Com demolição de prédio concluída, retirada de escombros tem prazo indeterminado
Advogado dos donos do prédio garante que bens retirados do entulho serão entregues aos ex-moradores na próxima segunda-feira
11:18 | Jul. 05, 2019
Iniciado há uma semana, o processo de demolição e retirada dos escombros do prédio que desabou parcialmente no bairro Maraponga segue sem prazo determinado para acabar. A retirada, iniciada na manhã da quarta-feira, 4, teve data limite estendida para a tarde de sábado, 6. Entretanto, funcionários presentes no local na manhã desta sexta, 5, não contam mais com esse prazo.
No número 86 da travessa Campo Grande, maquinário ainda funciona retirando entulho dos andares demolidos e precisará agir ainda na remoção de veículos que ficaram soterrados.
Segundo o engenheiro responsável pela demolição, Flávio Santos, o momento é de seleção dos materiais entre reciclagem, bens de ex-moradores e escombros. "Estamos agora em um processo um tanto lento porque temos que aguardar pelo trabalho da perícia", explica. "Não podemos estabelecer um prazo, mas com certeza será o mais breve possível para que os moradores vizinhos voltem para casa", diz, referindo-se às residências da região que precisaram ser esvaziadas.
Descarte indevido
A obra está agora diante de um outro problema. No manifesto de transporte de resíduos, emitido pela Prefeitura, é informado que a empresa contratada pelo proprietário do prédio deve levar os escombros até a Usina Ecocycle, em Aquiraz. Entretanto, moradores da região apontam que o entulho está sendo jogado em um terreno baldio a pouco mais de 2 quilômetros do antigo prédio.
A denúncia será verificada pela Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis). A pasta informa que em casos de obras ou demolições, o responsável deve possuir um Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) e comprovar a sua execução.
O PGRCC norteia o custeio, acondicionamento, transporte, armazenamento, coleta, tratamento e destinação do lixo, evitando o descarte dos resíduos em local não autorizado. O descumprimento implica em multas que variam de R$ 867,17 a R$ 21.679,38, conforme a gravidade e a reincidência da irregularidade.
Os responsáveis pelo prédio afirma apenas que uma empresa foi contrata e que os bens de (ex)moradores estão guardados em um caminhão baú para posterior entrega aos donos.
Resgatando os bens
Diferentemente do início da semana, poucos ex-moradores estavam no local nesta manhã de sexta. Aqueles que seguem acompanhando a retirada dos escombros estão preocupados com os carros que foram soterrados. Segundo Juan Garcia, ex-morador do apartamento 201, a imobiliária ligou para os proprietários dos automóveis informando que deveriam estar presentes na retirada dos carros "porque a destinação é por nossa conta, da chamada de um guindaste para dar um destino a ele até ir ao Detran dar baixa do mesmo". "Não tivemos qualquer suporte ou ressarcimento dos gastos. No mínimo eles deveriam se responsabilizar por essa questão dos veículos, mesmo que futuramente o custo fosse deduzido nas indenizações", opina.
Juan conta que, na semana seguinte ao desabamento, proprietários dos apartamentos foram até a imobiliária a fim de chegar a um acordo, negociando os danos materiais. Garcia explica que todos fizeram um levantamento detalhado dos bens perdidos e levaram à imobiliária. "O nível de negociação deles foi pagar metade dos valores e a outra metade ser em resgate dos bens na demolição, o que não aconteceu."
De acordo com Gerônimo de Abreu, advogado dos donos da construtora, "todos os bens recolhidos dos entulhos estão sendo armazenados" e os ex-moradores do prédio "serão chamados um a um para identificação dos pertences e entrega na próxima segunda-feira". "Eles têm minha palavra desde o início da demolição e estamos confiando na boa-fé de que cada pegará somente o que é seu".
Com informações dos repórteres Leonardo Maia/especial para O POVO e Germana Pinheiro, da Rádio O POVO CBN