Quem é Siciliano, o homem que ordenou os ataques no Ceará em abril
Ordens de atentados contra torres de telefonia em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, partiram de detento paraibano que está preso em Pernambuco. Polícia Federal analisa a relação com os ataques ocorridos na Capital e interior do Ceará nos últimos sete dias. Outros cinco mandados de prisão foram cumpridos no Estado
15:05 | Set. 26, 2019
Ednal Braz da Silva, 46 anos, apelidado de Siciliano, é o personagem apontado pela Polícia Federal como responsável por ordenar ataques a torres de telefonia registrados no dia 1º de abril deste ano, em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza. Os equipamentos foram incendiados em ação semelhante às que estão acontecendo nos últimos sete dias na Capital e interior do Ceará. Mesmo já estando preso, o mandado contra Siciliano foi cumprido numa penitenciária na cidade de Limoeiro, na região do Agreste de Pernambuco. Ele está encarcerado no local desde 2013.
Siciliano foi um dos alvos da operação Torre, da PF, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 26, que cumpriu seis de 15 mandados de prisão autorizados e nove de outras 14 ordens judiciais para busca e apreensão. Ainda está sendo analisado, a partir das conversações em celulares apreendidos, se as ações atuais tiveram os mesmos mandantes.
"A gente acredita que os ataques atuais tenham sido emanados deste homem preso no Estado de Pernambuco, mas ainda não podemos comprovar. Vai depender do decorrer das investigações, da análise das informações, até a gente comprovar. Dos presos de hoje, é fato que eles estavam envolvidos nos ataques de abril", confirmou o delegado federal Samuel Elânio de Oliveira, que coordenou a operação.
O trabalho foi feito em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual, e Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). No caso de Siciliano, a operação Torre foi antecipada para manhã de quarta-feira, 25. Na sua cela foi encontrado um celular, mas a PF já havia interceptado mensagens anteriormente em que ele orientava criminosos de fora da cadeia para os atentados de cinco meses atrás.
Natural de Umbuzeiro, na Paraíba, Siciliano chegou a ser investigado no Ceará por ataques a agências bancárias. Seu nome aparece em relatórios da Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil cearense. No fim de 2018, comparsas dele teriam sido presos ocupando apartamentos de luxo em bairros de Natal (RN) e Recife (PE). Ele também já foi presidiário no interior paulista, onde teria criado laços de amizade e parcerias com criminosos do Ceará.
Na coletiva de ontem, Siciliano foi descrito como um dos fundadores da facção Guardiões do Estado (GDE), que é o grupo que estaria puxando a onda recente de ataques da última semana. Essa autoria foi reafirmada durante a coletiva à imprensa, mas sem que o nome da facção tivesse sido dito. Não foi informado onde Siciliano morava no Ceará.
Ontem, foi confirmado pelo promotor Rinaldo Janja, coordenador do Gaeco, que já foi solicitada a transferência de Siciliano para uma penitenciária federal. Além dele, o MPCE já solicitou a transferência de 12 detentos para presídios federais. Ele disse que "não resta dúvida" de que os detentos que estão no sistema penitenciário cearense articularam os ataques dos últimos sete dias. A ligação entre eles e os criminosos que cumpriram as ações nas ruas teria acontecido através de recados levados por visitas de familiares e advogados.
Quatro dos cinco alvos da Operação no Ceará já estavam presos
Dos outros cinco mandados de prisão cumpridos, quatro pessoas também já estavam presas e uma estava solta. Todos foram cumpridos no Ceará, segundo o delegado federal Samuel Elânio de Oliveira, que coordenou a operação. Nenhum nome foi divulgado. Os nove mandados de busca e apreensão, dos 14 autorizados pela Justiça Federal, foram executados entre Fortaleza, Maracanaú e Caucaia, em imóveis ligados ao pessoal da facção. "Os demais, como havia alvos que estávamos acompanhando, alguns endereços perderam sentido e descartamos", confirmou Samuel Elânio.
"A gente acredita que entre os presos aqui no Ceará (que foram alvo da operação) não havia comunicação através de telefones celulares, mas poderia haver outras formas de comunicação com o mundo exterior, como visitas etc. Não foi confirmado como se comunicavam, mas a gente constatou que a ordem partiu desses presos", esclareceu o delegado federal.