Cerca de 40 casas serão inspecionadas após demolição de prédio na Maraponga
Por medo de represálias, proprietário do imóvel envia sogro como representante para dialogar com moradoresA Defesa Civil de Fortaleza vai inspecionar pelo menos 40 casas no entorno do prédio que começou a ser demolido na manhã desta sexta-feira, 28. A demolição deve continuar por até três dias. A vistoria técnica é para verificar se a destruição da construção afetou a estrutura das residências evacuadas. Caso verifique-se danos, o proprietário do empreendimento derrubado será notificado pela órgão.
Os moradores afetados devem reclamar o prejuízo na justiça e o dono do residencial ressarci-los. Para evitar represálias, o homem não compareceu ao local, e o sogro tem assumido o papel de representante da obra. O enviado pelo proprietário se recusou a falar com a imprensa e bateu boca com moradores da área prejudicada.
A estrutura desabou parcialmente em 1° de junho. Desde então, 16 famílias deixaram o apartamento do residencial. Além dessas, outras 15 casas, no mesmo dia do incidente, foram interditadas como prevenção a possíveis danos. Para demolição completa, todo o quarteirão, onde está localizado o prédio, foi interditado.
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AssineAs famílias retiradas das residências nesta manhã podem retornar às casas a partir das 17 horas, mas devem evacuá-las assim que o processo de demolição retome no dia seguinte. Por ser um prédio particular, toda a demolição está sendo feita por empresa e engenheiros contratados pelo proprietário do empreendimento.
“A prefeitura está dando suporte, assim como o Corpo de Bombeiros. O suporte é com prevenção aos moradores. A indenização deve partir do proprietário”, pontua Luciano Agnelo, coordenador da Defesa Civil.
Clima tenso
Na manhã desta sexta-feira, alguns residentes do prédio demolido ultrapassaram a área isolada para tentar retirar pertences dos apartamentos. No entanto, foram barrados. 35 homens da Defesa Civil acompanhavam os procedimentos. A Polícia Militar foi acionada. Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal também escoltaram a demolição.
O POVO Online tentou conversar com os moradores, mas não conseguiu. Com os ânimos à flor da pele, as pessoas diziam-se cansadas de falar sobre o assunto. Sentados na calçada de uma rua paralela onde o prédio está localizado, um casal lamentava a perda dos livros do filho. O homem, que preparava-se para trabalhar no turno da tarde, contabilizava em R$ 5 mil os exemplares do filho.
Alguns mais exaltados tentavam falar com o representante do empreendimento. O diálogo era acompanhado pela Polícia. Moradores de residências próximas também acompanharam, por toda a manhã, o vai e vem de agentes da defesa civil e policiais. Impossibilitados de chegar na entrada da rua onde moravam, os moradores escutavam apenas o barulho das retroescavadeira a poucos metros dali. Quem conseguia chegar mais próximo via roupas e papeis voando do prédio. “A Maraponga nunca esteve tão movimentada”, comentou uma transeunte que parou para ver o burburinho.
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