Arrombamentos de caixa eletrônico: organização presa pela DRF lavava dinheiro com compra de imóveis
Ação foi realizada em operação da Polícia Civil. O equipamento sofisticado para o arrombamento dos caixas eletrônicos ia desde bloqueadores de sinal, spray para evitar detecção da presença no caixa eletrônico, chips internacionais para celulares e até um próprio sistema de comunicaçãoCinco homens e duas mulheres, apontados como integrantes de uma organização criminosa especializada em arrombamento de caixas eletrônicos, foram presos pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF). A operação da Polícia Civil foi deflagrada na quarta-feira, 27. Um dos integrantes revelou aos agentes ter roubado mais de R$ 1 milhão. Os criminosos lavavam o dinheiro obtido no crime com a compra de imóveis. As informações são do delegado Rommel Kerth, titular da DRF.
O grupo criminoso é formado por paraenses que residiam em bairros de classe média em Fortaleza, utilizavam carros populares e não ostentavam o patrimônio acumulado com o roubo. O equipamento sofisticado para o arrombamento dos caixas eletrônicos ia desde bloqueadores de sinal, spray para evitar detecção da presença no caixa eletrônico, chips internacionais para celulares e até um próprio sistema de comunicação. Os criminosos ainda possuíam uma dinâmica de não informar o endereço uns aos outros para não entregarem um ao outro em delação.
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Um minucioso trabalho da DRF de levantamentos e investigação teve início após o contato da Polícia Civil de Alagoas, que detectou semelhanças nas ações criminosas que estavam acontecendo em Arapiraca com as registradas no Ceará, explica o delegado Romel Kerth. O grupo criminoso começou a atuar no Ceará e chamou atenção da delegacia especializada por efetuar os assaltos de forma diferenciada. "Eles não cometiam o furto ao caixa eletrônico. Eles cometiam o roubo a mão armada e permaneciam com a vítima, normalmente um vigilante, até o momento que o caixa fosse violado", explicou o delegado.
A Polícia de Alagoas informou que o veículo com pessoas investigadas por participar desses roubos de Arapiraca estavam chegando ao Ceará. Dois homens foram abordados na cidade de Aracati (CE). Um deles, apresentou identidade falsa, mas ao passar as fotos para a DRF, os policiais o identificaram como sendo José Airton Cabral Lima Neto, um "maçariqueiro" conhecido pela DRF e com mandado de prisão em aberto decretado no Rio Grande do Norte. Ele foi preso e o outro homem, Wallax de Sena Amador, de 29 anos, foi liberado na ocasião, mas durante o período da operação ele foi preso. "Começamos a trocar informes com a Polícia Civil de Alagoas pela identificação da quadrilha e essas pessoas passaram a ser identificadas e descobrimos locais que frequentavam e pessoas ligadas a elas. Todos se passando por cidadãos", afirmou Kerth.
Diante da vinculação dessas pessoas aos roubos a caixas eletrônicos em Messejana e Maracanaú, a Polícia Civil pediu a prisão de Wallax de Sena Amador, de 29 anos, Luana Larissa Trindade Rufino, de 33 anos, que é esposa de Wallax, além do Edson Nunes Sousa. "Pedimos a prisão desses três e descobrimos a moradia deles e de outros dois imóveis. Foi concedido o mandados de busca e apreensão. Ocorre que na madrugada de ontem eles cometeram uma nova ação". Na nova ação, no Cometa do bairro Dom Lustosa, eles renderam o vigilante armado e usaram o mesmo modus operandi: renderam o vigilante e usaram o mesmo equipamento.
Na ocasião, foi preso o Edson Nunes, que responde na Justiça por homicídio, porte ilegal de arma de fogo e roubo no estado do Pará. A esposa de Edson é a Gilmara Diniz Pastana, que é a responsável pela articulação financeira e pela lavagem de dinheiro do grupo. Eles faziam a compra de imóveis. Gilmara responde na Justiça por associação criminosa e roubo a banco no Pará. O casal foi preso próximo ao Mondubim. Na sequência, foi preso o Wallax de Sena Amador, por participação direta na ação. Ainda foi presa Luana Trindade, que possuía mandado de prisão em aberto. Além de Jeferson da Costa Oliveira, que também participava da ação. "Temos imagens dele carregando o cilindro", disse o delegado.
O "cabeça" da organização criminosa, Andre Luis de Assunção Gomes, o Gago, também foi preso na operação. Pesa contra o Gago, 13 mandados de prisão no Espirito Santo, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Paraíba, fora os da Polícia Federal. "Ele apresentou-se com outro nome e pegamos um contato de locação onde ele apresentava uma terceira identidade", afirma o delegado.
"O fato deles utilizarem os chips internacionais era para se blindar, mas nós utilizamos outros artifícios de investigação. Ainda utilizaram um 'jammer' (chupa-cabra) para desativar o sinal do caixa eletrônico e um spray que anula a presença", comentou Kerth.
Todos os presos são paraenses e, conforme o titular da DRF, possuem envolvimento com assaltos a banco em outros estados. No entanto, no Ceará, os crimes são de arrombamento a caixa eletrônico. Eles foram conduzidos à delegacia, onde foi realizado o procedimento.