Estudantes e servidores da UFC iniciam dia de paralisação com caminhada no Pici
Os protestos são contra a nomeação do novo reitor, Cândido Albuquerque e o programa para educação superior de Bolsonaro, Futura-se
11:03 | Ago. 30, 2019
Em mais um dia de manifestação, estudantes de diversos cursos da Universidade Federal do Ceará (UFC) organizam uma agenda de paralisação e atividades em protesto contra a nomeação de Cândido Albuquerque como reitor da instituição. Desde as 9 horas desta sexta-feira, 30, os universitários estão no Campus do Pici. A ideia é caminhar dentro do campi a fim de mobilizar outros estudantes e fechar o cruzamento da avenida Humberto Monte em seguida.
Ouça a análise no podcast:
Listen to "#49 - Perspectivas para a UFC com o novo reitor Cândido Albuquerque" on Spreaker.
Lívia Guimarães, estudante do 5° semestre de Ciências Biológicas, conta que uma das principais motivações do ato é a nomeação de Cândido Albuquerque, menos votado na Consulta Pública, em detrimento de Custódio Almeida, o mais votado entre professores, alunos e servidores. "A autonomia universitária não foi respeitada pelo Bolsonaro. Nós exigimos que nossa autonomia seja respeitada, até porque sabemos qual a linha desse reitor. De ser bolsonarista, de tentar aderir ao Future-se, que é um programa que somos contra", reforça a jovem.
Lívia também comenta que o protesto acontece em defesa das bolsas universitárias, cortadas temporariamente após contingenciamento, e do Restaurante Universitário (RU). "O que a gente vai continuar fazendo é isso: protestos pacíficos. A gente só quer poder ser respeitado. Vamos continuar fazendo protestos, aulas públicas, até para a gente entender o que estamos passando", finaliza.
Estudantes caminhando dentro do Campus do Pici. A ideia é mobilizar colegas.
O professor de Bioquímica e presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Ceará (ADUFC), Bruno Rocha, avalia que o momento atual é de intervenção na UFC. "Essa insatisfação reverbera em todas as categorias, por isso criamos o comitê [Autonomia Universitária]. Nossos atos estão concentrados em interagir em todos os espaços da universidade. Não é um movimento de poucas pessoas, não é um movimento de esquerda. Tem que lembrar que 95% dos votos foram contrários à proposta do Cândido", afirma Bruno.
Segundo Bruno, a ideia não é paralisar a universidade. A intenção é continuar com as atividades acadêmicas e fazer "contrapontos de manifestação". "Nesse sentido, a ideia de paralisação sempre é para que existam outras atividades, relacionadas ao dia a dia acadêmico. Nós não queremos que a universidade pare de funcionar, mas funcione com legitimidade dentro da democracia", encerra.
Conforme a programação, inserida no "Autonomia Universitária", um movimento composto por professores, universitários e servidores, ainda vai acontecer uma caminhada do Pici ao Benfica, aulas públicas nos jardins da reitoria, ato na praça da Gentilândia e intervenção na abertura do Cine Ceará.
Com informações do repórter Leonardo Maia/ Especial para O POVO