Chacina no Barroso seria vingança por atentado contra parente de chefe de facção

Também a rivalidade entre facções que atuam no bairro motivou a matança. Testemunhas disseram que vítimas foram mortas apenas por estarem na rua

23:01 | Abr. 27, 2021

Por: Lucas Barbosa
DHPP é responsável por investigar assassinatos consumados em Fortaleza e em mais oito cidades da Região Metropolitana (foto: Divulgação/SSPDS)

A chacina que deixou quatro mortos e um ferido no bairro Barroso, na madrugada do último domingo, 25, pode ter sido uma retaliação de uma facção criminosa por um atentado a uma parente de um chefe da organização há cerca de uma semana. A informação consta no inquérito policial que investiga o caso, ao qual O POVO teve acesso a trechos. A ocorrência ainda resultou em uma quinta pessoa morta, no que teria sido uma morte em decorrência de intervenção policial.

A motivação da chacina foi explicada pelo único suspeito preso até o momento: Francisco Helliton da Silva Sales, de 20 anos, localizado no mesmo dia do crime em uma casa da comunidade João Paulo II, também no bairro Barroso. Ele, porém, afirmou em depoimento que não participou da chacina, apenas ficou na “contenção” do João Paulo II, ou seja, protegendo o local de rivais. Francisco Helliton também confessou ser “simpatizante” do Comando Vermelho (CV), facção responsável pela a chacina. Na área onde a matança foi registrada, há pichações da facção Guardiões do Estado (GDE), que atuaria no local.

Também a rivalidade entre as facções motivou o crime, afirmou a fonte. “O Barroso ficava enviando 'recado' afirmando que ia tomar os bairros da facção rival, sendo estes os bairros Gereba, João Paulo II e Santa Rita”, disse. Cerca de 15 pessoas teriam cometido a chacina. Uma testemunha de identidade preservada confirmou a informação sobre a motivação da chacina. Conforme a fonte, um homem que seria o chefe do CV no Santa Rita organizou a revanche.

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As vítimas foram mortas enquanto bebiam em frente a uma residência. Elas foram identificadas como: Italo Rodrigues Dias, de 27 anos; Edvando Felix de Souza, de 47 anos; Francisca Samara Valentim de Sousa Nascimento, de 24 anos; e Aginaldo Antonio da Silva, de 47 anos. Ao todo, 19 tiros atingiram as vítimas. No local do crime, foram encontrados cápsulas de calibre 12 e pistola .40 e 380. Nenhuma das vítimas respondia a processos na Justiça, conforme levantou O POVO. Parentes delas afirmaram que nenhuma delas é envolvida com facção nem outros crimes ou drogas. Conforme uma das testemunhas, os quatro foram mortos apenas por estarem na rua. “As mataram só por maldade”. Edvando era pedreiro e deixou dois filhos. Aginaldo era servente de pedreiro e deixou quatro filhos. A quinta pessoa atingida foi encaminhada consciente ao Instituto Dr. José Frota (IJF).

Uma outra pessoa ainda foi encontrada morta próxima ao local da chacina. Conforme as investigações preliminares, ela teria participado da chacina. Em seu bolso, foram encontradas 10 cápsulas de calibre 12. A vítima foi identificada como: Luis Carlos Bezerra Melo Filho. Na casa dele, a PM encontrou uma espingarda calibre 12 artesanal. Existe a suspeita de que o local foi usado como base para os executores da chacina.

Uma testemunha afirmou em depoimento que Luis Carlos foi morto em intervenção policial. Ele conta que foi abordado por um grupo de cerca de seis pessoas, que roubou a moto em que trafegavam. O bando fugia após participar da chacina, conforme a Polícia Civil. PMs flagraram o assalto ao motociclista, o que deu início a um tiroteio em que um dos assaltantes foi baleado. A testemunha reconheceu-o como Luis Carlos através de fotos.

Em audiência de custódia realizada nesta terça-feira, 27, Francisco Helliton teve a prisão em flagrante convertida para preventiva. Na casa onde ele estava, a Polícia Militar apreendeu um revólver calibre 38 com 13 munições intactas, além de um rádio transmissor, uma balança de precisão e material usado para embalar droga.