Policiais e traficantes formavam quadrilha, denuncia Ministério Público
As investigações do MPCE apontam o envolvimento de policiais militares e traficantes, conjuntamente, na prática de vários crimes, como tráfico de drogas, associação para o tráfico, extorsão, corrupção ativa e passiva, porte e posse ilegal de arma de fogo e organização criminosa. Foram presas 11 pessoas nesta sexta
12:46 | Ago. 30, 2019
Onze pessoas foram presas na manhã desta sexta-feira, 30, sob suspeita de envolvimento com tráfico de drogas. Os alvos da operação Maças Podres foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE). Segundo as investigações, os criminosos e policiais militares formavam uma quadrilha para a prática de vários crimes: tráfico de drogas, associação para o tráfico, extorsão, corrupção ativa e passiva, porte e posse ilegal de arma de fogo e organização criminosa.
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Ao todo, dez agentes da Polícia Militar (PMCE) foram denunciados na primeira fase da operação. Eles estão presos desde o último dia 2 de agosto. Já os supostos traficantes foram presos na segunda fase das investigações, deflagrada nesta manha pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), com apoio da Coordenadoria de Inteligência (Coin). Foram expedidos 17 mandados de busca e apreensão. Todos cumpridos.
A mesma quantidade de ordens de prisão preventiva foram expedidas. Até o meio-dia desta sexta-feira, 11 pessoas estavam presas – cinco em Fortaleza e em Caucaia e outras seis pessoas em Itaitinga, onde já estavam cumprindo pena em unidades prisionais do Ceará. Quatro outros alvos são considerados foragidos e dois não tiveram os endereços encontrados.
O esquema
"No meio da Operação Saratoga, que tinha como alvo traficantes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), encontramos esse grupo de policiais militares que agiam organizadamente em consórcio com traficantes, com pequenos e médios traficantes, independentemente das facções, e praticavam uma série de crimes", explicou Rinaldo Janja, promotor de Justiça coordenador do Gaeco.
Segundo ele, no esquema, os agentes recebiam propina e, em troca, atuavam contra inimigos dos seus associados nas respectivas regiões. "Era comum que esse grupo se associassem a determinado traficante e privilegiasse esse traficante. Eles só atuavam contra o concorrente e inviabilizava a atuação daqueles que não eram seus associados", disse Janja.
As investigações ainda revelaram que os agentes, quando realizavam apreensões, se apoderavam das drogas e armas ilegais para, em seguida, vender.
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Segundo o promotor de Justiça, a "base de operação" dos policiais era no Grande Bom Jardim. À época da primeira fase da Operação Maças Podres, dois policiais supostamente envolvidos já estavam afastados por outros crimes. Outros oito estavam na ativa e foram presos. Eles seguem detidos.
Já presos, os supostos traficantes irão responder por corrupção ativa e passiva, organização criminosa, trafico de drogas e associação para o tráfico. Os investigadores também recolheram celulares e cadenetas dos suspeitos para auxiliar os próximos passos das apurações.