual feita por uma mulher contra o ex-policial rodoviário federal morto na terça-feira, 29, no bairro Cambeba, já havia viralizado nas redes sociais durante a semana passada. A investigação do estupro, que teria ocorrido no último dia 23 de junho, começou no sábado, 26, quando os dois foram encaminhados à Casa da Mulher Brasileira (CBM) para prestarem depoimento. O homem e a mulher também realizaram exames na Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce).
Tanto o suspeito quanto a vítima do abuso sexual comentaram o caso nas redes sociais. A mulher relatou em seu Instagram ter sido estuprada enquanto os dois dormiam juntos. "Ele acordou e se achou no direito de transar comigo enquanto eu dormia", chegou a dizer em um dos stories. Ela ainda mencionou um outro estupro que ele teria cometido contra uma amiga dela. Ela contou que os dois se conheceram em 2018, mas só passaram a se relacionar há cerca de dez dias e passaram a morar junto em uma pousada, ao lado do filho dela.
Mesmo após a queixa à Polícia, a mulher também contou que ainda se viu na situação de encontrar com ele na rua. Segundo o que afirmou, a medida protetiva que pediu contra ele não foi expedida. O POVO tentou contato com a denunciante na tarde desta quinta-feira, 1º, mas não obteve sucesso.
Nos dias que se seguiram ao episódio, o suspeito de estupro passou a fazer diversos vídeos em suas redes sociais. Ele ainda usou os vídeos para criticar a mulher, expor detalhes íntimos da relação entre os dois, relacionar o caso a teorias místicas e relatar ameaças que havia recebido nas redes sociais.
O ex-policial rodoviário trata o caso como relação sexual e diz apenas que a "mulher não lembrava do ato sexual". Em outro trecho de um dos vídeos, ele diz nunca ter feito sexo com mulheres “à força”, mas admite que tinha “transado com muita menina que estava inconsciente, devido ao álcool ou coisa assim”. Disse estar arrependido disso, porém ainda afirmou: “Às vezes, ela nem ligava. Ela mesma não estava cuidando dela”. Em outro momento, ele chegou a mencionar ser depressivo.
Em outro vídeo que postou, o ex-policial apresenta um tom de despedida. “'Tá' piorando muito o negócio aqui, talvez eu morra”, afirma na gravação publicada ainda na terça, 29. “Não sei se vou sobreviver a este dia” é a legenda da publicação. No vídeo, ele diz que pessoas, as quais não identifica, o chamam para sair do apartamento onde estava para matá-lo. Ele ainda acrescenta que Deus “sabe que eu não o fiz o mal, pelo menos, não intencionalmente”.
Encontrado morto
O suspeito do abuso sexual foi encontrado morto em via pública com marcas de tiros, informou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). A Polícia Civil ainda investiga as circunstâncias da morte dele. A 7ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) abriu inquérito policial para apurar o caso. Ele havia sido demitido da PRF em julho de 2019 por abandono do cargo e inassiduidade habitual.
Violência contra a mulher - o que é e como denunciar?
A violência doméstica e familiar constitui uma das formas de violação dos direitos humanos em todo o mundo. No Brasil, a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, caracteriza e enquadra na lei cinco tipos de violência contra a mulher: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.
Entenda as violências:
Violência física: espancamento, tortura, lesões com objetos cortantes ou perfurantes ou atirar objetos, sacudir ou apertar os braços
Psicológica: ameaças, humilhação, isolamento (proibição de estudar ou falar com amigos)
Sexual: obrigar a mulher a fazer atos sexuais, forçar matrimônio, gravidez ou prostituição, estupro.
Patrimonial: deixar de pagar pensão alimentícia, controlar o dinheiro, estelionato
Moral: críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos sobre sua índole, desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir
A Lei 13.104/15 enquadrou a Lei do Feminícidio - o assassinato de mulheres apenas pelo fato dela ser uma mulher. O feminicídio é, por muitas vezes, o triste final de um ciclo de violência sofrido por uma mulher - por isso, as violências devem ser denunciadas logo quando ocorrem. A lei considera que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
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Veja como buscar ajuda:
Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM-FOR)
Rua Teles de Souza, s/n - Couto Fernandes
Contatos: (85) 3108- 2950 / 3108-2952
Delegacia de Defesa da Mulher de Caucaia (DDM-C)
Rua Porcina Leite, 113 - Parque Soledade
Contato: (85) 3101-7926
Delegacia de Defesa da Mulher de Maracanaú (DDM-M)
Rua Padre José Holanda do Vale, 1961 (Altos) - Piratininga
Contato: 3371-7835
Delegacia de Defesa da Mulher de Pacatuba (DDM-PAC)
Rua Marginal Nordeste, 836 - Jereissati III
Contatos: 3384-5820 / 3384-4203
Delegacia de Defesa da Mulher do Crato (DDM-CR)
Rua Coronel Secundo, 216 - Pimenta
Contato: (88) 3102-1250
Delegacia de Defesa da Mulher de Icó (DDM-ICÓ)
Rua Padre José Alves de Macêdo, 963 - Loteamento José Barreto
Contato: (88) 3561-5551
Delegacia de Defesa da Mulher de Iguatu (DDM-I)
Rua Monsenhor Coelho, s/n - Centro
Contato: (88) 3581-9454
Delegacia de Defesa da Mulher de Juazeiro do Norte (DDM-JN)
Rua Joaquim Mansinho, s/n - Santa Teresa
Contato: (88) 3102-1102
Delegacia de Defesa da Mulher de Sobral (DDM-S)
Av. Lúcia Sabóia, 358 - Centro
Contato: (88) 3677-4282
Delegacia de Defesa da Mulher de Quixadá (DDM-Q)
Rua Jesus Maria José, 2255 - Jardim dos Monólitos
Contato: (88) 3412-8082
Casa da Mulher Brasileira
A Casa da Mulher Brasileira é referência no Ceará no apoio e assistência social, psicológica, jurídica e econômica às mulheres em situação de violência. Gerida pelo Estado, o equipamento acolhe e oferece novas perspectivas a mulheres em situação de violência por meio de suporte humanizado, com foco na capacitação profissional e no empoderamento feminino.
Telefones para informações e denúncias:
Recepção: (85) 3108.2992 / 3108.2931 – Plantão 24h
Delegacia de Defesa da Mulher: (85) 3108.2950 – Plantão 24h, sete dias por semana
Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher: (85) 3108.2966 - segunda a quinta, 8h às 17h
Defensoria Pública: (85) 3108.2986 / segunda a sexta, 8h às 17h
Ministério Público: (85) 3108. 2940 / 3108.2941, segunda a sexta , 8h às 16h
Juizado: (85) 3108.2971 – segunda a sexta, 8h às 17h