Sindiônibus afirma que frota não pode ser ampliada porque empresas venderam os ônibus

Audiência ocorreu nesta sexta-feira, 26, de forma remota com representantes de setores do transporte urbano regular do Ceará

16:58 | Fev. 26, 2021

Por: Ítalo Cosme
Movimentação no terminal de Messejana em 24 de fevereiro. (Fotos: Fabio Lima/O POVO) (foto: FABIO LIMA)

Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Dimas Barreira afirmou que não é possível colocar nas ruas a mesma quantidade de ônibus que circulavam antes da pandemia. Conforme o representante sindical, as empresas de transporte regular tiveram de vender os veículos para não colapsar o sistema público de Fortaleza.

A declaração foi dada durante audiência do Ministério Público do Ceará (MPCE), presidida pela promotora de Justiça Ana Cláudia Uchoa de Albuquerque Carneiro. De acordo com Dimas, 1.751 veículos operavam no sistema antes da pandemia, transportando 923 mil passageiros por dia. Hoje, operam 1.549 para atender a demanda de 60% dos usuários. Duas centenas foram incluídas após ação da prefeitura de Fortaleza e Governo do Estado.

Dimas comentou ainda que este é o novo normal para 2021. Segundo ele, é a frota que já estava programada para este ano e que “coincidentemente” teve de ser colocada na rua. “Se a gente quiser colocar a frota anterior para operar, antes da pandemia, a verdade é que a gente nem tem essa frota mais".

"Não temos demanda para ônibus a mais"

Titular da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Scsp), Ferrucio Feitosa reforçou que nem sequer há demanda suficiente que justifique a ampliação da frota na Capital. Após a vereadora Larissa Gaspar (PT) contestar a venda de veículos, o gestor municipal afirmou que para acrescentar carros é preciso pagar. Assim, as empresas não teriam condições para isso.

“Se não tem passageiro suficiente, que justifique o aumento da oferta, alguém tem que pagar a conta. A prova disso é que nós não temos demanda suficiente para colocar ônibus a mais. A prefeitura tem feito esforço para colocar mais ônibus, mas estamos bancando isso. As empresas não tem como”, disse o titular da SCSP.

Ferruccio detalhou ainda que o índice de passageiros por quilômetro agora é de 1,7. Antes da pandemia era de 2,5. O secretário complementa que, ao comparar o mesmo dia, mas em períodos com e sem pandemia, a queda de receita é de quase R$ 1 milhão por dia. Normalmente, o valor movimentado é de pouco mais de R$ 2 milhões. A média diária é de 510 mil usuários atendidos pelo sistema.

"Fortaleza, ao longo dos anos, se desenvolveu, de maneira tal, que temos hoje opções de outros modais de transporte. A gente tem VLT, metrô, mototáxi, transporte complementar e tantos outros, tem até aplicativo à disposição da população", frisou Ferruccio.

O secretário informou que a cidade conta com frota acima da necessidade. Tivemos queda de 45% dos usuários. "Quando o ônibus chega nas plataformas, infelizmente, nós não controlamos as pessoas. Elas querem ir e voltar no mesmo horário. As jornadas de trabalho começam no mesmo horário.

Assistir a maioria

Élder Ximenes Filho, promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional da Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa(Caodp), pontuou que nada se aproxima do prejuízo de uma pandemia descontrolada. "A pessoa pública tem que assumir o ônus e deixar alguns desassistidos para assistir a maioria no que é essencial.”

Ximenes reforçou: “o prejuízo maior, inclusive econômico, viu Sindiônibus, eu quero que vocês tenham muito lucro, aumentem, inclusive, o salário de cobradores e motoristas, coloquem ar condicionado com filtro, mas imaginem se o Brasil inteiro e Fortaleza vira o Peru, ou Itália ou Manaus. Aí, vai fechar tudo, nós vamos ter prejuízos não só econômicos, mas vai morrer gente da nossa família”, alertou. Logo em seguida, reafirmou que o problema exigirá remanejo de recursos, se necessário.