Celular em presídio hoje é exceção e familiares ou advogados mediaram ordem dos ataques, diz MPCE
Novas prisões reforçam tese de que visitantes teriam trazido informações do sistema prisional para as ruas
17:44 | Set. 26, 2019
Enquanto policiais militares tentam frear a nova onda de ataques no Ceará, investigadores da Secretaria Estadual da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e do Ministério Público do Estado (MPCE) avançam para identificar se foram familiares ou advogados de chefes da facção Guardiões do Estado (GDE) que repassaram a ordem para dar início ao novo ciclo de ações criminosas no Ceará.
"Antes, (o contato) era (via) aparelho celular, isso aí hoje no Ceará eu afirmo que diminuiu muito. Hoje, não tem celular dentro de presídio, se tiver é exceção. Agora, tem as visitas e os advogados, aí é trabalho de inteligência saber por onde estão saindo essas ordens", afirmou nesta quinta-feira, 26, o promotor de Justiça Rinaldo Janja, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco).
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Também nesta quinta-feira, 26, o secretário da SSPDS, André Costa, e o delegado federal Samuel Elânio de Oliveira reforçaram essa tese enquanto comentavam sobre o cumprimento de seis mandados de prisão contra seis chefes da GDE que teriam ordenado, de dentro de presídios, ataques no Ceará em abril deste ano. Segundo o secretário, nenhum aparelho telefônico foi encontrado nas celas dos alvos que estavam no Estado.
"Acreditamos que entre os presos aqui no Ceará (que foram alvo da operação) não havia comunicação através de telefones celulares, mas poderia haver outras formas de comunicação com o mundo exterior, como visitas etc. Não foi confirmado como se comunicavam, mas a gente constatou que a ordem partiu desses presos", reforçou o delegado federal Elânio de Oliveira.
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Prisão de advogado no Ceará
Outro indício que fortalece a linha de investigação revelada por Janja foi a prisão, na última terça-feira, 24, do advogado Alaor Patrício Júnior. Ele foi flagrado quando levava bilhetes com orientações de detentos da Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Elias Alves da Silva (CPPL IV) sobre tráfico de drogas, aquisição de armas, retaliações a devedores do tráfico e fuga de presos.
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