Expulso após motim, policial alega "injustiça" e tem certeza que voltará à PM

O soldado Raylan Kadio Augusto de Oliveira ponderou ainda que "questões que pairam" sobre seu processo levaram a sua expulsão. Ele é o primeiro policial que foi expulso da Polícia Militar após o motim em fevereiro do ano passado

Expulso da Polícia Militar do Ceará (PMCE) na última quarta-feira, 23, o soldado Raylan Kadio Augusto de Oliveira disse que “injustiças vão ser reparadas”, referindo-se ao seu processo. Por meio de suas redes sociais, ele disse ter “certeza” de que voltará à corporação e fez vários elogios ao órgão. “Eu sou um defensor veemente da Polícia Militar e tudo que ela representa”, defendeu.

Em vídeo, o homem considerou que a sua expulsão não tem relação com a PM, mas sim com “questões que pairam” sobre seu processo. Ele não explicou, no entanto, o que isso significaria. O POVO entrou em contato com o policial para saber o que seriam esses motivos que ele menciona e aguarda resposta. Raylan ainda pode recorrer da decisão tomada pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD).

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“A Polícia Militar é feita de homens e mulheres valorosos que saem de suas casas para defender a sociedade”, ponderou Raylan. Ele ainda defendeu a corporação, afirmando que não existem milicianos na PMCE. “Eu nunca vi e nem vai ter. Isso é coisa de quem não tem o que fazer, de quem quer enfraquecer a imagem da PM”, pontuou.

 

Raylan foi o primeiro policial militar expulso por causa do motim de fevereiro de 2020, de acordo com decisão da CGD. O soldado teria participado da invasão e ocupação do 18º Batalhão de PM, no bairro Antônio Bezerra, um dos epicentros do movimento paredista. Ele nega que tenha participado do movimento.

O POVO tentou entrar em contato com a CGD e PMCE para falar sobre o vídeo postado pelo policial, mas não foi respondido até a publicação desta matéria.

Entenda o caso

Entre os dias 18 de fevereiro e 1º de março de 2020, o motim da PM aconteceu no Ceará. A paralisação tinha como justificativa pedido de reajuste salarial para os militares. Um acordo de reajuste chegou a ser firmado com representantes da categoria; entretanto, os militares não aceitaram a proposta e deram prosseguimento ao movimento paredista.

A participação em atos de paralisações da Polícia Militar, no entanto, tem punições previstas em pelo menos 18 dispositivos do Código Penal Militar brasileiro (CPM), além de outras 15 transgressões disciplinares por via administrativa. Entre elas, aplicadas no caso de Raylan, estão Revolta (caso agentes que participam do motim estiverem armados) e Incitamento (caso os policiais incentivem a desobediência, a indisciplina ou a prática de crime militar).

De acordo com decisão da CGD, Raylan foi identificado em vídeo feito no batalhão, na noite de 27 de fevereiro, correndo, cantando e participando de uma espécie de solenidade de adesão ao movimento paredista, enquanto segurava a bandeira brasileira. Segundo afirmou em depoimento, porém, ele só foi até o local por "curiosidade" e por estar atravessando um quadro de ansiedade. O homem ainda mencionou que os militares eram chamados de "covardes" caso não paralisassem.

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