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Justiça condena réus na Chacina do Benfica a 189 e 170 anos de prisão; 3º acusado é inocentado

O terceiro acusado foi inocentado. O julgamento do crime, que durou 13 horas, ocorreu no Fórum Clóvis Beviláqua.
23:12 | Nov. 06, 2019
Autor O Povo
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Tipo Notícia

O Conselho de Sentença da 5ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza condenou na noite desta quarta-feira, 6, dois réus por sete assassinatos e três tentativas de homicídios na chamada Chacina do Benfica, que deixou sete mortos em diferentes pontos do bairro de Fortaleza em 9 de março de 2018. Um terceiro acusado foi inocentado. O julgamento, que durou 13 horas, ocorreu no Fórum Clóvis Beviláqua. O trio estava preso preventivamente.

O réu Douglas Matias da Silva deverá cumprir 189 anos, quatro meses e 12 dias de prisão em regime inicialmente fechado, além de 40 dias multa a ser calculada no mínimo legal, pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, com meios cruéis e sem possibilidade de defesa), que vitimou cinco pessoas. Douglas também foi declarado culpado por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem possibilidade de defesa) de outras duas vítimas e ainda foi condenado por tentativa de homicídio triplamente qualificado contra mais três pessoas.

Já Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes foi condenado pelos mesmos crimes e cumprirá 170 anos e oito meses de reclusão e pagará multa de igual valor. O júri popular ainda considerou que os acusados cometeram dois crimes: corrupção de menor e participação em organização criminosa.

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O terceiro acusado, Francisco Elisson Chaves de Souza, foi inocentado das acusações de homicídio triplamente qualificado contra três vítimas e das acusações de tentativa de homicídio triplamente qualificado de duas pessoas. No entanto, ele foi condenado pelo crime conexo de organização criminosa, e teve pena estipulada em quatro anos e dez meses de reclusão e multa. A juíza considerou desvalor de três circunstâncias judiciais, restando fixar o cumprimento em regime fechado inicialmente.

Réu na Chacina do Benfica confessou assassinato e se desculpa com as vítimas

Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes, em julgamento na manhã desta quarta 6, havia admitido ter matado Jose Gilmar Furtado de Oliveira Junior na chamada Chacina do Benfica, que deixou sete mortos em diferentes pontos do bairro de Fortaleza em 9 de março de 2018. Ele nega pertencer a facção criminosa e que o crime tenha sido premeditado. Naquela sexta-feira, ele se dirigiu até a praça da Gentilândia tendo como alvo Geovane Diogo Silva Oliveira, integrante da facção Comando Vermelho, acusado de matar seu primo Jorge Luiz.

Segundo o testemunho de Stefferson, na noite da chacina ele estava bebendo com amigos quando lhe avisaram que Geovane estava na praça. Com raiva, entrou no carro em direção ao local e, chegando lá, avistou Jose Gilmar Furtado de Oliveira Junior, primo de Geovane, e lhe deu um tiro porque “sabia que ele estava vendendo droga para o Geovane”.

Depois que saiu da praça, foi para a sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), junto com outros que, ao chegarem na sede da TUF, saíram do carro e mataram mais pessoas. Os envolvidos citados por Stefferson como participantes na chacina não são réus neste julgamento. Stefferson nega que o crime tenha sido premeditado. Em seguida, ao saírem da TUF, o grupo encontrou mais duas pessoas de moto e também tirou suas vidas, enquanto o réu continuava dentro do carro.

Durante o julgamento, o réu lamentou as mortes e afirmou que o que aconteceu foi uma "barbaridade". "Não sabia que ia acontecer essa matança toda", diz. Segundo ele, seu foco estava apenas em Geovane, que, junto com Junior eram seus amigos de infância, mas, após "uma richa" e a morte de seu primo, passou a ser ameaçado pelos dois.

O que foi a Chacina do Benfica?

A chacina ocorreu em 9 de março de 2018, em três pontos distintos do Benfica, em Fortaleza. Era noite de sexta-feira e o bairro, conhecido pelo clima universitário e boêmio, estava tomado por estudantes e frequentadores de bares da região. Por volta das 23h30min, um veículo Fiat Punto branco parou próximo à Praça da Gentilândia, e os ocupantes começaram a disparar.

Foram cerca de 20 tiros, que deixaram três mortos. O segundo front do massacre ocorreu em uma rua próxima, na Vila Demétrio, quando atiradores dispararam contra a sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), deixando dois mortos. O último ponto da chacina foi na rua Joaquim Magalhães, onde outras duas pessoas com camisetas da TUF foram assassinadas.

Qual foi a motivação dos crimes?

A Polícia Civil do Ceará apurou que a chacina ocorreu no contexto do conflito entre facções criminosas. Os autores do crime são da facção Guardiões do Estado (GDE). Além do trio de réus, um adolescente e, pelo menos, um outro homem não identificado participaram do crime, ainda de acordo com a investigação da Polícia Civil no caso.

Segundo a denúncia, o alvo principal da ação era Geovane Diogo Silva Oliveira, integrante da facção Comando Vermelho (CV) e autor do assassinato de Jorge Luiz, primo do réu Stefferson Mateus. Os homicidas não encontraram Geovane, mas, na Praça da Gentilândia, se depararam com um primo dele, José Gilmar Furtado de Oliveira Júnior. No local, passaram a disparar contra Gilmar, atingindo também pessoas sem qualquer relação com a disputa.

Conforme o MPCE, de lá os réus seguiram à sede da TUF, onde acreditavam que poderiam encontrar integrantes do CV. Ao sair do local, os criminosos ainda se depararam com outras duas pessoas em uma moto, que também identificaram como integrantes do CV. A investigação encontrou indícios de que essas vítimas foram confundidas com outras pessoas. A investigação descarta que o crime tenha relação com torcidas organizadas.

Quem foram as vítimas?

Morreram na Praça da Gentilândia José Gilmar Furtado de Oliveira Júnior, Antônio Igor Moreira e Silva e Joaquim Vieira de Lucena Neto. No entorno da sede da TUF, foram mortos Carlos Victor Meneses Barros e Adenilton da Silva Ferreira. Já na Joaquim Magalhães, morreram Pedro Braga Barroso Neto e Emilson Bandeira de Melo Júnior.

Segundo a Polícia, quatro das sete vítimas, Joaquim Vieira, Carlos Victor Meneses, Emilson de Melo e Adenilton da Silva não possuíam antecedentes criminais. José Gilmar Furtado e Antônio Igor Moreira tinham passagens por posse de drogas. Pedro Braga Barroso respondia por crimes de roubo e associação criminosa.

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