13 de maio: integrantes do movimento negro promovem protesto nacional contra o racismo

O ato em Fortaleza terá início às 10h, em frente à estátua de Iracema; outras cidades também participarão do protesto

Pelo fim do racismo, do genocídio da população negra e do controle social da atuação das polícias, os integrantes do movimento negro irão promover manifestações nesta quinta-feira, 13. Nomeado de “13 de maio de luta”, o ato faz alusão ao marco do fim da escravidão no Brasil e tem como lema “Nem bala, nem fome, nem Covid. O povo negro quer viver!”. Em Fortaleza, o ato terá concentração marcada para 10h, em frente à estátua de Iracema.


Durante a mobilização, algumas pautas serão levantadas. Dentre elas, a reivindicação por auxílio emergencial de R$600,00 até o fim da pandemia, o direito da população negra à vacina contra o coronavírus pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o fim do governo Bolsonaro. ”Vivemos em um país no qual amanhã poderemos estar mortos. Seja pelo coronavírus, seja pela fome, seja pela bala. O projeto político e histórico de genocídio negro avança no Brasil.”, afirmam militantes do movimento, em manifesto.

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O ato ocorre após uma semana da operação na favela de Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que deixou 28 mortos, e antecede dois casos que completarão um ano. O do menino João Pedro, de 14 anos, que foi assassinado em sua casa, em São Gonçalo no Rio de Janeiro. A investigação não foi concluída e os policiais seguem trabalhando. E o caso do afro-americano George Floyd, de 46 anos, estrangulado pelo policial branco Derek Chauvin. As investigações foram concluídas e o policial condenado por assassinato.


Os episódios provocaram ondas de protestos e repercussões, e impulsionaram a luta por justiça contra impunidades e pelo fim da violência policial racista. “O fato de existir uma resolução para o caso não significa que a política de segurança pública esteja funcionando, muito menos que o racismo acabou.”, afirma a ONG Coalizão Negra por Direitos, organizadora do movimento, que também chama a atenção para a necessidade de acompanhamento e cobrança contínua do Brasil sobre os acontecimentos internos.


Em Fortaleza, o ato está sendo organizado por 12 organizações, que orientam quem for participar para comparecer de máscara – se possível usar a PFF2 – higienizar as mãos com álcool em gel constantemente, se manter em local ventilado, respeitando o distanciamento social seguro. A concentração está marcada para 10h, em frente à estátua de Iracema.


Além de Fortaleza, diversos estados aderiram à convocação nas mídias sociais realizada pela ONG Coalizão Negra por Direitos, que reúne entidades do movimento negro brasileiro. Até o momento, estão previstas mobilizações em 28 cidades brasileiras: Salvador, Belém, Brasília, Porto Alegre, Recife, São Paulo, Macapá, Goiânia, Teresina, Belo Horizonte, Rio Branco, Cuiabá, João Pessoa, Fortaleza, Vitória, Manaus, Curitiba, Natal, Aracaju, Maceió, Londrina, Angra dos Reis, Macaé, Petrópolis, Santos, Bauru, Ilhabela e Jacareí.


13 de maio: motivo de comemoração ou de protesto?


“13 de maio, primeiro de abril. Nessa história negro não caiu. E viva Zumbi! E viva Zumbi!” - verso cantado pelo grupo llú Obá De Min.


Por longos anos o dia 13 de maio voltou os holofotes à princesa Isabel. Marcado pelo fim do sistema de escravidão no Brasil, a data celebrava a “generosidade” da monarquia brasileira.


A realidade, de acordo com a a chefe do Departamento de Extensão Social e Cultura do IFCE, Anna Erika, é bem diferente das narrativas fantasiosas veiculadas em livros de história, carrega cicatrizes de um processo político altamente violento e conflituoso, cheio de arranjos, negociações e protestos. A aprovação da Lei Áurea, por sua vez, foi resultado do envolvimento popular na causa da abolição.


“É necessário colocar em foco o protagonismo de quem realmente fez a diferença nesse processo histórico, como André Rebouças, Luiz Gama, José do Patricínio, Zumbi e tantas mulheres e homens negros que foram literalmente diminuídos, ofuscados e mesmo silenciados pelo racismo e machismo dos registros históricos que tomou como referência a branquitude”, afirma Anna Erika.

A data de 13 de maio de 1888 acabou sendo uma abolição inconclusa, já que não garantiu direito, integração social, econômica e cultural dos ex-escravos à sociedade. “Hoje é dia de denúncia! Denunciarmos o racismo estrutural da sociedade, a pobreza que é sentida, principalmente, pela população vulnerabilizada que tem cor, e que foram abandonados à própria sorte.”, reitera Anna.

 

 

Kauanna Castelo

 

 

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