Especialista diz que proibição de canudo deve avançar para campanha de conscientização sobre uso de plástico
Para Jeovah Meireles, canudinho é apenas parte do problema. Lei que bane material foi aprovada na Câmara Municipal
21:31 | Set. 12, 2019
Fortaleza vive a expectativa para o banimento dos canudos plásticos em estabelecimentos comerciais. Nessa quarta-feira, 11, a Câmara Municipal aprovou projeto de lei que dispõe sobre a proibição. A matéria segue para apreciação em redação final e, depois, para a sanção do prefeito Roberto Cláudio (PDT).
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Para o geógrafo Jeovah Meireles, a medida é um avanço, mas precisa vir acompanhada de uma percepção “ampla do problema”. Para ele, é preciso que a lei venha acompanhada de uma “campanha de comunicação que mostre para a sociedade que o canudinho é simplesmente mero de uma matriz que consome petróleo, lança assustadores volumes de dióxido de carbono, assustadora, desmata, etc”.
O ambientalista cita o longo período que o plástico demora para se biodegradar, o que afeta os principais ciclos de sustentação da biodiversidade. "Hoje, já se detecta plástico em quase todos os locais do planeta, sobretudo, no oceano". Ele ainda pontua existirem alternativas ecológicas ao canudo, como
Na justificativa, o autor do projeto, o vereador Iraguassú Filho (PDT), afirma que a lei faz Fortaleza entrar em consonância com "medidas que vêm sendo adotadas no mundo inteiro". O canudo, afirma, é o "símbolo mais global do problema que o plástico traz para o planeta". Entre os impactos ambientais, está a ingestão por animais, quando o descarte é feito de maneira incorreta. “A cada ano, 1 milhão de aves marinhas e 100 mil mamíferos e tartarugas perdem a vida ao se enroscarem ou ingerirem plástico. Sua vida útil é estimada em 4 minutos. E ele leva aproximadamente 400 anos para se decompor na natureza”. Para o vereador, não faltam alternativas para substituição dos canudos. "Ainda que hoje o preço por unidade seja maior, com o aumento da produção, é esperado que os custos relativos fiquem cada vez menores".
A lei só teve um voto contrário — além de uma abstenção, do vereador Jorge Pinheiro (DC), que cobrou maior discussão sobre o assunto. O vereador Odécio Carneiro (SD) ponderou em plenário que a iniciativa “onera a cadeia produtiva”, sobretudo, o pequeno empreendedor. “Como por exemplo, o ambulante que vende coco, como ele vai comprar um canudo que é mais caro que o próprio coco?”, questionou o vereador, para quem a proposta é “impositiva”.
Em discurso na sessão desta quinta-feira, 12, o vereador Sargento Reginauro (sem partido) disse que canudos e copos plásticos têm causado "grande prejuízo para vida marítima", mas ressaltou ser preciso debater o tema para não prejudicar pesquenos comerciantes. “Temos que pensar nos pequenos comerciantes de coco da Beira Mar, Praia de Iracema, Praia do Futuro e Barra do Ceará, que vivem há anos dessa atividade.”