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Estudantes e professores relatam intimidação de supostos seguranças na UFC

Órgão de segurança da instituição e comissão da OAB-CE dizem "observar" a movimentação dos agentes

Desde a nomeação do advogado Cândido Albuquerque a reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), na última semana, que estudantes, professores e servidores manifestam-se contrários à sua escolha – feita pelo Governo Federal. Nesta segunda-feira, 26, participantes de ato na Reitoria, no bairro Benfica, relatam sofrer intimidação de supostos seguranças particulares não identificados, presentes na instituição.

Presidente da Associação dos Docentes da UFC (ADUFC), Bruno Rocha explica que desde a assembleia realizada na última quinta-feira, 22, que o protesto intitulado de “Comitê em defesa da autonomia universitária” acontece em forma de acampamento nos jardins da Reitoria. “Hoje fomos surpreendidos com um esquema de segurança diferente do normal, com pessoas não identificadas e que claramente não fazem parte do quadro de servidores ou de empregados das empresas de segurança”, informou.

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Segundo ele, a presença desses agentes teria criado “um clima de insegurança” entre os participantes do ato, que reclamam da indicação feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) a Cândido Albuquerque – terceiro colocado em consulta feita à comunidade acadêmica e segundo mais votado pelo Conselho Universitário (Consuni) da UFC.

Relatos recebidos pelo O POVO Online dão conta de que esses supostos seguranças estariam gravando estudantes, professores e servidores presentes no acampamento durante esta manhã. “Não estão uniformizados, nem com crachá. A priori, sequer integram os quadros das empresas de segurança contratadas pela UFC”, contou um estudante que não quis se identificar.

Responsável por gerenciar os seguranças patrimoniais e de empresas terceirizadas pela UFC, Ademar Gondim contou que de fato havia a presença de “pessoas que não eram estudantes, professores ou servidores da instituição” na manhã desta segunda-feira. Estes supostos seguranças, porém, estariam sendo observados. “Se alguém se achar intimidado deve me procurar” disse Ademar, que é diretor da Superintendência de Infraestrutura e Gestão Ambiental (UFC-Infra), órgão encarregado pela segurança da instituição.

Com a possível violação por parte desses supostos agentes e com a “insegurança” proporcionada por eles, representantes do Comitê de Direitos Humanos da seccional cearense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE) foram convidados ao local. Presidente Ana Virgínia Porto de Freitas afirmou que a comissão estaria “orientando os estudantes de forma preventiva”. “Para que eles fiquem atentos, não se envolvam em discussões, para que a manifestação continue sendo pacífica”, declarou.

Neste primeiro contato, conta, a intenção é “observar para saber se efetivamente acontece algum incidente”.

O POVO Online entrou em contato com a administração da UFC questionando se há a presença de seguranças particulares nas dependências da instituição; a motivação deles estarem ali; e a mando de quem. Foi indagado ainda se há legalidade nesse tipo de prática e também quais medidas podem ser tomadas caso, de fato, tenha havido intimidações por parte desses agentes. 

Em nota, a UFC informou que apenas os seguranças terceirizados utilizam farda durante serviço. Os servidores efetivos da segurança, tal como supervisores e coordenadores, não trabalham uniformizados. Ainda no comunidade, a Universidade informou que em virtude das manifestações houve reforço na segurança da Reitoria, motivado por uma questão de responsabilidade com o patrimônio e com a proteção de todas as pessoas presentes no prédio.

Confira nota na íntegra:

"Não há nenhuma segurança nas dependências da Reitoria de UFC que não seja da própria Universidade, seja ela formada por agentes do quadro efetivo ou por terceirizados. É importante informar que somente os seguranças terceirizados utilizam farda em serviço. Os servidores efetivos da segurança da Universidade, assim como os supervisores e coordenadores da área, não trabalham uniformizados.

Em virtude das manifestações, houve, sim, um reforço na segurança da Reitoria, motivado por uma questão de responsabilidade com o patrimônio e com a proteção de todas as pessoas presentes no prédio.

Hoje, a assessoria do reitor Cândido Albuquerque manteve contato direto com os líderes dos manifestantes, na Reitoria, solicitando abertura de diálogo. Conforme o próprio reitor, não houve, entretanto, interesse por parte do movimento em dialogar, “o que demonstra uma intolerância por parte dos manifestantes”. Cândido Albuquerque afirma que continua aberto ao diálogo, através do qual se buscará discutir as reivindicações apontadas, na intenção de construir um processo de renovação da Universidade."

“Direito de se manifestar”

A presidente da Comissão de Direitos Humanos, Ana Virgínia Porto de Freitas, resguarda que “a OAB-CE não está tomando partido em relação à nomeação do professor Cândido Albuquerque à reitor da UFC”. “A comissão está orientando os estudantes em salvaguarda ao direito fundamental de manifestação”, pontua, complementando: “Não é apoio à manifestação, mas ao direito de se manifestar.”

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