Volta às aulas: veja como evitar o uso inadequado de mochilas escolares
Mau uso pode predispor a outras doenças, como artrite e hérnia de disco; especialistas alertam para cuidados
Com o fim das férias, os estudantes voltam à sua rotina de estudos. Estojo, cadernos, livros, alimentação… tudo deve ir dentro da mochila que auxilia o transporte dos materiais. Entretanto, o que deveria ajudar o estudante, muitas vezes pode vir a atrapalhá-lo. O uso inadequado da mochila pode trazer consequências nas voltas às aulas.
O peso da bolsa deve ser de, no máximo, 10% do peso do estudante. Isso geralmente não acontece, o que causa problemas a longo prazo para a postura do jovem. O modelo da bolsa também influencia na causa, como explica a professora do departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Linda Maia. "Como exemplo, temos a mochila lateral que, quando usada inadequadamente, pode causar escoliose”.
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Dentre as doenças relacionadas ao sobrepeso da mochila, a lombalgia é uma das mais recorrentes. Ela é ocasionada pela fraqueza do músculo que ainda não está preparado para receber pesos excessivos, como explica Jonathas Brito, ortopedista e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbota). "Os mais jovens são os principais afetados por causa da falta de amadurecimento muscular. Isso predispõe a outras doenças a longo prazo, como hérnia de disco e artrose".
É o caso do estudante de Publicidade e Propaganda Hellyson Mota, que durante seu 3º ano do ensino médio passava o dia fora de casa. Itens como apostilas e roupas estavam diariamente em sua mochila, que chegava a pesar de 15kg a 20kg. O jovem de 20 anos também usava a bolsa apoiada em apenas um dos ombros durante os trajetos de ônibus da escola até o cursinho.
No mesmo ano, dores tidas como "insuportáveis" passaram a fazer parte da rotina do estudante que, em alguns momentos, tinha dificuldade para se locomover. O diagnóstico veio em 2018: duas hérnias de disco ocasionadas pelo mau uso do equipamento.
“Estou na tentativa de melhorar com sessões de fisioterapia, por meio de exercícios físicos leves”, afirma Hellyson. Segundo ele, sua escola nunca realizou campanhas que incentivassem o uso adequado das mochilas.
Hábitos diários incentivam o uso adequado da mochila por estudantes
O projeto de lei 3673/2015 dispõe sobre o peso da mochila a ser transportado pelo estudante. A PL estabelece pesos equivalentes às séries do ensino fundamental, como dois quilos para alunos do primeiro ano. A justificativa é a individualização dos pesos por faixa etária e aguarda parecer do relator na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
Além da PL, Linda Maia afirma que uma das soluções para o problema seria a implementação de armários nas escolas que evitassem o transporte diário de materiais desnecessários na bolsa do aluno. Organizar a mochila diariamente e usar alternativas como a mochila de rodinha podem ajudar na rotina do estudante.
Os dois especialistas recomendam a prevenção por meio de alongamentos que fortaleçam os músculos da coluna. "A dor nas costas é um sintoma de alarme. A ajuda médica deve ser procurada quando a dor não cessa com medicamentos usuais", diz Jonathan. Evitar o uso em um ombro só e ajustar as alças para estarem próximas do corpo do estudante ajudam a distribuir igualmente o peso da mochila, que não deve ficar mais de 10 cm abaixo da linha da cintura. Apoiar livros nas mãos também pode ajudar na correção da postura e, assim, evitar problemas futuros.
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