Motoristas de ônibus confirmam greve a partir desta terça-feira, 8
A categoria busca reajuste salarial e melhores condições de trabalho. O Sindiônibus, que representa os empresários de ônibus, afirma que "não é razoável falar em greve"
19:52 | Jun. 07, 2021
ATUALIZAÇÃO: ÔNIBUS CIRCULAM NESTA TERÇA EM FORTALEZA
Atualizada às 20h48min
Motoristas de ônibus devem entrar em greve a partir da meia-noite desta terça-feira, 8, em Fortaleza e Região Metropolitana. A categoria busca reajuste salarial e melhores condições de trabalho. O Sindiônibus, que representa os empresários de ônibus, afirma que neste momento de pandemia "não é razoável falar em greve" e justifica que a situação crítica das empresas dificulta o atendimento das reivindicações dos trabalhadores.
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Segundo o diretor-presidente do Sintro, Domingos Neto, nesta segunda-feira, 7, foi realizada uma plenária sobre os últimos encaminhamentos da greve. Não há previsão para duração da greve. "Depende da movimentação. A gente não sabe se o Sindiônibus vai voltar à mesa". Segundo ele, o Sintro não foi procurado para mais negociações pelo sindicato das empresas de ônibus.
A assembleia realizada no último dia 29, com cerca de 200 profissionais, definiu o data da paralisação. O Sintro estima que nos ônibus urbanos e metropolitanos trabalham 7.800 trabalhadores, mas a adesão só poderá ser verificada com o início da greve.
Entre as maiores requisições dos motoristas está a inserção do público como grupo prioritário da vacinação. Na última sexta-feira, 4, o Sintro tomou conhecimento que os trabalhadores estariam fora da categoria após deliberação da Comissão Intergestores Bipartite do Ceará (CIB-CE). "Isso revoltou a categoria porque já são cerca de 20 mortes de trabalhadores rodoviários", explica Domingos.
O piso dos motoristas de ônibus no Estado é de R$ 2.270. O reajuste requerido pela categoria em relação a 2020 é de 3%. Já sobre 2021, o reajuste pedido é de 9%. Além da questão salarial, os motoristas pedem reajuste na cesta básica e no vale alimentação.
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Outra reivindicação do Sintro é pela volta à antiga operadora dos planos de saúde dos motoristas. "O Sindiônibus trocou o plano pra Unimed sem consultar a categoria. Com essa mudança, trouxe prejuízos no atendimento porque o Hapvida tem uma estrutura maior de locais para atender", explica.
Crise dificulta atendimento das reivindicações, diz Sindiônibus
Apesar de reconhecer os impactos negativos da pandemia, o Sindiônibus diz que não é razoável falar em greve neste momento e que a "redução drástica" no número de passageiros durante a pandemia "provocou um grande descompasso entre receita e custo". O órgão pode recorrer à Justiça, caso seja necessário.
De acordo com o sindicato, em maio último, a oferta de ônibus correspondeu a 77% do que era antes de pandemia de Covid-19. Foi transportado, nesse período, o equivalente a 58% da demanda considerada normal, de fevereiro de 2020 como referência. Em maio, o sistema de transporte urbano arrecadou R$ 12,5 milhões a menos que em fevereiro do ano passado. "Em tempos normais, seus pleitos seriam razoáveis, mas a situação crítica das empresas dificulta sobremaneira o atendimento das reivindicações do sindicato laboral", diz a nota.
Prefeitura e Governo anunciaram aporte de R$ 48 milhões para o setor a fim de evitar aumento da passagem de ônibus. Contudo, segundo o sindicato das empresas, ainda que o valor traga "grande alívio ao setor", será insuficiente para garantir o equilíbrio financeiro nas operadoras.
O Sindiônibus ainda reivindica prioridade na vacinação aos trabalhadores do transporte coletivo. A entidade afirma que tem feito "incessantes apelos" à Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa) desde o ano passado para viabilizar a prioridade aos profissionais do transporte coletivo na vacinação.
Em nota, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) disse que foi notificada sobre a decisão de greve e acompanhará a frota operante, assim como a quantidade de viagens realizadas durante a paralisação. A partir disso, podem ser remanejados veículos para linhas mais procuradas. Atualmente, o sistema transporta aproximadamente 470 mil passageiros/dia.
O órgão defende que a gestão municipal garantiu o aporte de 4,9 milhões por mês, provenientes dos tesouros municipal e estadual, para garantir a frota extra de 200 ônibus no horário de pico e ainda durante todo o dia nas linhas de maior demanda. "Outra medida aplicada pela Prefeitura, em parceria com o Governo, foi a manutenção da tarifa de ônibus, sem reajuste, no valor de R$ 3,60 (inteira) e R$ 1,60 (estudantil, com a finalidade de minimizar os prejuízos para a população durante a pandemia", argumentou em nota.
Reivindicações dos motoristas de ônibus
- Reinserção no grupo prioritário para vacinação contra a Covid-19
- Reajustes salariais de 2020 e 2021 (3% e 9%, respectivamente)
- Reajuste na cesta básica (R$ 145 para R$ 180)
- Reajuste no vale refeição (R$ 15 para R$ 18,54)
- Retorno à operadora anterior do plano de saúde (Hapvida, trocada pela Unimed sem consulta aos trabalhadores, segundo o Sintro)