Envolvidos na morte de 2 pessoas na lagoa da Maraponga em julho cometeram outro assassinato na mesma noite
As informações foram apuradas e reveladas em audiência de custódia do Ministério Público do Ceará nesta segunda-feira, 24
23:40 | Ago. 24, 2020
Os suspeitos de terem cometido o assassinato de duas pessoas na lagoa da Maraponga no dia 12 de julho foram identificados e tiveram a prisão preventiva requisitada nesta segunda-feira, 24. O crime, segundo apurou o Ministério Público do Ceará (MPCE), se trata de um triplo homicídio, envolvendo um outro assassinato ainda na madrugada do dia 12 do mês passado.
As vítimas não possuíam nenhuma ligação com qualquer facção criminosa, mas foram assassinadas em um local dominado por uma facção e mortas pelo grupo criminoso rival, como forma de expressar uma disputa por território. As informações foram expressas pelo MPCE em audiência de custódia do caso que reuniu dados e uma delação de um dos réus a ser enviada para a 5ªVara do Júri da comarca de Fortaleza, a fim de que seja determinada a prisão dos envolvidos, bem como diligências nas casas e endereços associados aos réus.
Os crimes ocorreram entre 01h50min e 2h09min do dia 12 e tiveram a participação de pelo menos cinco homens. Um dos homens, ainda não foi identificado, sendo mencionado apenas como 'Keké' ou 'Aleijado'. Ele estaria dando suporte aos outros quatro homens que teriam sido recrutados para executarem “pelo menos dois homicídios”, conforme concluiu o MPCE.
A ação seria uma forma de confrontar a facção que atua nos locais onde os assassinatos ocorreram, nos arredores do Shopping Parangaba e nas proximidades na Lagoa da Maraponga. O triplo homicídio foi arquitetado por todos os cinco homens que se reuniam na Comunidade Sítio do Crack, nas imediações da Rua São José, no bairro Maraponga. O investigado 'Keké' teria comparecido ao local com um carro para conduzir os homens até o local onde ocorreram os assassinatos.
Participaram dos crimes e foram considerados “inequivocamente responsáveis” pelas mortes, de acordo com conclusão do MPCE: Francisco Anderson Pereira Costa, de 25 anos; Sidney Marques Sousa, de 25 anos e conhecido como “Magão”; Francisco Wallafi Henrique, conhecido como “Alef Playboy”, de 25 anos e Leonardo dos Santos Brito, conhecido como “Leo”, de 28 anos. Assim como o indivíduo mencionado como “Keké/Aleijado”.
O documento do MPCE, reúne dados apurados pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) e a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e também do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Conta ainda com base nos depoimentos de parte dos réus. Um deles chegou a confessar a autoria dos crimes e forneceu um apanhado detalhado de como os homicídios ocorreram. Leonardo dos Santos e Francisco Wallafi não foram encontrados e não compareceram para prestar depoimento.
TRIPLO HOMICÍDIO
O primeiro dos crimes cometidos pelos investigados diz respeito ao assassinato de Gerson Ediberg Pereira dos Santos, conhecido como Neném. Gerson estaria em situação de rua devido não possuir parentes em Fortaleza. A informação apurada pelos agentes de segurança é de que ele vendia água nos sinais de trânsito e estava inscrito na lista de espera para receber o benefício do aluguel social, da prefeitura de Fortaleza.
Ele estaria deitado em um colchão na rua Pedro Segundo, nas imediações do Shopping Parangaba e da Estação do VLT Parangaba, quando foi surpreendido pelos suspeitos. O MPCE acredita que ele estivesse dormindo no momento em que Francisco Anderson e Francisco Wallafi, (Alef Playboy) o encontraram. Wallafi foi o primeiro a disparar contra a vítima que morreu ainda no local.
Francisco Anderson afirmou que desceu do carro e depois de localizarem a vítima, ficou aguardando e vigiando a retaguarda do veículo, enquanto Leonardo dos Santos, que aguardava dentro do veículo e Sidney, conhecido como “Magão”, que vigiava a esquina próxima ao local do crime. Todos estavam armados. Depois do crimes, com exceção de Francisco Anderson, os demais réus se dirigiram para às margens da Lagoa da Maraponga.
Na lagoa, o alvo inicial deles seria Francisco Ediberto dos Santos Brasileiro, conhecido como Ediberto/ Sundown, também em situação de rua, como Gerson. Mas ao chegarem no local, Ediberto estaria acompanhado de Soraya de Oliveira Santiago, travesti e dona de um salão de beleza. Os réus, segundo o MPCE “não hesitaram” em disparar, com intenção de matar, contra Soraya, ainda que ela não fosse um dos “alvos” dos criminosos.