Censo da população em situação de rua em Fortaleza começa a ser feito em fevereiro

No levantamento de 2014, eram 1.718 pessoas em situação de rua na Capital

16:45 | Jan. 28, 2020

Por: Lucas Braga
O objetivo é sensibilizar a sociedade cearense e contribuir na prevenção aos riscos do coronavírus junto a população em situação de rua (foto: FABIO LIMA)

Após quase sete anos sem atualização, o censo da população em situação de rua em Fortaleza deve ter início já em fevereiro. A previsão da Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) é divulgar os dados ainda neste primeiro semestre de 2020.

No levantamento de 2014, eram 1.718 pessoas em situação de rua. ONGs e entidades filantrópicas voltadas à temática apontam que atualmente o número é muito maior e continuamente crescente. O dado mais recente é restrito à Praça do Ferreira, na qual, a SDHDS contabilizou 247 homens e mulheres vivendo no local.

Em 2018, O POVO noticiou que a Secretaria havia fechado convênio com o Centro de Treinamento e Desenvolvimento (Cetrede) da Universidade Federal do Ceará (UFC). A parceria previa um levantamento atualizado sobre a população em situação de rua na Capital que teria início ainda em setembro daquele ano e seria finalizada em dezembro. Assim, são 14 meses de atraso. Já no fim de outubro, o Município recebeu recomendação do Ministério Público do Ceará (MPCE) para que seja feito o censo. 

Coordenador do Centro de Apoio Operacional da Cidadania (Caocidadania) do MPCE, o promotor de Justiça Enéas Romero, detalha que a importância do censo está em conhecer o perfil e a dimensão da população em situação de rua e, então, desenvolver e implementar políticas públicas mais assertivas. Habitação, emprego e saúde são três focos de trabalho.

“Sem censo, não há diagnóstico. Por que elas estão nas ruas, há quanto tempo, o que precisam… Esperamos que o município realize-o finalmente. Na verdade, deve haver este censo nos municípios com pelo menos 100 mil habitantes”, frisa Enéas. Além da Capital, têm grande população Maracanaú, Caucaia, Sobral, Juazeiro do Norte, Crato, Iguatu, Itapipoca e Maranguape.

André Foca, arte-educador que trabalha com a população de rua há 20 anos, concorda. “As políticas públicas são embasadas pelas informações referentes ao público assistido. Como estamos com um censo super antigo, as políticas públicas não atendem a realidade”, lamenta.

Políticas públicas

Existem duas pousadas sociais no Centro, disponibilizando 200 vagas diárias. A rede socioassistencial especializada conta também, de acordo com a SDHDS, com dois Centros Pop e um Centro de Convivência, na região central da Cidade. Há ainda dois abrigos que estão localizados na Jacarecanga, recebendo homens, e na Parangaba, acolhendo mulheres e famílias.

O levantamento nacional mais recente sobre essa população foi feito em 2016 pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), que estimou em 101.854 pessoas o número de pessoas em situação de rua no Brasil. “[A ausência de dados oficiais sobre a população em situação de rua], justificada pela complexidade operacional de uma pesquisa de campo com pessoas sem endereço fixo, prejudica a implementação de políticas públicas voltadas para esse contingente e reproduz a invisibilidade social da população de rua no âmbito das políticas sociais.”