Arcebispo de Fortaleza afirma que ainda não é hora de reabertura das igrejas

"No tempo de pandemia em que estamos vivendo são necessárias restrições pessoais para o bem de todos", declarou dom José Antonio Aparecido Tosi Marques em carta

16:30 | Jun. 01, 2020

Por: Lucas de Paula
Fiéis em 2019 durante Missa do Galo (foto: AURELIO ALVES)

O arcebispo metropolitano de Fortaleza dom José Antonio Aparecido Tosi Marques anunciou nesta segunda-feira, 1º, como se dará a reabertura das igrejas na Capital. Em carta, ele afirmou que "ainda não é o tempo para tal" e que durante a pandemia do novo coronavírus "são necessárias restrições pessoais para o bem de todos".

No documento o arcebispo cita as medidas isolamento rígido, as quais classificou como necessárias. "Repetimos o que já tínhamos dito em Carta Circular anterior (oo4/2020): com muita calma chegaremos a este pontos, mas ainda não é o tempo ideal para tal", declara, sobre possibilidade de volta de missas presenciais em paróquias da Igreja Católica Apostólica Romana.

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Ainda na carta dom José Tosi afirmou que restrições pessoais são importantes para o bem de todos. "No tempo de pandemia em que estamos vivendo são necessárias restrições pessoais para o bem de todos, e já que está ainda em crescimento a contaminação com o coronavírus e suas consequências dolorosas, especialmente agora entre os mais vulneráveis da humanidade", afirmou.

Celebração de Corpus Christi

Apesar de o feriado de Corpus Christi ter sido adiantado para a semana passado, a celebração continua. Para a data, será feita uma transmissão ao vivo — a fim de evitar aglomerações — com padre e equipe de liturgia. "Não haverá procissão, não haver manifestações, nem aglomerações. Nada disso", declarou a assessoria da Arquidiocese ao O POVO.

Confira carta do arcebispo na íntegra:

"No tempo de pandemia em que estamos vivendo são necessárias restrições pessoais para o bem de todos, e já que está ainda em crescimento a contaminação com o coronavírus e suas consequências dolorosas, especialmente agora entre os mais vulneráveis da humanidade. Diante da expectativa da parte de muitos irmãos sacerdotes e fiéis, sinto-me na necessidade de dirigir a todos alguns esclarecimentos.

As autoridades civis e sanitárias tem dado insistente recomendação de continuar com o isolamento social rígido, apesar de gradativamente, por razões de promoção da atividade econômica, ir entrando em uma retomada de atividades sociais.

Neste contexto, muito se tem debatido sobre a abertura dos templos das diversas confissões religiosas para atendimento de fieis. O governo estadual e municipal, diante de pressões de alguns líderes religiosos e fieis, estão propondo uma gradual abertura dos mesmos com determinação de porcentagem de participação dos fieis e determinando as condições em que isto será permitido. A cada etapa deverá ser feita uma avaliação para maior abertura ou retorno a mais rígido isolamento e fechamento novamente dos
templos.

Diante destas determinações e para esclarecer a nossos fieis da Igreja Católica na Arquidiocese de Fortaleza estamos enviando esta nova Carta Circular. Repetimos o que já tínhamos dito em Carta Circular anterior (oo4/2020): COM MUITA CALMA CHEGAREMOS A ESTE PONTO, MAS AINDA NÃO É O TEMPO PARA TAL. As condições de isolamento social rígido, necessário para enfrentar a pandemia, nos impede ainda de atrair os fieis a sairem de casa para participar do culto nas igrejas. Ninguém controlaria que todos obedecessem às condições que se fazem necessária para evitar o contágio, seja pela locomoção externa, seja pelo encontro com muitas pessoas. Quem poderia escolher quem participaria das missas e quem não? Ademais, nosso povo tão religioso costuma encher as igrejas para as celebrações. Como conter que saiam de casa apenas alguns e outros não?

ASSIM AINDA NÃO ABRIREMOS NOSSOS TEMPLOS (igrejas, capelas e dependências de atendimento público – secretarias, salões paroquiais e centros pastorais), ATÉ NOVA DETERMINAÇÃO, quando as condições de segurança realmente permitirem.

A criatividade do amor dará aos pastores e fieis a descoberta de diversas possibilidades de continuar a alimentar a própria vida cristã e a comunhão eclesial na vivência da Palavra de Deus, das obras de Caridade, da renúncia e sacrifícios da própria vida, unidos à Paixão do Senhor.

A Igreja, Mãe dos filhos de Deus, como Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, quer cuidar com desvelo materno de seus filhos e por isso deseja o pleno bem de toda pessoa humana. Ouvimos ainda ontem as palavras do Santo Padre, o Papa Francisco, falando aos fieis, em especial aos brasileiros, referindo-se à Amazônia (o que serve para todos nós!): ”Cuidar das pessoas que são mais importantes que a economia. Nós, pessoas, somos templo do Espírito Santo, a economia não.”

Esperamos assim, que seja a comunhão fraterna em Cristo a nos iluminar e fortalecer no enfrentamento da situação pandêmica que vivemos. E será esta mesma a nos dar lições para o futuro de um mundo mais de acordo com o projeto amoroso de Deus.

Desejamos a todos e às comunidades a que servem como pastores as graças e
alegrias do Senhor Ressuscitado que está conosco pelo Seu Espírito Santo de Amor."