Nove bairros de Fortaleza concentram 37% dos casos confirmados de dengue em 2021
Mondubim (304), Planalto Airton Senna (194) e Canindezinho (151) lideram a lista. No total, a Capital cearense contabiliza 7.717 notificações de dengue
22:24 | Jun. 17, 2021
Em Fortaleza, nove bairros concentram 37% dos casos confirmados de dengue em 2021. Até o dia 10 de junho de 2021, a Capital acumulava 3.386 confirmações da doença, das quais 1.255 foram de residentes nos bairros Bom Sucesso, Manoel Sátira, Canindezinho, Siqueira, Mondubim, Novo Mondubim, Planalto Ayrton Senna, Passaré e Ancuri. Maior parte dos focos do mosquito está dentro de casa, porém, a pandemia limitou as visitas domiciliares.
Mondubim (304), Planalto Airton Senna (194) e Canindezinho (151) lideram a lista. No total, a Capital cearense contabiliza 7.717 notificações de dengue, segundo informe semanal mais recente publicado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A incidência na Cidade está em 126 casos para cada 100 mil habitantes.
A notificação é feita a partir da suspeita de um caso da doença. Já a confirmação ocorre após definição de critério laboratorial, clínico ou clínico epidemiológico de acordo com o cenário.
O boletim da SMS aponta os nove bairros como os detentores dos maiores acumulados de casos de janeiro a maio. Na distribuição de casos de dengue por mês de início dos sintomas, segundo Secretaria Regional de Saúde (SR), o destaque para fica para a Regional V com 45,5% das confirmações, seguida pela Regional VI, com 21,9%.
Segundo os dados do boletim, os casos confirmados cresceram 76,2% entre janeiro e fevereiro, 76,1% em março comparado a fevereiro, 123,6% em abril em relação ao mês de março e 10,5% em maio considerando os números de abril.
Em relação ao mesmo período do ano passado, a Capital apresentou uma queda de 40% nos casos confirmados de dengue, de janeiro a maio de 2021, mas alguns bairros exigem atenção. Segundo explica Carlos Alberto Barbosa, coordenador do Núcleo de Controle de Endemias de Fortaleza, há um cronograma semanal de combate às arboviroses envolvendo ações em diferentes bairros da Capital.
Nas últimas semanas, ele diz que a atuação incluiu bairros com mais casos, como Mondubim e Planalto Airton Senna. “Embora tenha a redução geral em Fortaleza, estamos fazendo intensificação de ações nesses bairros para evitar que, dessa forma, esses bairros possam ser disseminadores de bairros para a Capital”, explica.
Nesta semana, a Prefeitura está reforçando até sexta-feira, 18, operações de enfrentamento às arboviroses em 14 bairros da Capital (ver infográfico a seguir) com maior índice de notificação de casos suspeitos de dengue. Além de eliminação de criadouros e focos do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, as equipes realizam blitze com abordagem educativa.
Os moradores são orientados sobre as medidas de prevenção, e a Prefeitura realiza controle químico com máquinas portáteis e borrifação residual nos pontos estratégicos, entre outras.
Sorotipo 2 da dengue foi identificado em dez bairros neste ano
Uma das possíveis explicações para concentração dos casos de dengue em alguns bairros de Fortaleza é a circulação do sorotipo 2 do vírus da dengue (Denv-2). Até maio de 2021, o Denv-2 havia sido identificado em 16 amostras de dez bairros de Fortaleza: Floresta (2), Jardim Guanabara (1), Presidente Kennedy (1), Pici (1), Aeroporto (1); Planalto Airton (6), Prefeito José Walter (1), Siqueira (1), Parque Dois Irmãos (1) e Parque Santa Maria (1).
A dengue tem quatro sorotipos, dos quais circula geralmente o sorotipo 1. A partir de 2020, passou a circular também o sorotipo 2, que foi verificado pela última vez em 2008. De lá para cá, a população cresceu, logo existem mais pessoas suscetíveis ao vírus dessa linhagem.
A epidemiologista Daniele Queiroz, professora do Centro Universitário Unichristus, alerta que não há motivo para descuidar das medidas de prevenção para combater criadouros do mosquito. Ela projeta a chance de um aumento sustentado nos casos neste segundo semestre do ano, que pode resultar num surto da doença no começo do próximo ano. “O risco é de ter aumento da infestação do Aedes aegypti, ampliando a capacidade de transmissão da dengue e causando surtos. Não há recomendação de parar os cuidados”, pontua.
Com pandemia, número de focos de dengue eliminados cai 86,5%
Segundo Carlos Alberto Barbosa, do Núcleo de Controle de Endemias de Fortaleza, 80% dos focos do mosquito da dengue estão dentro de casa. Por causa da pandemia de Covid-19, desde março de 2020, o Ministério da Saúde passou a recomendar que agentes de saúde não realizassem atividades dentro do domicílio como forma de prevenção à contaminação pelo coronavírus.
Assim, a visita é limitada apenas na área peri domiciliar (frente, lados e fundo do quintal ou terreno). Hoje, os agentes de saúde não têm acesso ao imóvel sem entrada lateral. A mudança representou uma queda de 86,5% no número de focos do mosquito eliminados.
“Em 2019, a gente eliminava em torno de 20 mil focos nesse período [até junho]. Neste ano, nesse mesmo período, a gente conseguiu identificar e eliminar em torno de 2,7 mil focos do mosquito. Uma diferença bastante significativa”, compara.
Por isso, é ainda mais importante que a população faça a sua parte com uma vistoria semanal nos locais de armazenamento de água parada, como tonéis, vasos de plantas ou pneus. Ainda segundo o coordenador, 42% dos focos do mosquito da dengue na Capital estão em depósitos de armazenamento de água.
Ações recomendadas para combater a dengue
- Encha de areia os pratinhos das plantas, jogue no lixo os objetos que não estão sendo utilizados e que podem acumular água;
- Vede as caixas d’água, tonéis e barris de água, e evite o acúmulo de água sobre as lajes;
- Realize vistorias semanais em casa para se certificar de que não existem criadouros do mosquito da dengue;
- Utilize os produtos químicos apropriados para fazer a manutenção de casas com piscinas ou fontes, além de manter limpa a bandeja do ar-condicionado para evitar o acúmulo de água;
- Use repelentes e roupas compridas em áreas de risco, com presença de mosquito, principalmente no caso das grávidas.