Diarreia, arboviroses e gripes são doenças comuns desta época do ano; saiba como prevenir
Entre as principais recomendações dos especialistas ouvidos pelo O POVO estão: evitar o contato com água da chuva nas ruas e lavar as mãos com frequência
14:41 | Jan. 10, 2020
A quadra chuvosa de Fortaleza começa oficialmente em março, mas fortes chuvas já têm sido registradas nos últimos dias. Nesta época do ano, casos de doenças respiratórias, arboviroses, diarreias e leptospirose costumam ser mais frequentes. O POVO ouviu especialistas para listar as doenças de chuva mais comuns e quais as melhores formas de se prevenir contra elas.
Segundo o infectologista Guilherme Henn, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), o aumento de doenças específicas em época de chuva acontece porque, com a queda das temperaturas, “as pessoas costumam se aglomerar mais em locais fechados e isso faz com que a transmissão de vírus seja mais fácil”.
Resfriados e gripes
Os resfriados são infecções menos intensas do que as gripes, mas com sinais parecidos. A transmissão acontece principalmente pelo ar e pelo contato com superfícies ou objetos contaminados. Os sintomas mais relatados são corrimentos no nariz, inflamação da garganta e tosse com secreção. Uma gripe pode evoluir para uma pneumonia, caracterizando um quadro mais grave.
Pessoas que já possuem doenças crônicas como asma, enfisema pulmonar ou doença cardíaca precisam estar mais atentas ao risco de adquirir uma gripe. Isso porque, quem tem uma doença crônica, pode apresentar uma gripe mais severa.
Orientações para prevenção:
- Evite locais com aglomerações;
- Evite o contato com pessoas doentes;
- Sempre leve um frasco de álcool em gel para higienizar as mãos para evitar a contaminação por meio do contato com superfícies ou objetos;
- Se você tem algum sintoma, sempre cubra a região da boca e do nariz ao espirrar ou tossir e procure um médico.
Arboviroses
A população de mosquitos tende a se proliferar com o acúmulo de água parada e aumento da umidade. Isso resulta no crescimento do número de arboviroses, doenças transmitidas por mosquitos. As mais comuns são a dengue, a zika e chikungunya, transmitidas pelo aedes aegypti.
Em 2019, Fortaleza registrou 3.761 ocorrências de dengue, com quatro óbitos, 272 casos de chikungunya e um caso de zika, de acordo com dados da Secretária Municipal de Saúde (SMS). Pessoas com essas doenças apresentam febre, dor nos olhos e no corpo e manchas vermelhas na pele.
Orientações para prevenção:
- Verifique se onde você mora existem focos de reprodução do mosquito, como recipientes com água parada, pneus, garrafas vazias e pratos de plantas;
- Coloque telas nas janelas;
- Descarte corretamente seu lixo;
- Limpe as calhas
- Use repelente
Doenças transmitidas pelo contato com água contaminada
As águas da chuva que alagam as ruas e avenidas nesta época do ano podem carregar bactérias e micro organismos perigosos. Doenças como a gastroenterite, que pode se manifestar com diarreia, náusea e vômitos, são adquiridas por meio do contato com essa água.
Outra enfermidade muito comum, adquirida por meio da urina dos ratos, é a leptospirose. A Capital registrou 66 casos de leptospirose em 2019, de acordo com SMS. A doença bacteriana é considerada grave porque atinge órgão vitais como fígado e rim e pode levar à morte. Os principais sintomas são febre alta, dor de cabeça, sangramento e coloração amarelada da pele e dos olhos.
Orientações para prevenção:
- Evite entrar em contato com água da chuva nas ruas e bicas;
- Higienize bem os alimentos, como frutas e verduras, com água ;
- Só consuma alimentos ou líquidos em estabelecimentos nos quais você confia ou saiba a procedência.
Ações de prevenção
De acordo com Nélio Moraes, coordenador de Vigilância em Saúde da SMS, o Município realiza anualmente uma série de ações para prevenir as doenças mais frequentes neste período de chuvas. Entre elas está a disponibilização da vacina contra a gripe, que deve chegar as unidades de saúde de Fortaleza a partir de março.
Além disso, a SMS trabalha em parceria com outros órgãos de Fortaleza como a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) para garantir ações de educação ambiental e limpeza pública. "Recolher o lixo é importante pois impede proliferação de animais como ratos, que transmitem a leptospirose", afirma Moraes. O desentupimento dos boeiros e limpeza de canais também estão na lista de intervenções realizadas pela Prefeitura.
No Ceará, os casos de leishmaniose, também conhecida como calazar, caíram 23% em 2019.