Companheiras de PMs seguem ocupando batalhão policial na Messejana

Viaturas com pneus esvaziados não saíram para patrulhamento na tarde desta quarta-feira, 19. Mulheres apresentam lista de reivindicações

21:38 | Fev. 19, 2020

Companheiras de policiais ocupam 16º Batalhão de Polícia Militar, na Messejana (foto: Aurélio Alves)

O 16º Batalhão de Polícia Militar (16º BPM), no bairro Messejana, é uma das unidades policiais que receberam manifestações na tarde desta quarta-feira, 19. No local, cerca de 10 esposas de policiais ocupavam o batalhão, enquanto grupo de policiais, de tamanho semelhante, reunia-se em frente à unidade. Com pneus secados, viaturas que fazem o patrulhamento da região ficaram estacionadas no pátio do 16ºBPM. Não havia, porém, policiais do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque).

Uma esposa de policial presente no local mostrava indignação com a proposta de reajuste salarial do Governo do Estado. Ela leu um conjunto de reivindicações do movimento, que iam desde o pagamento em parcela única do acumulado da inflação nos últimos cinco anos ao fim da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD). Também era requerida anistia a todos os militares que participaram do movimento.

Outras reivindicações incluíam: escalonamento salarial de acordo com remuneração do comando geral; regulamentação da carga horária de escalas; manutenção da Irso (Indenização de Reforço Operacional) com valores sobre os quais não incidam imposto de renda; distribuição de valores das gratificações de comando especializadas a toda a categoria; pagamento de adicional noturno; indenização por periculosidade; aumento de gratificação por atividade de motoristas; compromisso de reajuste inflacionário a cada ano; e CFO (Curso de Formação de Oficiais) sem limite de idade para os praças.

“Não importa para a gente”, disse a mulher, comentando sobre a afirmação do secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, de que as companheiras de policiais também seriam enquadradas em crimes militares.

Já um policial, também de identidade preservada, afirmava que as reivindicações iam além da questão salarial. Ele cita questões como a carga horária excessiva, a violência que sofrem os policiais na atividade e os consequentes transtornos psiquiátricos que isso acarreta. Apesar disso, ele destacou que os policiais estavam há seis anos sem reajuste da inflação e que o reajuste proposto pelo Estado de forma gradual não repõe sequer a inflação do período.

“De certa forma, vai ser um ‘calar a boca’ dos militares estaduais por três anos. Essa é a intenção deles, porque o aumento vai sair até 2022, então, vão ser três anos sem poder dar um pio, porque teoricamente está aumentando o dinheiro — quando não está repondo nem a inflação”.

O POVO também esteve na tarde desta quarta-feira no 22º BPM, localizado no bairro Papicu. No local, o movimento era tranquilo e não havia grupo de manifestantes. Um PM, de identidade preservada, contou, porém, que o patrulhamento da região estava prejudicado pela ausência de viaturas. Conforme ele, os carros foram levados do batalhão por paredistas.

Acompanhe a cobertura do protesto dos policiais