60 ruas da comunidade Sítio São José devem ser recuperadas; moradores denunciam problemas na região
Os problemas variam de alagamentos durante período chuvoso à insegurança. As obras fazem parte de um projeto da prefeitura e já foram iniciadas em comunidades próximas. Previsão para conclusão é de 24 meses
15:06 | Nov. 27, 2019
Alagamentos intensos durante período chuvoso, falta de saneamento nas ruas, linhas de ônibus que não circulam por todos os lugares, postes sem iluminação, sensação de insegurança. Esses são alguns dos problemas enfrentados por moradores da comunidade Sítio São João, no bairro Jangurussu. A região deve passar por obras da prefeitura de Fortaleza, anunciadas em solenidade na manhã desta quarta-feira, 27.
A prefeitura prevê mudanças na urbanização, drenagem e saneamento do local. Previsão para conclusão é de 24 meses.
O evento contou com a participação do prefeito Roberto Cláudio; da secretária da pasta de Infraestrutura da cidade, Manuela Nogueira, e do coordenador de fiscalização de obras da prefeitura, Guilherme Gouveia. Poucos populares estavam presentes na solenidade, que ocorreu às 10 horas próximo a um campo de futebol da comunidade.
“A gente trabalha com os estudos dos índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) para selecionar as áreas onde aqueles índices são mais baixos. Nessa área específica, dentro dessa poligonal, temos 60 ruas”, explica o coordenador Guilherme Gouveia. Serão investidos, segundo a prefeitura, cerca de R$ 12,6 milhões nas obras.
Uma dessas ruas, a rua Verde 15, é conhecida por enfrentar problemas de alagamento durante período chuvoso na cidade. A rua não é asfaltada e as casas contam com batentes mais altos para prevenir danos durante a quadra chuvosa.
“Já aconteceu de entrar água dentro da minha casa e para tirar debaixo da cama foi a maior luta do mundo. Precisou parar a chuva, para baixar, e tirar. As paredes mofam. Tem perigo de pegar doença”, conta Socorro Moura, moradora da comunidade há 20 anos. “Já chorei de botar a lama para fora. Passar a noite toda sem dormir, botando água para fora”.
Atualmente, Socorro lida com uma infecção na pele causada pelos constantes alagamentos. Vários cômodos da sua casa também guardam marcas da chuva. Outro problema apontado por ela é um terreno localizado no outro lado da rua, onde muriçocas e outros insetos ficam concentrados.
Moradora há 20 anos da comunidade, Irene de Souza Bezerra passou parte desse período tendo de lidar com os problemas constantes da região. Ela relata que o alagamento é constante no período de chuvas.
“Quando chove, entra água dentro da minha casa. Antes não entrava e isso prejudica muito a gente”, relata. A moradora afirma que minimamente percebeu ações de limpeza e drenagem da prefeitura no local, e que já ajudou vizinhos no período de chuvas. “Eu e meu marido socorremos uma moradora da primeira casa quando a água da chuva encheu a casa dela e arrastou móveis, redes e outros objetos”, lamenta.
Irene conta que o período apavora os vizinhos. Ela se preocupa com a saúde deles, temendo que seja afetada por problemas ocasionados pelo alagamento. “É preocupante para quem tem crianças”. Segundo ela, a venda de casas costuma ser dificultada pelos problemas de infraestrutura da rua. Ela diz ainda que moradores tentaram se reunir para solicitar mudanças à prefeitura, mas não houve mobilização suficiente.
Algumas quadras depois, na Rua Verde 42, João Mota e José Freire denunciam problemas semelhantes. Os relatos do transportador José Freire denunciam a insegurança e a falta de estrutura que impossibilita que linhas de ônibus cruzem pelas ruas da comunidade. As vias têm buracos que dificultam o trânsito e, segundo o morador, recentemente foi criada apenas uma linha de ônibus que passa pelo local. “Ainda tem gente que anda mais de um quilômetro para pegar um ônibus”, conta.
Morador da comunidade há 30 anos, ele menciona que já foi assaltado duas vezes no local, e diz que a sensação de insegurança persiste entre os moradores. “Poucas viaturas passam por aqui, apenas uma vez ou outra”, conta. O bairro é formado por várias comunidades que são atendidas pelo 30º Distrito Policial.
Já o comerciante João Mota está na comunidade desde que ela foi formada. O homem de 49 anos tem um comércio na região e se mudou do Conjunto Ceará para o Sítio São João através de um programa de casa própria da Caixa Econômica. “Hoje já melhorou muito, mas falta muita coisa para melhorar: segurança, iluminação”, explica.
À frente de seu comércio, existe um terreno abandonado, onde João gostaria que existisse uma praça. Ele também reclama do sistema de esgoto. “O esgoto é dentro do quintal e quando estoura, prejudica todo mundo.Tem buraco (nas ruas). Quando chove, não dá para passar carro”, descreve.
Investimento nas obras da comunidade São José é de R$ 12,6 milhões
Obras de urbanização, drenagem e saneamento serão uma das ações realizadas pela prefeitura na comunidade Sítio São João, no bairro Jangurussu. O prefeito Roberto Cláudio assinou a ordem de serviço para reforma de mais de 60 ruas do conjunto.
O prefeito ressaltou que as obras ocorrem em áreas da Cidade que foram construídas sem planejamento urbano, mantendo-se sem a estrutura adequada como esgoto e drenagem de água. O período de chuvas na Capital intensifica os transtornos e os investimentos são feitos em áreas mais suscetíveis aos problemas de saneamento básico.
Com investimento de R$ 12,6 milhões, a reforma no bairro Jangurussu faz parte do Programa Mais Ação e será executada pela Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf). O programa garante a urbanização e requalificação de espaços de mais de 30 bairros vulneráveis da cidade com a construção de postos de saúde e ampliação de melhorias voltadas ao transporte público municipal, por exemplo. A previsão de término é de 2020, após atender todas as regionais de Fortaleza.
Reformas semelhantes já aconteceram em outras comunidades do bairro, como a Jagatá. Segundo o prefeito, a previsão é de que as obras comecem na comunidade vizinha, Maria Tomázia, na próxima semana. (Gabriela Feitosa e Marília Freitas / Especial para O Povo)