Mutirão para emissão de documentos da população de rua visa dar celeridade ao processo de vacinação
Expectativa da Secretaria da Saúde de Fortaleza é que todo o grupo seja vacinado ao longo desta semanaA Praça do Ferreira foi o local escolhido para dar início ao mutirão de emissão de documentos da população de rua que será vacinada contra a Covid-19, em Fortaleza. A ação teve início pouco antes das 9h da manhã, desta segunda-feira, 31. O prefeito de Fortaleza José Sarto (PDT) e a secretária de saúde do município, Ana Estela Leite, estiveram presentes no local.
O chefe do poder executivo municipal antecipou que o plano da Secretaria de Saúde de Fortaleza (SMS) é concluir a vacinação dos grupos prioritários ao longo desta semana.
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"A nossa meta é terminar esta semana todas as fases dos que têm comorbidade, dos trabalhadores da educação, dos trabalhadores da segurança pública, dos agentes aeroportuários e da população em situação de rua. Semana que vem, se Deus permitir, com o trabalho dessa equipe, a gente começará a vacinar a população em geral, evidentemente em uma ordem decrescente de idade", contou Sarto.
O prefeito de Fortaleza ainda agradeceu a parceria do Governo do Estado que disponibilizou o Caminhão do Cidadão, onde atendimentos da Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará estavam sendo realizados, além do processo de aplicação de vacinas. Na ação, a Defensoria trabalha com o intuito de agilizar a emissão de documentação de pessoas em situação de rua que precisam de RG e CPF para serem vacinadas contra a Covid-19.
A defensora pública Mariana Lobo, supervisora do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas (NDHAC), conta sobre o auxílio prestado às pessoas em situação de rua durante o mutirão.
"A Defensoria trabalha na perspectiva de conseguir um registro civil de nascimento dessas pessoas, seja extrajudicial ou judicialmente, para, daí, essas pessoas terem acessos a várias políticas, uma delas é a política de saúde e imunização", explica.
Segundo Lobo, a expectativa é que a ação consiga atender de 30 a 40 pessoas por dia. As maiores dificuldades enfrentadas são referentes aos casos de pessoas em situação de rua que vivem em outro município, o que acaba deixando o processo mais lento, pois exige que a Defensoria busque cada município em específico para localizar aqueles dados.
A defensora explica ainda como funciona o processo de localização dessas pessoas após a Defensoria conseguir levantar os dados necessários para a emissão dos documentos.
"Temos duas formas, passamos o contato do telefone, mas, geralmente, essas pessoas não têm acesso a isso. O centro de referência, que está fazendo essa ação, toda segunda-feira monta uma vanzinha aqui do lado. Então vamos colocar todas as respostas para o centro de referência. Também perguntamos em qual equipamento tomam banho e se alimentam, e colocamos na ficha, se ele não vier na vanzinha, entramos em contato com o local para localiza-lo".
O mutirão será realizado até o próximo dia 10 de junho em diversos bairros da Capital. Rodrigo Amaral, gerente do centro de referência sobre drogas da SPS, explica a logística dos próximos dias.
"Atendemos, semanalmente, algo em torno de 120 pessoas, toda semana, aqui. Hoje, com a vacinação, esse número pode aumentar. Se precisar, a secretaria de saúde está preparada para buscar mais vacinas e garantir a vacinação de todos. Vamos estar na Praia de Iracema, na praça do Dragão do Mar, no Parque Bisão, no Jacarecanga, no Papicu, na Serrinha, na Parangaba e no Lagamar", relata.
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Felicidade pela imunização
Ainda na manhã desta segunda-feira, 31, o mutirão realizado já rendia seus primeiros frutos. Nem a máscara foi capaz de esconder a felicidade estampada no rosto de Vera Lúcia Nascimento, 54, que está em situação de rua há 13 anos.
"Hoje pra mim foi um dia muito especial, estou muito feliz. Como moradora de rua, como eu e meus companheiros de rua também, ser visto como cidadão é uma grande felicidade. Que essa vacina não seja só para os moradores de rua, mas para todos os brasileiros e para a galera do mundo inteiro. Adeus Covid", declara.
Hélio Bezerra, 56, foi mais um dos contemplados com a vacina. Com os olhos marejados, ele comemora o fato de, em breve, voltar a abraçar outras pessoas.
"O sentimento é de alegria. Quando eu soube que estavam dando vacina, eu vim aqui. Depois disso, e da outra dose, eu sei que posso abraçar outras pessoas que não vou contaminar com alguma coisa ou ser contaminado por elas, é muito importante isso", relata emocionado.
O jovem João Ricardo, de apenas 19 anos, conta que está na rua há sete meses, e agradece pela oportunidade recebida. "Estou alegre, porque tem muitas pessoas que ainda não foram vacinadas e é um privilégio a gente estar sendo vacinado hoje. Eu passei sete meses na rua, viciado, mas fui acolhido por um centro espiritual, hoje é só felicidade e gratidão a Deus. Muitas pessoas perderam a vida por isso, tenho que agradecer a Deus por estar respirando", finaliza.