Choque cerca Batalhão e três PMs são presos após mulheres de policiais fecharem portaria
A mobilização, que ocorre no bairro Antônio Bezerra, acontece após a leitura do texto da proposta de reajuste salarial feita na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE)Atualizada às 8h32min de 19/2/2020
Mesmo com corte de salário anunciado pelo governo Camilo Santana e do anúncio de inquéritos policiais, o 18º Batalhão de Polícia Militar, no Antônio Bezerra, amanheceu tomado por policiais com rosto coberto e carros com pneus secos. São mais de 70 veículos parados no local.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
>> Policiais envolvidos em atos não receberão o próximo salário
>> Policiais civis não aderem à paralisação, diz sindicato da categoria
>> Batalhão de Polícia de Caucaia tem portões fechados e viaturas paradas
>> Sindiônibus nega boatos de recolhimento de frota em Fortaleza após protestos de policiais
O Batalhão de Choque da Polícia Militar do Ceará (BPChoque) cercou o 18º Batalhão de Polícia Militar (BPM), no bairro Antonio Bezerra, na noite desta terça-feira, 18, para dispersar manifestação de policiais militares, bombeiros e familiares. Segundo tenente-coronel Barreto, 120 agentes fecham neste momento todo o perímetro do lugar e aguardam ordem para retomar controle. Ninguém entra e ninguém sai do local.
As mulheres dos policiais fecharam a portaria do batalhão em protesto contra a proposta de reajuste salarial. Três policiais foram presos armados e usando balaclavas o cercar viatura para secar os pneus. Há três pontos de bloqueio na Rua Anário Braga, onde fica o Batalhão.
Outros batalhões funcionam normalmente. Os respectivos comandantes dizem que estão com funcionamento normal o 17º Batalhão da Polícia Militar do Ceará, no Conjunto Ceará, o 11º Batalhão, em Itapipoca, e 12° Batalhão de Polícia Militar, em Caucaia. A rotina no 14º Batalhão de Polícia Militar, em Maracanaú, também transcorre normalmente.
A reportagem do O POVO Online esteve no Comando da Polícia Militar do Ceará, na Avenida Aguanambi, e constatou que o expediente ocorreu sem movimentações reivindicatórias.
"O momento é crítico"
Liderança com mandato eletivo, o deputado estadual Soldado Noelio (Pros) reconhece que o Governo do Ceará escutou as lideranças em reuniões como a que houve na última quinta-feira, 13. "Porém, o acordo não contemplou a categoria, que continua insatisfeita e isso precisa ser resolvido", ele diz.
E reforçou: "A gente tentou de todas as formas, mas a categoria continua insatisfeita. Não é a decisão de um parlamentar, de uma associação, a categoria continua pedindo socorro". O policial militar disse que o "momento é crítico", e que já recebe informações de quartéis da Polícia Militar paralisando trabalhos nesta noite.
O ex-deputado federal Cabo Sabino, outro político com ascendência entre a tropa, afirmou que a categoria deixa o 18º Batalhão somente se as discussões forem reabertas. "Cada pessoa que morrer, cada comerciante que for assaltado, é responsabilidade do Governo do Estado", bradou Sabino sob os gritos de agentes no local.
Na sessão desta terça-feira na Assembleia Legislativa, o último encontro, no qual se chegou a acordo, foi citado por deputados da base como forma de salientar que a proposta foi construída pelos dois lados, com membros do Governo, presidentes de associações representativas e deputados de oposição. O líder de Camilo na Casa, deputado Júlio César Filho (Cidadania), então, disse que o Abolição vai "honrar o que foi combinado."
"Nós saímos de lá com acordo selado, onde estado cedeu vários pontos. Nós tivemos a função e mediar com presença do Ministério Público como observador de toda a negociação e também de deputados de oposição, e todas essas entidades, mas estamos dispostos a honrar com a negociação", ele acrescentou.
Entenda a situação
Diante de uma crise salarial, policiais militares, bombeiros e esposas se articulam visando promover um reajuste salarial que atenda as demandas da categoria. Após a primeira proposta de pacote divulgada na última sexta-feira, 31 de janeiro, as associações protestaram em frente a Assembleia Legislativa (ALCE). No mesmo dia, parlamentares considerados como representantes dos agentes de segurança foram recebidos pelo governador Camilo Santana (PT), no Palácio da Abolição.
A desembargadora Francisca Adelineide Viana suspendeu, no último dia 5, decisão que proibia a prisão de policiais e bombeiros militares do Estado. A ação era da Associação das Praças do Estado do Ceará (ACSMCE) e a decisão direcionada ao Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado do Ceará e comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, além do Controlador Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública.
Em nova reunião, que aconteceu na quinta-feira, 13, o acordo prevê o pagamento de R$ 346 milhões em reajuste salarial a policiais militares e bombeiros. Outros R$ 149 milhões oriundos de gratificações, como horas extras e recompensas, serão incorporados ao salário, totalizando gastos de R$ 495 milhões. Esse valor será pago em três parcelas; em março de 2020 (40%), março de 2021 (30%) e março de 2022 (30%). Agora, o salário final do soldado ficará de R$ 4.500 ao final de 2022, um acréscimo de quase R$ 300 acima do sugerido pela proposta inicial.
>> Governo e policiais chegam a um acordo sobre reajuste salarial
Na tarde de ontem, 17, o Ministério Público do Ceará (MPCE) entrou com uma Ação Civil Pública (ACP) contra associações de segurança pública em virtude da possibilidade de paralisação dos serviços. Foram notificadas pelo Ministério: Associação dos Profissionais de Segurança Pública (APS), Associação dos Praças do Estado do Ceará (Aspra), Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Ceará (Assof), Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece) e Associação Beneficente dos Subtenentes e Sargentos (ABSS).
>> MP entra com ação contra entidades de militares por ameaça de greve no Ceará
Durante reunião na Assembléia Legislativa nesta terça-feira, 18, o Governo afirmou que "vai honrar o que foi combinado" sobre a tramitação da nova proposta salarial. Segundo o líder do governo na AL-CE, Júlio Cesar Filho, o projeto de reajuste salarial será mantido e, se não tiver pedido de vistas, poderá ser votado já na quinta-feira, 27, após o carnaval.
Com informações do repórter Henrique Araújo
Acompanhe a cobertura do protesto dos policiais
19/2- 10h16min - Ruas de batalhões da Polícia Militar são bloqueadas com viaturas
19/2 - 9h59min - Esposas mantêm policiais "presos" em Batalhão em Caucaia
19/2 - 6h05min - Ônibus circulam normalmente nesta manhã em Fortaleza
19/2 - 0h40min - Presidente da Associação dos Profissionais de Segurança pede exoneração do cargo
18/2 - 23h18min - Batalhão de Polícia de Caucaia tem portões fechados e viaturas paradas
18/2 - 22h13min - Policiais envolvidos em atos não receberão o próximo salário
18/2 - 21h18min - Policiais civis não aderem à paralisação, diz sindicato da categoria
18/2 - 21h07min - Policiais foram presos em flagrante e autuados em artigo do Código Penal Militar
18/2 - 13h30min - Noelio nega movimento grevista e acusa ação do MP de "pressão da Justiça"
17/2 - 11h52min - MP entra com ação contra entidades de militares por ameaça de greve no Ceará
14/2 - 1h30min - Policiais não aceitam proposta de reajuste acordada em reunião
13/2 - 16h38min - Governo e policiais chegam a um acordo sobre reajuste salarial
10/2 - 15h16min - Noelio diz que definição de novos salários precisa sair até Carnaval
10/2 - 18h13min - Sem acordo, policiais, bombeiros e Governo marcam nova reunião
6/2 - 14h43min - Governo convoca reunião imediata para discutir proposta com manifestantes
6/2 - 11h26min - Manifestantes bloqueiam avenida em protesto à reestruturação salarial
6/2 - 10h20min - Policiais e bombeiros fazem protesto em frente à Assembleia; via é interditada