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Tragédia no Edifício Andréa: quando o horizonte tragicamente se transforma

Um prédio residencial localizado na rua Tibúrcio Cavalcante, nº 2405, no bairro Dionísio Torres, desabou na manhã desta terça-feira, 15 de outubro, em Fortaleza

Em 29 dos 32 anos da minha vida, o único ponto imutável do horizonte da minha varanda parecia ser o edifício Andréa, um dos únicos mais antigos que o meu prédio, a dois quarteirões do desastre.

Quando acordei hoje, no susto de um estrondo indefinido, o cenário mudara para sempre, bem como a vizinhança nunca mais será a mesma.

Desci sete lances de escada esperando acordar. Sigo nesta esperança. Doze minutos após o ocorrido eu tentava, diante de uma montanha de escombros, entender. Como um prédio deixa de existir? Eu mal era jornalista ali; no máximo mais um nas duas dezenas de curiosos incrédulos. Ali, às 10h40min, a Polícia já tentava cercar o local para os resgates se iniciarem. De forma até grossa — e justificada — expulsavam quem tentava postar fotos e ganhar likes.

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Eu só tinha uma certeza. Não tinha como alguém ter sobrevivido sob aquela montanha de concreto. Graças a Deus — e mesmo meu lado ateu concorda com isso — eu estava errado. É uma tragédia imensurável com um milagre no meio.

Aos poucos, a barreiras policiais cresciam, as ambulâncias estacionavam e a mistura de vontade e falta de jeito em ajudar surgia. Era um copo d’água que circulava, um ouvido que se apresentava, uma quentinha para quem precisava enquanto bombeiros faziam o trabalho que eu julgara impossível.

Vou voltar para casa e me surpreender como aquele ex-prédio interrompendo meu caminho. E me lembrando da sorte de que, debaixo de tanto cimento, não tem nenhum amado meu. Porque eu estava ali, dormindo, a menos de 100 metros onde vidas desmoronaram. Acordei para descobrir que muitos não mais se levantarão.

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