Esposa do motorista de aplicativo, encontrado morto, narrou sofrimento pelo Instagram
Durante quase três dias, a estudante de engenheira ambiental Bianca Fonseca pediu informações, rezas e que o marido – Alexandre Hadlich – entrasse "pela porta da casa" e acabasse com o sofrimento iniciado na última segunda-feira,10
23:55 | Ago. 12, 2020
A última vez que Bianca Fonseca, 24, falou com o esposo, o motorista de aplicativo Alexandre Hadlich Fernandes, 32, foi às 6h30min, da segunda-feira passada, 10. Na noite desta quarta-feira, a estudante engenheira ambiental recebeu a notícia de que policiais tinham encontrado o corpo do marido.
Alexandre Hadlich, que nasceu no Paraná e estava há três anos no Ceará, foi localizado sem vida na altura do quilômetro 30 da BR-116, em Itaintiga, município da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O motorista de aplicativo teria sido vítima de um latrocínio.
Ao O POVO, Bianca Fonseca contou que o marido havia atendido uma chamada do aplicativo InDriver e que só aceitou porque o trajeto estava no caminho de casa. Do bairro Maraponga, onde apanhou os passageiros, à Messejana, destino de sua residência (Sítio São João). Foi a última corrida. “Ele não trabalhava à noite, começava às 6 horas da manhã e encerrava no final da tarde. Ele fazia tudo para chegar em casa ainda com o sol”, ressente a esposa.
Na segunda-feira passada, quando os 20 minutos de espera prometidos por Alexandre Hadlich se transformaram em uma hora, Bianca desconfiou que algo estava errado. Pelo Instagram, Bianca Fonseca narrou a história do desaparecimento do companheiro e pediu que a ajudassem com informações que levassem ao paradeiro do paranaense.
“Ele me ligou 18h30min dizendo que em 20 minutos chegava em casa. Uma hora depois, ele não chegou. Foi aí, que abri o rastreamento do carro e eles (os assaltantes e o marido) já estavam em uma estrada em Aquiraz”, escreveu em seu perfil na rede social.
O sinal do rastreador do carro, de acordo com a engenheira ambiental, parou em um ponto no 4º Anel Viário. Acionados, policiais rodoviários federais foram ao local acompanhados de um irmão de Bianca Fonseca. Porém, não encontraram o rapaz nem o veículo – um Ônix, cinza, de placas QPG9823.
“Já fiz o B.O. e a placa já está na busca (da polícia), e hoje de manhã mais uma equipe da PRF (Polícia Rodoviária Federal) vai fazer buscas no matagal. No rastreamento, diz que o carro está parado no mesmo ponto, mas com bateria baixa. A gente acha que eles tiraram o rastreador e seguiram noite a dentro. Até agora, sem notícias e meu coração tá na mão”, escreveu na manhã de ontem.
O sofrimento da moça seguiu a terça inteira, 11, e entrou por hoje, 12. “Ontem passei a noite em claro, rezando e esperando por você entrar pela porta da nossa casa. Hoje, estou exausta e me sinto mal por estar confortável e, provavelmente, você não. Espero que me perdoe”, escreveu Bianca Fonseca.
Em uma das postagens, André Costa, secretário da Segurança Pública do Ceará, comentou que a SSPDS “estava empenhada no caso. A @desaparecidosdhppce está priorizando o caso. Qualquer informação, é importante mandar para os investigadores e não ficar expondo em redes sociais. Agradecemos a ajuda de todos”.
Em sua penúltima postagem, na noite desta quarta-feira, por volta das 21h08min, Bianca informava que Alexandre Hadlich tinha sido morto pelos assaltantes. “Obrigado a todos, mas infelizmente o corpo foi encontrado. Agora é lutar para dar tempo trazer a família e respeitem o luto. Agradecemos as mensagens”, escreveu a estudante de engenheira ambiental.
O corpo de Alexandre Hadlich tinha marcas de violência e, segundo a Polícia Civil, teria sido abandonado há mais de 24 horas em Itaitinga. Além de motorista do aplicativo, Alexandre também era educador físico. Até a noite desta quarta-feira, o carro da vítima não havia sido localizado e ninguém foi preso.