Fortaleza é a quinta cidade brasileira com maior percentual de casas em favelas
No Ceará são mais de 240 mil domicílios em aglomerados subnormais, deixando o Estado em sétimo lugar do País. Número sinaliza a proporção da vulnerabilidade social "com possíveis consequências para os serviços de saúde e assistência social" para a Covid-19No Ceará existem 809 favelas, localizadas em mais de 40 cidades e totalizando 243 mil domicílios. O número corresponde a 9,2% dos lares cearenses e coloca o Estado em sétimo lugar do ranking que considera o percentual de cada unidade federativa. Só em Fortaleza, são 187.167 famílias nessas condições, o equivalente a 23,56% dos lares da Capital e que a coloca como a quinta cidade brasileira, entre as com mais de 750 mil habitantes, em proporção de domicílios nos chamados aglomerados subnormais. Os dados estão no estudo Aglomerados Subnormais 2019: Classificação preliminar e informações de saúde para o enfrentamento à Covid-19, divulgado na manhã desta terça-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O levantamento mensurou ainda a distância das comunidades em relação às unidades de saúde. No Ceará, o município com aglomerado mais distante de um equipamento com suporte de observação e internação é Granja, que abriga as localidades conhecidas como Pessoa Anta, a 28 km de uma unidade de saúde em Viçosa do Ceará, e como Adrianópolis, a 24 km de unidade de saúde em Chaval.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Do total de comunidades cearenses, 75 estão a menos de 500 metros de uma unidade de saúde, 206 estão entre 500 m e 1 km, 314 entre 1 e 2 km, 169 de 2 a 5 km e 45 com mais de 5 km de distância. O aglomerado mais próximo de uma unidade de saúde fica na Capital, no bairro Lagoa Redonda, a uma distância de 105 metros do equipamento.
LEIA TAMBÉM:
Regional 1 segue com maior número de óbitos na Capital; número de mortes aumenta nas 5 e 6
Pesquisa investiga fatores de influência no contágio da Covid-19 em Fortaleza
De acordo com os pesquisadores, a porcentagem de domicílios em aglomerados subnormais sinaliza a proporção da vulnerabilidade social “com possíveis consequências para os serviços de saúde e assistência social no caso do alastramento da Covid-19”. O estudo é um preparativo do IBGE para a operação do Censo Demográfico 2020, adiado para 2021 em razão da pandemia. A antecipação de resultados, indica o instituto, objetiva fornecer informações para o enfrentamento da nova doença.
As características que subsidiam a classificação da categoria geográfica analisada “apontam para áreas de precariedade no acesso a serviços básicos e na infraestrutura social” e estão diretamente relacionadas à demanda por políticas públicas ligadas, também, à saúde, já que a população residente nestes locais é, em sua maioria, dependente do Sistema Único de Saúde (SUS). “Outro elemento a ser considerado é a natureza densa e/ou desordenada de boa parte dessas ocupações, o que limita a efetividade da recomendação de isolamento social para enfrentamento à pandemia”, afirma a nota técnica. Os resultados definitivos serão divulgados após a realização da operação censitária, podendo sofrer ajustes.
LEIA TAMBÉM
Conheça 13 iniciativas da Região Metropolitana de apoio à periferia contra a Covid-19
Mapa possibilita cadastro de iniciativas contra o coronavírus em favelas brasileiras
Os aglomerados subnormais, segundo classificação adotada pelo IBGE, são ocupações do espaço urbano que em os domicílios foram construídos em terrenos públicos ou particulares alheios, podendo ainda não pertencer a seus moradores ou ter título de propriedade do terreno obtido há dez anos ou menos. Além disso, os aglomerados são caracterizados por pelo menos um dos seguintes fatores: precariedade de serviços públicos como iluminação elétrica domiciliar, abastecimento de água e coleta de lixo; urbanização fora dos padrões, refletida, por exemplo, na presença de vias estreitas e na irregularidade de calçadas; e restrição de ocupação, quando os domicílios se encontram em área como faixas de domínio de rodovias, áreas ambientais protegidas e áreas contaminadas.