Adoção de animais aumenta durante pandemia, mas cuidadores alertam para casos de abandono

Adoções podem ser mais impulsivas e findar em abandonos após retomada da rotina "normal"

 

Durante a quarentena, muitas pessoas começaram a se sentir solitárias em casa e decidiram procurar um amigo de quatro patas para terem companhia. Assim, a taxa de adoções de cães e gatos aumentou no Brasil - realidade também sentida em Fortaleza. É o que relata Rosane Dantas, diretora do Abrigo São Lázaro: “A gente tem adotado vários animais, até os com alguma deficiência, os mais velhos e muitos filhotes”, comenta.

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Na internet, não faltam artigos sugerindo a adoção de bichinhos durante a pandemia, inclusive apontando que a convivência com eles ajuda na produção de endorfina e serotonina. Os hormônios atuam no cérebro para regular o humor, sono, apetite e reduzindo as taxas de cortisol, relacionado ao estresse.

No entanto, ainda que o fluxo de adoções pareça animador, ele pode ser o começo de um dado preocupante: o aumento da taxa de abandono após adoção. De acordo com Daniele Vasconcelos, coordenadora do Projeto de Convivência com cães e gatos em estado de abandono no campus Itaperi da Universidade Estadual do Ceará (Uece), algumas adoções durante a pandemia podem ter sido pautadas na impulsividade.

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+O bem que faz um animal de estimação

“Adotar é um ato de amor, um ato jurídico e um ato de responsabilidade”, reforça a professora da Uece. Isso significa que, além do carinho necessário para a adoção, o processo também está envolto por responsabilidades jurídicas e sociais. Assim que a pessoa se compromete a adotar um animal, ela deve seguir uma série de responsabilidades que, quando descumpridas, podem vir a ser punidas por lei.

Afinal, os animais também são sujeitos de direito. Exemplo é o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605/98, que define como crime praticar atos de abuso e de maus-tratos a animais domésticos, silvestres, nativos ou exóticos. A pena é de detenção de três meses a um ano e multa.

“Essa impulsividade acaba resvalando agora, que estamos retomando nossa rotina, a um outro problema social, o abandono pós adoção”, comenta Daniele. “Como vou adquirir uma vida partindo do mesmo desejo que tenho de adquirir um objeto?”

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O que analisar antes de adotar um animal

 

De acordo com Daniele, as adoções precisam ser responsáveis e conscientes. Ou seja, elas devem partir de uma reflexão racional da capacidade de se responsabilizar por uma vida. Somente o desejo de cuidar é insuficiente. Veja o que a professora sugere refletir e fazer antes de se adotar um animal:

1 - Refletir o tipo de adoção a ser realizado: você tem condições de permanecer com o animal, provendo um lar definitivo? Ou a adoção será no sistema lar temporário, servindo como um “padrinho” do animal até ele ser adotado definitivamente?

2 - Buscar as instituições e lares de apoio para fornecimento de informações: é preciso saber se o animal tem alguma deficiência, se precisará de cuidados veterinários mais constantes, por ser mais velho; ou até o mais básico, se o animal já foi castrado e vacinado.

3 - Condições financeiras: não é preciso ser rico para adotar um animal, mas deve-se ter consciência de que a adoção envolve custos veterinários e de manutenção. Vacinas, castração e rações específicas para a faixa etária são um gasto a mais nas contas de casa.

4 - Conversar com as pessoas que moram com você sobre a adoção: o novo membro da família deve ser bem recebido por todos. Portanto, é crucial que todas as pessoas que dividem a casa estejam de acordo com a adoção do animal.

Acesse as cartilhas desenvolvidas pela organização não governamental (ONG) AMPARA Animal:

Guia do bem-estar animal


Folder Castrar é um ato de Amor


Abandono também aumenta

 

O abandono de animais também aumentou durante a quarentena, diz a diretora do Abrigo São Lázaro, Rosane Dantas. Segundo ela, as dificuldades econômicas vividas pela pandemia de Covid-19 fizeram com que muitas pessoas abandonassem os bichinhos de estimação. “Muitas pessoas perderam o emprego, foram morar com outras pessoas porque não podiam sustentar a casa”, lamenta.

Outro fator motivador dos abandonos foi o medo de os animais contraírem e transmitirem o novo coronavírus. A médica veterinária virologista Maria Fátima Teixeira, membro do Grupo de Trabalho para enfrentamento à pandemia do coronavírus da Uece, reforça que cães e gatos não transmitem a Covid-19.

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Ela explica que os coronavírus que afetam cachorros e gatos são diferentes dos humanos e incapazes de nos contaminar. O que é possível de acontecer é que, ao terem acesso a locais contaminados, o Sars-Cov-2 “grude” nos bichinhos. Por isso, as recomendações sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS) são de limpar as patas dos cães e gatos com água e sabão após voltarem do passeio, além de limpar cuidadosamente os focinhos deles.

“No caso dos animais que pegam coronavírus, eles pegam porque têm contato com o tutor que está doente. Apenas nesses casos o animal pode se contaminar, mas sempre de uma forma bem mais branda”, afirma a especialista, elucidando notícias sobre animais com teste positivo para Covid-19. Mesmo nessas situações, eles não transmitem o novo coronavírus.

Onde adotar em Fortaleza

 

Abrigo São Lázaro

Abrigam 100 gatos e 800 cachorros.

Contato: Instagram @abrigosaolazaro

Lar TinTin

Abrigam animais resgatados vitimas de maus tratos, com deficiências e com doencas cronicas.

Visitas: segunda a sábado, das 10h às 17h

Contato: (85) 9 8185.3602 / abrigolartintin@gmail.com / Instagram @lartintin / Facebook: Abrigo Lar TinTin

Site: https://abrigolartintin.wixsite.com/abrigolartintin


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